O Natal. Aquela época alegre, pra você juntar a família, amigos...e assistir relacionados de Natal,é claro. E temos várias opções: que tal o eterno Grinch do Jim Carrey? Que tal Esqueceram de Mim 1/2? Ou mesmo O Natal do Mickey?
MAS, como se sabe vindo de mim
Krampus. Uma figura do folclore europeu, e que é essencialmente o total oposto de São Nicolau - enquanto esse recompensa as crianças boas com doces, presentes e tal que saem do seu saco, Krampus cuida do "trabalho sujo" de punir as más por seu mau comportamento de várias maneiras...desagradáveis,no mínimo.
Pra falar a verdade, chega a ser meio surprendentemente você pensar que esse cara nunca foi muito usado por Hollywood em filmes de terror: pelo que vi teve um filme (horrendo) em 2013,e em 2015, ele apareceu na antologia "A Christmas Horror Story" (onde ele foi atrás de uma família especialmente desagradável em uma véspera de Natal),e até luta com o próprio Papai Noel. E no mesmo ano,ele ainda conseguiu um outro filme próprio (em um híbrido de comédia com terror negro), para mostrar à outra família o que pode acontecer se eles ousarem perder a fé no espírito natalino. E é justamente sobre esse filme que irei falar:
Krampus- O Terror do Natal (subtítulo genérico eu sei,mas fazer o que).
Bom, com base no que eu já falei, você já deve ter uma noção básica do que é a trama. Mas esticando um pouco mais, quando o filme começa, somos apresentados a uma família agradável e normal - os pais atormentados Tom (Adam Scott) e Sarah (Toni Collette), a filha adolescente levemente cínica chamada Beth (Stefania LaVie Owen) e Max (Emjay Anthony), um garoto pré-adolescente que ainda acredita sinceramente no Natal.
Na situação, eles estão se preparando para a chegada da irmã de Sarah, Linda (Alison Tolman) e sua família...que é um grupo grotesco de porcos barulhentos que incluem o marido indecente Howard (David Koechner), uma tia chata (Conchata Ferrell) e vários primos filhos da régua que tiram sarro de Max por ele ainda acreditar no Noel. E quando eles roubam sua carta para o bom velhinho e a leem em voz alta, Max, humilhado, fica convencido de que o feriado está arruinado,e rasga assim a carta que fez em pedaços e a joga ao vento...
Mas adivinha? Quase que instantaneamente, surge uma nevasca que corta o calor, a eletricidade e os telefones, e parece deixar o grupo completamente isolado. E...bom,pra não falar mais que o óbvio, digamos que muita merda começa acontecer, fazendo assim que a família (que já era meio "fraturada") tenha de se unir para sobreviver aos meros "atos de abertura" daquele horror, antes da aparição do grande problema deles que é obviamente o Noel Demoníaco. E diferente da outra família, eles não vão ter ajuda de Noel bonzinho nenhum.
Com isso em mente, vamos falar do filme em si: Krampus foi dirigido (e co-roteirizado) pelo já mencionado por mim aqui Michael Dougherty, cujo trabalho anterior foi em outro filme de terror baseado em feriados (no caso o ótimo "cult" Conto do Dia das Bruxas),de 2007. E da mesma forma que esse homenageou clássicos como Contos da Cripta, com seu formato antológico, Krampus constantemente segue uma linha de Gremlins, em uma mistura de humor negro e sentimento de entretenimento. Logo, é uma ótima inspiração (e Michael deixa claro que tenta trabalhar nas mesmas linhas)...embora não consiga atingir os mesmos patamares.
E isso se deve não ao diretor (que consegue entregar momentos divertidos),e até alguns pedaços para impor medo, mas sim pelo fato de Krampus não poder ir muito além no quesito "sombriamente engraçado" e nem tanto no "assustador" quanto gostaria de ser - e isso é muito por conta da decisão bizarra da Universal de classificar o filme como PG-13.
Quer dizer: que diabos de pais levariam crianças pequenas pra ver um filme desses gente? A não ser que eles queiram traumatizar os filhos, sei lá.
E não: eu não estou falando que não é possível fazer um filme de sátira assim ou mesmo um terror eficiente em PG13. A grande questão é que no caso de Krampus, sua principal inspiração é um filme que, se fosse lançado hoje, quem sabe acabasse tendo uma faixa etária maior do que teve na época, levando em conta ainda se tivesse algumas ideias que esse filme quem sabe quisesse ter (no caso Gremlins é um PG),então nosso Noel Marvado nesse caso se beneficiaria realmente de um R, que provavelmente foi a faixa projetada para o filme ter em primeiro lugar.
Enfim, a história é simples (e na verdade é melhor assim), ainda que também tropece um pouco, antes de finalmente se estabelecer - é o tipo de história que se beneficiaria mais se fosse um episódio de antologia do que um filme, que é meio que "obrigado" a ser mais vagaroso em certos pontos, antes de finalmente entrar no ponto que quer. Mas funciona.
Mas tirando esses "remendos" ocasionais, o filme tem coisas para se elogiar: o humor nem sempre funciona, mas no geral o consenso é bem-sucedido (sem falar que Dougherty é bastante "direto" quanto a não querer tentar reinventar a roda),ao tocar o filme de uma forma conhecida.
Já os atores ainda realizam com isso que seus papéis tenham a maior seriedade possível, ainda que em situações onde se encontram com bonecos palhaço ou mesmo bonecos de gengibre armados. Falando nisso,o flashback em que a avó da família (Krista Stadler, que vai muito bem no papel o tempo todo) relata suas memórias de infância ao ter encontrado Krampus antes é passado no filme através de um trecho animado bem legal de se ver. E embora a decisão de "disparar" a maioria dos ataques à família em close rápido nem sempre permita que se possa ter uma boa visão dos monstros ao longo do filme, os vislumbres mostrados são o suficiente para se colocar a pressão necessária em cima dos personagens. O visual deles é bom (ainda que o destaque fique com o Krampus),onde pra mim o diretor conseguiu passar o que o mesmo deve ser. No caso, uma versão distorcida e macabra do Papai Noel.
E sem falar demais: o final do filme é provavelmente uma das melhores parte dele. Só irei dizer que foi um sentimento tragicômico que eu não esperava.
No fim, embora Krampus não possa ser tão assustador nem tão sádico quanto poderia - certamente com base na decisão da Universal de dar ao filme uma faixa etária que não faria muito sentido- é um filme de terror B honesto, que é capaz de divertir, e que ainda é um exercício de gênero válido.
É isso. Espero que tenham gostado e, mais uma vez, boas festas e feliz Natal!
Por: Riptor
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