segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Recomendação - Infectado



Found Footage. Ou como eu chamo carinhosamente as vezes: filme do lascado que decidiu gravar tudo. Assim como o resto dos segmentos do gênero de terror, esse tipo de filme passou por seus momentos baixos (tipo, bem baixos). Eu me lembro de cabeça aqui uns poucos filmes que foram realmente bons pra mim nesse formato, como o primeiro A Bruxa de Blair & Atividade Paranormal,ou o primeiro Cloverfield e TrollHunter.


Mas agora eu tenho mais um pra essa lista,por sorte do destino. Sabe quando você tá zapiando a TV, e decide ver o que tá disponível só pra passar o tempo? Bom, eu estava assim no sábado:


"Ok, Piratas do Caribe 2. Vou ver de novo"


Aí o filme acabou,eu já iria trocar de canal...mas eu decidi beber água, antes. Voltei, e já tava começando outro filme. Decidi ver o que era de leve,pra ver se compensava eu ver por inteiro:


"Infectado". Ok, título tão genérico quanto remédio. Mas vamos ver. E...cara, sério. Esse bagulho foi melhor do que eu imaginava (ainda mais com eu achando de início que seria outro tipo de filme).

Mas chega de enrolação: do que se trata? Tudo começa com o filme introduzindo os protagonistas (Derek Lee & Clif Prowse), 2 amigos que estão em férias internacionais de 1 ano. No caso de Derek, ele foi diagnosticado com uma doença (aneurisma cerebral) que pode acabar com sua vida a qualquer momento, o que obviamente deixa sua família cética em relação a ele permanecer no exterior por tanto tempo. Mas ele vê no fundo isso como um motivador para viver a sua vida ao máximo com seu amigo, onde eles pretendem documentar tudo que fizerem na forma de um extenso diário de viagem em vídeo. De início, é bem isso que acontece (o filme até soa uma aparente comédia), mesmo com esse detalhe em um dos protagonistas.


Mas à medida que a viagem continua, Derek começa a mostrar sinais de algum tipo de doença, que Cliff imediatamente assume que tem a ver com o que o colega já possui. Ainda que os sintomas mais recentes mostrem que claramente é outra coisa. Cada vez, a coisa fica pior (e Cliff implora a Derek que procure atendimento médico), mas eles continuam seus planos apenas pela insistência do doente - até isso se tornar algo mais sinistro.

Um claro desgaste cada vez maior, vômitos fortes durante o almoço em um restaurante à beira-mar e uma estranha erupção de pele perante o Sol. A partir daí, já fica claro que há algo muito errado (e por isso, uma mudança de tom), com o filme indo em direção a um  caminho 'alá Poder Sem Limites', visto que Derek acaba descobrindo que parece ter desenvolvido poderes sobre-humanos, que lhe permitem atravessar um muro de pedra no soco, ou mesmo pular para o topo de um prédio. Ele & Cliff inclusive se divertem, nem que seja por pouco tempo, ao fazerem testes para ver o que ele é capaz de fazer.


Mas a alegria dos dois (principalmente de Derek) desaparece quando ele começa a sentir uma sede insaciável por sangue que indica que, ao em vez de se transformar em um super-herói, ele se tornou um vampiro. A princípio, ele tenta aliviar seus desejos comprando carne com sangue em açougue e até tentando conseguir (em uma cena de certa forma até tragicômica) um banco de sangue "emprestado". Mas, como você deve imaginar, nada dá certo. A partir daí, Derek, que até tenta um suicídio, se vê diante de uma situação onde ele vai tentar consertar antes que seja tarde, ao ir atrás de quem pode quem sabe resolver isso (e nem é preciso dizer que seus estragos), não serão desapercebidos pela polícia.

"Acho que talvez precise ser fresco"


Eu gostaria de falar mais, mas sinceramente eu acho que já falei o suficiente, já que até explicar a simples (mas muito funcional) trama é algo capaz de estragar algo dessa boa experiência de estreia de Derek & Clif na direção (sim, eles protagonizam a trama), e se chamam assim mesmo. Os 2 mostram de forma clara seu desgosto pelo tédio que os seres vampirescos se encontravam em tempos mais recentes, e exibem aqui algo mais original em um formato cada vez mais desgastado de ares precários e sustentados por clichês.

Se tem assim um passeio genuinamente cheio de suspense, e evitando que se comporte como um filme de ação de jumpscares. Enquanto isso, a crua fase dos vampiros se mostra: sangue, garganta rasgadas, pancadas sem dó. Esse é um mundo onde vampiros são corajosos o suficiente para mostrar os  monstros que eles são por dentro.

Mas apesar disso,o longa tem consciência que não pode se sustentar apenas em cima disso. Derek Lee não apenas carrega o filme por se transformar em uma criatura com  veias pulsantes e olhos mortos (do qual ele  interpreta bem) mas também por passar a angústia de seu personagem diante sua condição cada vez mais desesperadora. Já Clif também vai bem, mas acaba sendo um personagem mais secundário.

"Eu não sou assassino"


Infectado é um bom exemplo de filme que consegue dar um sopro de ar a um gênero que necessita de um, e apesar de simples, consegue fazer o que pretende bem. Ele acaba sofrendo os inevitáveis ​​lapsos de lógica de filmes found footage - de alguma forma, cada passo caótico do que acontece consegue ser capturado em vídeo mesmo quando claramente não se devia - mas não tira os méritos de um exemplar incomum desse gênero. E embora o enredo possa ser meio derivado de inúmeros outros  filmes de terror anteriores, os diretores conseguem imprimir seus próprios toques peculiares, para proporcionar assim algo fora da caixa.

Por: Riptor

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