segunda-feira, 15 de junho de 2020

É Meu Caro, A coisa tá Feia Pra eles...




O Quibi definitivamente não deu mesmo certo: há um tempinho atrás, eu já tinha reportado as frustrações dos envolvidos na plataforma de streaming de conteúdos curtos quanto à seu rendimento até aqui. E através de uma reportagem do Wall Street Journal, parece que a situação da startup de vídeos curtos para celulares fundada por Jeffrey Katzenberg (ex-Disney e fundador da DreamWorks Animation) é PIOR do que o falado antes: ela não vai atingir nem remotamente sua meta de assinantes para seu primeiro ano.

O texto, publicado no domingo, detalhou brigas internas entre o próprio Katzenberg e a CEO Meg Whitman, e informou que o Quibi conseguiu menos de 2 milhões de assinantes desde seu lançamento, em 6 de abril (a empresa projetava 7,4 milhões de assinantes até o final do ano). Para piorar, o download do aplicativo diminuiu consideravelmente após a semana inaugural, e o baixo interesse ainda é mais preocupante porque os usuários ainda nem estão pagando pelo uso do serviço (a plataforma foi lançada com uma oferta promocional que garantia acesso gratuito de 90 dias). Logo, isso significa que apenas a partir de julho é que os usuários precisariam mesmo gastar dinheiro para acessar seu conteúdo (no caso US$ 4,99 mensais com anúncios ou US$ 7,99 sem anúncios), e só seria a partir daí que os números reais de assinaturas iriam aparecer. Ainda assim, qualquer projeção aponta que serão muito menores que os atuais números decepcionantes.

De 6 de abril à 28 de maio, o aplicativo do Quibi foi baixado cerca de 4 milhões de vezes, como apurou a empresa de análise Apptopia (desses, apenas 30% do total são de usuários ativos diariamente),e com o conteúdo mais popular da plataforma sendo Reno 911 (revival de uma série de comédia do Comedy Central), exibida entre 2003 e 2009 na TV americana. Vale lembrar que Katzenberg culpou o surto de Covid-19 pelos resultados decepcionantes: “Atribuo tudo que deu errado ao Coronavírus. Tudo”, disse ele em entrevista ao The New York Times, há um mês. Mais recentemente, a empresa acrescentou que o número mais lento de downloads do aplicativo também é  resultado de “sua decisão de reduzir seu marketing em apoio aos protestos nos Estados Unidos após a morte de George Floyd”, segundo relatado pelo Wall Street Journal.
Vale lembrar que um dos principais problemas reais do Quibi (visto o estado atual) foi o lançamento exclusivo para celulares, com foco em conteúdos que pudessem ser assistidos rapidamente ao longo da jornada do usuário por aí (que era a proposta original deles) mas que foi feito numa época em que as famílias estavam juntas em casa, e em isolamento social (e o aplicativo não fornecia alternativa para assistir seu conteúdo nas TVs). Com isso, a empresa rapidamente matou seus próprios conceitos para a plataforma, e correu para adicionar suporte ao AirPlay da Apple (que foi feito na semana de 25 de maio) e ao Chromecast da Google (em 9 de junho). Mas esse esforço, pode ter vindo muito tarde, já que o baixo número de downloads reduziu por consequência o interesse de anunciantes em incluir comerciais no produto, o que levou a chefe de marketing da Quibi a deixar a empresa apenas duas semanas após o lançamento.

E para completar com chave de merda, o Quibi ainda está sendo processado pela startup de vídeo interativo Eko, que alega que o recurso 'Turnstyle' do aplicativo – a capacidade de ver vídeos na horizontal ou vertical – viola uma patente sua, ao declarar que a empresa de Katzenberg tinha "roubado segredos comerciais". A plataforma ainda acabou levantando anteriormente US$ 1,75 bilhão junto de investidores como Disney, WarnerMedia, Sony, NBCUniversal e ViacomCBS (mas consumiu o caixa rapidamente com várias encomendas de conteúdo), num surto de produção digno de Netlix. E para criar interesse no produto, logo fechou contratos com uma longa lista de nomes de Hollywood, como Jennifer Lopez, Chance the Rapper, Chrissy Teigen, Liam Hemsworth, Sophie Turner, Lena Waithe, Reese Witherspoon, e com diretores como Steven Spielberg, Guillermo del Toro, Antoine Fuqua, Sam Raimi, Catherine Hardwicke e Peter Farrelly. Mas por conta disso, a plataforma agora pode precisar de US$ 200 milhões adicionais até o segundo semestre de 2021, coisa que pode acabar não conseguindo.

Por: Riptor

Fonte: Pipoca Moderna

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