domingo, 7 de junho de 2020

O que Aconteceu com Joe Johnston? - Parte 1

Nome do Meio: Fantasia


* Atenção: O texto a seguir reflete unicamente à opinião de quem o Escreve. Esteja ciente disso

Ser um diretor que consiga se destacar não é exatamente uma tarefa fácil. Afinal, não se precisa só de talento (as vezes convenhamos, nem isso), mas sem dúvidas, de uma oportunidade. Uma mera oportunidade. Todo diretor precisou de uma para chegar aonde está,o que inclui claro os medalhões.

E também foi o caso de Joe Johnston (um diretor que marcaria bem sua presença com o tempo),mas que hoje, parece viver do próprio passado de glória. Mas, o que aconteceu exatamente com ele? Pois bem, é o que veremos, a começar....pelo começo.

* O Conceitual (🛸)
Um dia diretor, Johnston entrou no mundo no cinema, inicialmente, como um cara que precisava mexer em telas, ao combinar design e efeitos especiais nelas. Ele começou assim sua carreira como artista conceitual (e técnico de efeitos) no clássico início da saga Star Wars (hoje o Episódio IV) em 1977, além de ter sido diretor de arte em uma das equipes de efeitos do fabuloso O Império Contra-Ataca, 3 anos depois (é bom destacar que foi ele o designer criador da Millennium Falcon),além da armadura de Boba Fett, enquanto trabalhou para a ILM.

E sua associação, assim tão próxima, com George Lucas, mais tarde, se mostrou muito proveitosa, quando ele se tornou um dos quatro a ganhar um Oscar de Melhores Efeitos Visuais graças a seu trabalho em Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida, de Steven Spielberg. Ele ainda foi produtor de Willow, que apesar de não ter sido um grande estouro, ainda recebeu suas indicações em premiações (e com uma bagagem dessas no currículo), eis que Johnston, agora com 39 anos, tentaria a sorte não mais apenas com efeitos, mas também ao estar realmente no comando de um filme.

E em 1989, nasceria assim seu 1° clássico: Querida, Encolhi as Crianças.

🗯 Meu Nome é Joe Johnston

Começar bem é uma coisa, mas começar com um clássico logo de primeira, é realmente um belo feito para um diretor: a comédia aventuresca sobre um cientista (Rick Moranis) que (acidentalmente) encolhe seus filhos, que terão de passar por maus bocados por conta disso, não caiu apenas na graça da crítica, como também principalmente do público. 
A Disney na situação deu à Johnston um modesto orçamento de 18 milhões (mas em contrapartida),o longa arrecadou quase 223 MILHÕES (o equivalente em tempos mais recentes à quase 458 milhões), e sendo assim o filme live-action do estúdio de maior bilheteria até então (um recorde que se manteve por 5 anos). Isso, claro, fez com que nascesse ali uma franquia, que gerou mais 2 sequências,uma série de TV, e uma atração temática nos parques de Mickey.

🤖 O Herói Enlatado 

E como não poderia deixar de ser,obviamente Johnston seria um nome que chamaria agora à atenção de estúdios (e a Disney não perdeu tempo na hora de contratar o cara de novo),para outro filme. E dessa vez, estaríamos falando do que seria, de certa forma,um prelúdio do que a Disney iria ver com grandes olhos no futuro: super-heróis de quadrinhos.
Rocketeer (hoje com a IDW), mas originalmente um personagem da falecida Pacific Comics. Seu filme (estrelado por Billy Campbell), estrelou 2 anos depois do badalado sucesso do primeiro filme de seu diretor,e prometia ser mais uma bela jogada financeira para o estúdio. Afinal, é o nome do querido diretor de Querida, Encolhi as Crianças que está ali, estampado em algum pôster desse filme.

Infelizmente, pelo lado financeiro da coisa, não foi bem assim: The Rocketeer, na verdade, sofreu nas bilheterias (o custo foi relativamente "baixo",entre 35 à 40 milhões),mas o filme ainda assim não conseguiu ficar acima do vermelho,ao arrecadar um pouco menos de 47 milhões durante seu tempo nos cinemas. Ainda assim, com o passar do tempo, o longa se tornou um clássico Cult: assim como seu material de origem, The Rocketeer sabe homenagear, na medida certa, as fontes de inspiração claras para seu personagem principal: os filmes das décadas de 30 à 50, e com efeitos visuais (dos quais Johnston já estava bem familiarizado em mexer) que não deixavam à desejar, visto a época.
Na verdade, mas do que visualmente, é interessante notar como o filme ainda consegue passar realmente a sensação de ser um longa de uma época mais antiga (e inclui até mesmo um pouco da inocência de séries matinée). E isso, só ajuda a suspender a descrença não apenas pra você "engolir" o fato de acompanharmos um piloto (que até então vivia de fazer pulverizações em fazendas e shows aéreos) até encontrar um revolucionário jato propulsor que havia sido roubado por bandidos, se tornando assim um "homem-foguete" mascarado que precisará enfrentar nazistas que querem usar esse protótipo como arma....mas sim, para você se divertir. E essa, foi exatamente a mesma "arma" que Johnston ainda usaria em um período próximo: o direto, simples (e divertido) entretenimento de se fazer um filme família.
E ah,bom citar: o próprio Dave Stevens (criador do personagem, que descanse em paz) também esteve no time que gostou do resultado,e declarou na época que estava "satisfeito com 70% do filme". Pode não ter sido o sucesso que a Disney esperava (mas do ponto de vista de filme apenas, de entretenimento), a sua mais recente aposta de diretor ainda não havia falhado com seus fãs.

🐉Imaginação de Criança 

Se passaram então 3 anos, e Johnston naquele momento percebera que teria mudar um pouco de estúdio (afinal, a Disney não deveria no momento o chamar de novo),após o desempenho financeiro fraco de seu segundo filme. Ainda assim, ele naquele nível do campeonato não teria muita dificuldade em arrumar emprego (e logo firmou um acordo com a Fox), para dirigir Pagemaster - O Mestre da Fantasia. 
É, mais um filme família para nosso diretor, que dessa vez dividiria espaço com Pixote Hunt (o longa seria uma mistura entre live-action, parte que Johnston comandaria),com animação, que ficaria à cargo de Hunt. E a estrela, seria o mais recente queridinho do público,pelo menos quando criança: Macaulay Culkin. O cara que ainda estava colhendo os frutos de Esqueceram de Mim (além de filmes como Meu Primeiro Amor), e Riquinho....tinha como dar errado,ao menos financeiramente? Diria que todo mundo diria que não.

Mas Johnston não teve muita sorte nesse quesito, de novo. Tirando o fato de que o filme não teve a melhor recepção com a crítica, o filme nem conseguiu arrecadar 14 milhões direito,sendo que tinha custado 37. Mas, assim como Rocketeer, esse filme, eu diria, também sofreu do mesmo mal de ser só ser mais reconhecido posteriormente: o diretor já mostrou que sabe mexer com o fantástico (e um garoto medroso que, certo dia) decide se proteger de uma tempestade entrando em uma biblioteca, e no meio disso, acaba então se envolvendo em uma grande aventura com novos amigos inusitados para poder voltar para casa...é muito a cara dele. 
E o resultado é que o filme do mesmo e de Hunt (que um tempo depois, ainda dirigiria Fantasia 2000) tem, em sua alma, uma simples, mas válida, lição: ressaltar a importância da leitura (e como o simples ato de abrir um livro), pode se tornar uma grande jornada, que pode estar lotada de dragões, monstros marinhos, piratas,e todo tipo de coisa que você pode imaginar. Tudo isso, "apenas" após entrar em uma biblioteca. Quem sabe, na verdade, esse filme fosse bem mais visto justamente hoje em dia, em uma época onde crianças preferem se entreter com tablets ou smartphones.

Além disso, a trilha sonora, composta pelo saudoso James Horner, é bem legal, além da canção Whatever you Imagine, interpretada por Wendy Moten. E ainda que Culkin seja o destaque principal do elenco, é válido destacar o belo time de dubladores do projeto,composto por Patrick Stewart, Whoopi Goldberg e Leonard Nimoy, assim como o grande Christopher Lloyd, que aqui interpreta o tal mestre da fantasia. Não é um dos melhores filmes de fantasia que você vai ver por aí,mas é um bom divertimento sim.
No fim das contas, até aqui vemos que Joe Johnston poderia até não ser o melhor diretor que você poderia achar na área, ou um diretor de grandes prêmios,ou de sucessos esmaga quarteirão. Mas, inegavelmente, se você procurava apenas um bom filme para descontrair a cabeça, ele estaria sempre à postos para isso (e muito bem armado). Ainda assim, era inegável, naquele momento, que ele precisava virar o jogo depois de (mais um) filme que não foi  muito bem de bilheteria.

E foi aí, 1 ano depois de Pagemaster, que Johnston entregava seu maior clássico. Crianças. Um adulto consagrado. Aventura. Um pouco de thriller, talvez? E é claro: uma premissa de fantasia. Mas, veremos isso na próxima parte. Até lá...
Você quer jogar dados?
Por: Riptor 

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