domingo, 14 de junho de 2020

O que Aconteceu com Joe Johnston? - Parte 3

Sua Glória....pode ser sua própria Ruína

* Atenção: O texto a seguir reflete unicamente à opinião de quem o Escreve. Esteja ciente disso

Eae,como vai? Depois de um tempinho extra, aqui estamos com a terceira parte de "O que Aconteceu com Joe Johnston?". Na parte anterior, vimos o diretor chegar no seu auge nos anos 90, através do clássico Jumanji,e também graças à O Céu de Outubro (que continua sendo o seu projeto mais premiado), quando falamos de crítica,e com Hollywood querendo passar que "nem imaginava" olhar torto para ele (ainda que tenha quase o feito após o mesmo ter desempenhos financeiros fracos anteriormente). E com isso, Johnston estava aparentemente pronto para a virada de década, com a chegada dos anos 2000.

Ahn,os anos 2000: como não poderia deixar de ser, em cada década, ela vem acompanhada de pelo menos um estilo de filme,como o futurismo dos anos 60,ou o adolescente nos anos 80,e essa não seria diferente. Acho que podemos dizer que o que definiu os anos 2000 (quando falamos de filmes) foi não apenas a maior exploração da ideia de efeitos especiais,mas também a própria experimentação. Veja a própria Disney, muito importante para a trajetória de nosso diretor: os anos 2000 foi uma verdadeira época para eles experimentarem, na tentativa e erro, diferentes combinações e apostas em animações, e em live-action (originando assim projetos improváveis em outros tempos),como Lilo & Stitch.
Também foi uma época, claro, do surgimento (ou consolidação de fato) de novos diretores, como Christopher Nolan, Darren Aronofsky e Peter Jackson. E como qualquer novo período, era também uma época onde velhos profissionais precisariam continuar mostrando o porque chegaram ali (um que ainda era um grande exemplo disso foi Ridley Scott),com o clássico Gladiador. Então, o que Joe Johnston teria pra nós oferecer nesse meio tempo? Novas tentativas em gêneros diferentes? Novos dramas? E claro: novas aventuras?

Bom, meus caros. Para te responder isso, precisamos voltar no tempo (no caso, para a primeira parte),antes mesmo de Johnston ter dirigido Querida, Encolhi as Crianças. Lembra que eu falei que ele começou a carreira como artista conceitual na ILM, e que sua associação tão próxima com George Lucas acabaria se mostrando muito proveitosa? Pois bem: mais do que um Oscar de Melhores Efeitos Visuais graças a seu trabalho em Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida, Joe acabou formando uma amizade com Steven Spielberg. Claro, à aquele nível, Spielberg já era um nome consolidado graças à filmes como o próprio Indiana Jones, E.T & Tubarão (mas assim como seu colega), ele também teve uma década de 90 bastante frutífera, seja como diretor, ou como produtor: A Lista de Schindler, Hook, MIB- Homens de Preto, O Resgate do Soldado Ryan...e claro.
Jurassic Park. O famigerado (no bom sentido) filme que perpetuou ainda mais a dinomania durante a década de 90, e que como qualquer estouro desses,não demoraria para receber uma sequência, graças à O Mundo Perdido (lançado em 1997),quando Joe Johnston já tinha saído do olhar de desconfiança de Hollywood com Jumanji. E eu digo isso porque graças à sua amizade com Spielberg, Johnston havia então se oferecido para dirigir o segundo filme da série, mas Steven estava mesmo interessado em dirigir esse (como observado em várias entrevistas, Joe já havia manifestado interesse em dirigir uma sequência de Jurassic Park logo após o lançamento do primeiro filme),quando sua carreira ainda era consideravelmente menor. Ainda assim, por outro lado,Spielberg tinha feito uma promessa ao colega: se houvesse um terceiro filme, Johnston é quem iria dirigir.
O Mundo Perdido então era lançado (não tendo o mesmo impacto do primeiro filme, claro) mas ainda agradando a maioria dos fãs da série,e levou pra casa assim 618 milhões, o que fazia com que Jurassic Park III (e a promessa de Steven à Johnston) se tornasse apenas questão de tempo (junte isso ainda ao fato de que o nome de nosso diretor estava no seu auge),e você tinha algo que dificilmente não iria acontecer. Ainda assim,é válido dizer que não foi apenas uma promessa para Johnston que manteve Spielberg fora da cadeira de diretor: as próprias ambições criativas pessoais dele garantiram que ele não voltaria para uma terceira parte (ele estava procurando perseguir dramas mais sombrios do que filmes mais leves), como pode ser visto ainda em 97 com Amistad, ou com o próprio Resgate do Soldado Ryan, 1 ano depois. Além disso, Spielberg também fora influenciado em não retornar para JP III pela própria experiência desgastante que ele havia sofrido nos filmes anteriores.
Em uma entrevista ao Chicago Tribune, programada para o lançamento do terceiro filme, Spielberg afirmou que um dos principais motivos pelos quais ele não retornou como diretor nesse foi o quão imensamente difícil estava sendo dirigir  tais blockbusters "expansivos" (com animatronics, CGI, clima tropical e assim por diante),o que era algo que ele estava procurando se distanciar em um futuro próximo. Logo, diante de todos esses fatores, a Universal precisaria, de qualquer jeito, de um novo diretor para comandar Jurassic Park III (e a promessa de Spielberg, juntamente com o estado atual de carreira) fazia de Joe Johnston não uma escolha certa. Mas sim, uma escolha óbvia (que foi assim feita ainda em 1999),quando o estúdio atrelou seu nome ao projeto.
E assim, em julho de 2001, era lançado Jurassic Park III (e mesmo que Spielberg não tenha o dirigido), ele ao menos continuou atrelado, mas só como produtor executivo mesmo (cargo que ele continuou tendo na série até hoje). Ainda assim,as expectativas ainda eram bem altas (afinal, se formos ver), Johnston já tinha um trabalho, na forma de Jumanji,que compartilhava bem o clima que ele poderia seguir com esse filme. Tinha tudo para ser um grande filme.


E só pra deixar claro: eu já falei antes como eu CAGO pra Rotten Tomatoes. Claro, quando eu gosto de um filme,é legal ver ele sendo bem avaliado. Mas, no caso do Johnston, sabiam que o Jumanji original tem uma nota considerada PODRE de 54%? Pra você ver como esse site muitas vezes não deve ser levado tão à sério (mas no caso de Jurassic Park III),o sistema funcionou em pró da realidade, e que te faz questionar se o nome do diretor do filme era realmente aquele.
Jurassic Park III é aquele típico filme que 
aposta, em essência, no "visu" para (tentar) ser relevante, e é inegável que, assim como todos os filmes da saga, visualmente falando,ele é ótimo. O CGI não envelheceu mal, as criaturas são criveis, e todo o aspecto nesse sentido merece palmas. Mas todo o resto, tem sabor de “já vi este filme antes”: corre-corre, dinossauro pra lá, dinossauro pra cá, pessoas sendo salvas no último segundo e, claro, a óbvia trilha sonora do John Williams (que nunca é demais),mas que só serve aqui pra tentar usar sua nostalgia pra esconder podres. Você já comeu esse bolo de chocolate 2 vezes (só que dessa vez),alguém achou uma boa ideia colocar pimenta nele.
Começando pela porra da história, que em sua base, é estúpida: novamente temos a presença, isolada, de alguém do primeiro filme como protagonista, na forma da volta do Dr. Alan Grant (Sam Neill),que ao estar precisando de dindin para sua pesquisa sobre os Velociraptors,aceita a oferta de um casal (interpretado por William H. Macy e Téa Leoni) que fingiram ser ricos empresários para realizar uma excursão aérea na Ilha Sorna, que como qualquer fã de JP sabe, é o segundo lugar usado para fazer experiências na tentativa fracassada de abrir o parque. Porém, a verdade é que o casal estava apenas em busca do seu filho Erik (Trevor Morgan) que desapareceu por lá durante uma expedição, e com eles decidindo usar Grant (que já passou por maus bocados envolvendo dinos) para ajudá-los a encontrar esse desgraçado. E assim, acompanhamos Grant se f**** pra tentar sair dessa ilha com esses 3 condenados, ao mesmo tempo que eu sou obrigado a sofrer com ele.
E assim: não é como se a franquia Jurassic Park fosse algum grande exemplo de roteiros megas complexos,ou algo do gênero (o primeiro filme mesmo segue uma premissa talvez até mais básica), mas que é completamente funcional pelo filme ter noção que é básica,e o mesmo vale pro segundo filme. Agora JP III quis apelar, e me vem com uma trama que, pra começo de conversa, teria sentido nenhum, em parte: eu não sou pai (eu não pretendo ser,por agora no caso) mas eu imagino que em uma situação dessas,claro que os pais sempre tem um pingo de esperança de que seus filhos (ou filho no caso),estarão bem. Mas sejamos sinceros: se o seu filho tivesse caído em uma ilha com histórico de DINOSSAUROS durante já 8 SEMANAS, você sinceramente iria querer PROCURAR por ele,sendo que provavelmente ele estaria MORTO já na, sei lá, antes da segunda semana lá? Ok, eu sei que é um filme de ficção (e com isso, eu tenho de ter um pouco de suspensão de descrença),mas porra,não força. Nem vou falar nada quanto ao Grant, porque assim como eu, ele foi apenas o enganado da história.
Mas ok, ok. Mesmo sendo um basicão jurássico (o que não seria problema nenhum) o filme, ainda assim, quer tentar enganar que não. Se o filme original, que abraçava sua premissa simples de um parque dando errado, sustentava 2 horas de história (e o segundo seguia a mesma linha, dessa vez com Malcolm voltando à ilha pra resgatar a namorada), JP III por outro lado decidiu ser mais curto,ao ter 94 minutos para "desenvolver" um corpo de proporções bem menores que estes 2. Até aí,ok. E nesse meio tempo, o filme vai tentando ter um lado mais "sóbrio", e um lado "cara de thriller" que...não engata. Foi mal gente,mas aquilo não engata (o filme está longe de ter uma cena que dê a sensação que Johnston provavelmente gostaria de passar),como a famigerada cena na cozinha do primeiro. Nem precisava ser daquele nível (como eu falei na segunda parte),Johnston conseguiu esse tipo de coisa já em Jumanji (como na cena do leão no piano), e se Jurassic Park III tivesse metade disso,essas tentativas teriam dado certo. Mas elas simplesmente não funcionam não só por causa da execução, mas também porque os personagens não ajudam pra isso acontecer.

O que eu quero dizer é que em uma cena que pretende passar tensão, não é apenas o cara que está assistindo que o filme deve tentar fazer isso (mas principalmente),com os seus próprios personagens. E para isso, é preciso que o público ao menos se importe com eles,e que não queiram que ao menos eles não sofram nada com isso. Mas JP III parece que quer que eu sinta o contrário: tirando o Alan (obviamente), o tal casal mesmo é um exemplo de personagens que se morressem, eu não sentiria falta. Ora estão gritando, ora discutindo, ora em uma tentativa de render um ar cômico, e no fim, não convencem em nada. Nem culpo os atores, já que os seus personagens são, em essência, unidimensionais demais pra se extrar muito (o que chega a ser irônico se não fosse trágico isso vir de Joe Johnston), que fez antes um filme igualmente pipoca que ainda assim tinha personagens com PESO dramático,e que 2 anos antes desse seu 6° filme, tinha feito ainda um drama que soube trabalhar justamente ISSO. 
Então até aqui temos uma premissa merda, um desenrolar sem sal, e personagens que algum dinossauro poderia ter feito o favor de devorar. O pior é que se você for ver apenas a direção em si de Johnston no filme, ela não é ruim (mas simplesmente por alguma razão que eu não sei), ele não consegue passar com 
maestria aquele clima fantástico, fantasioso (mas igualmente perigoso) da série, mesmo tendo feito isso em Jumanji. Mas aí, quem sabe isso possa ser explicado pelo fato de que em entrevistas, o próprio diretor afirmava que o filme nunca teve um roteiro totalmente pronto, até ele terminar de ser filmado de fato.

"Nós nunca tivemos um roteiro final. Nós não tivemos um roteiro final antes do término das filmagens do filme. Nós filmamos páginas que depois estavam no roteiro final, mas que nós não tínhamos um documento. A brincadeira no set era de que o roteiro seria o presente quando terminássemos de filmar. Nós tínhamos um roteiro do dia que estávamos filmando, e talvez do próximo. No máximo, da semana. Mas nunca tivemos uma história que tivesse começo, meio e fim enquanto estávamos fazendo o filme. Nós tivemos que voltar ao Havaí para filmar o final porque quando estivemos lá da primeira vez, nós não sabíamos qual seria o final", disse Johnston ao site About (tradução foi feita pelo site Mundo Jurássico BR)
Ou seja: literalmente esse roteiro era mudado conforme o dia mesmo. "Ahn, achei legal essa ideia,vamo filma". "Ahn, pensei nisso 1 semana depois de filmar essa cena, mas dane-se, filma ai". O resultado, é um filme que ainda que curto,parece que não tinha rumo definido nem por seus realizadores (e o roteiro ainda teve a mão de exagerados 3 roteiristas), além de um pitaco aqui ou ali de Michael Crichton, autor dos livros que originaram a franquia (apesar do filme não ser baseado em nenhuma de suas obras),como os 2 anteriores. Será que chamar o David Koepp de volta era tão difícil?  
Mas, vamos falar agora (pra eu tentar terminar de falar desse filme) especificamente do grande garoto propaganda dele: o Espinossauro. Eu não veria problema nenhum em variar o logo um pouco, e ter outra criatura como foco no lugar do T-Rex. Desde que feito isso DIREITO, o que não foi o caso aqui: JP III simplesmente FORÇA a nova criatura da franquia como o novo todo poderoso (mas não através de momentos épicos, tensos ou algo do tipo). Não. O jeito que os envolvidos acharam de mostrar "olha que dinossauro foda" foi....assim:
Sim. O EspinoFORÇADOsauro venceu um T-Rex em uma luta de 1 MINUTO,ao simplesmente dar uma mera mordidinha nele, sendo que o T-Rex fez A MESMA MERDA, e parece que ele nem sentiu cócegas. E antes que você me venha dizer que eu estou dizendo isso só porque o T-Rex morreu,ouça isso aqui (10:28-11:03):
* E por mais que o cara do vídeo fale justamente de "suspensão de descrença",a questão não é nem essa: a luta é simplesmente ridícula pelo motivo que eu falei (que não seria problema se ao menos ela fosse mais longa),e mais equilibrada no geral. Realidade: só serviu pra tentar endeusar o Espinossauro como o novo dinossauro principal pra vender brinquedo, nem que se pra isso o filme tivesse de apelar,ao invés de fazer isso da mesma forma que foi feita anteriormente com o próprio Tiranossauro,ou com o Velociraptor. De novo: ridículo, estúpido, e nem a maior suspensão de descrença consegue dar um "porém" pra essa cena.

Mas não basta uma apelação, não: Jurassic Park III ainda tem as 2 cenas MAIS VERGONHA ALHEIA DA FRANQUIA INTEIRA, na minha opinião de merda. A primeira, é a famigerada cena onde Grant tem um sonho em que ele está sozinho no avião com um Velociraptor. O dinossauro o encara,e DIZ: “Alan! Alan!”...e então o personagem acorda. Tipo: pra que essa porra de cena existe?! Alguém me diz? Mas a outra cena....olha,eu vou te contar: eu entendo, ao menos, a ideia que eles queriam ter com essa. Algo que fosse um meio tempo entre tensão,e humor.

Mas (O:58-1:06)
Chega, chega. Vamos terminar a parte desse filme,né?

Jurassick Park III foi um desastre com a crítica, que exaltou todos esses problemas (na verdade uns soa que não, mas eu fiz isso por eles) que apenas mostraram que a promessa de Steven Spielberg custou caro. Joe Johnston comandara um filme que realmente não tinha nenhum brilho próprio em nada,que desesperamente tentou criar um novo símbolo para a série que fazia parte, com personagens irritantes,e com momentos que poderiam ser engraçados,se esse filme fosse ao menos uma comédia. Ao menos tivemos, por exemplo, um daqueles 
“momento Grant”,ainda no começo do filme (quando o filho mais novo de Ellie está brincando com dois dinos de brinquedo que são herbívoros),e com Grant então chegando para o garotinho para explicar que aqueles animais não brigariam entre si, ao demonstrar como seria realmente com 2 carnívoros. Esse momento é mais legal que mais da metade desse filme.
E o público que Joe Johnston conseguiu como admiradores,também não foi muito bonzinho com esse projeto (eu mesmo não estou sendo). O filme arrecadou assim cerca de 368,8 milhões nas bilheterias, contra um orçamento de 95 (logo,não podemos dizer que foi algum tipo de flop),ou algo do tipo. Ainda assim,não são números nada bons para uma franquia que rendia BEM mais que isso, e com a Universal à colocando na geladeira por longos 14 anos, antes de querer apostar nela novamente com Jurassic World, dessa vez dirigido por Colin Trevorrow. 
E ainda que este filme também tenha o fator nostalgia como aperitivo,o diretor soube fazer isso melhor do que a tentativa fracassada de 2001 (sem falar que mesmo tendo um dinossauro geneticamente modificado em sua trama),tivemos uma luta mais coesa,e que teve, olhe só, MAIS DE 2 MINUTOS DE DURAÇÃO. Enquanto isso, J.A. Bayona soube lidar melhor com as suas tentativas de thriller em seu Reino Ameaçado em 2018, ao mesmo tempo que soube abrir portas para novidades reais para o futuro da série,que serão exploradas por Trevorrow em 2021. O pior filme de uma franquia clássica, com a pior recepção, com a sua pior bilheteria,e que fez ela ser enterrada por mais de 10 anos. É,parabéns Joe Johnston.
* Dificilmente um trailer honesto foi tão....honesto, com um longa-metragem desses. 

Mas "ok", né. Dificilmente um diretor tem uma carreira que esteja livre de um filme ruim,não é mesmo? Ainda que isso tenha sido um retrocesso de uma subida em ascensão em um período curto de tempo. E após Jurassic Park III, eis que Joe Johnston voltou à trabalhar com a Disney em 2004, através da Touchstone Pictures. E o filme da vez, seria novamente nosso diretor se aventurando em um daqueles filmes "baseados em fatos reais"...ou ao menos deveria ser.
Estou falando de Hidalgo (ou como ficou no Brasil, Mar de Fogo) 1° filme estrelado por Viggo Mortensen, após cair na graça do povo graças à O Senhor dos Anéis, e que aqui vive o lendário cowboy Frank Hopkins (que uma vez se apresentou com o Circo dos Irmãos Ringling), e que supostamente venceu 400 corridas com seu cavalo Mustangue chamado justamente de Hidalgo. É, mais uma vez Johnston tinha para seu filme um astro famoso....mas na última vez que isso aconteceu durante um intervalo de 3 anos sem emprego para ele, o resultado financeiro não veio (e mais do que nunca),ele precisaria desse resultado com esse filme. E lamento dizer que não veio mesmo (e não veio mais que isso).

Quando falamos de filmes (supostamente) baseados em fatos reais, não é incomum você ver Hollywood deixando, quase sempre, essas histórias "mais belas". De certa forma, dependendo do caso, até não teria problema (ainda que em alguns outros casos), haja extremos quanto à isso para certas direções. Esse filme de Johnston não quis ser diferente disso: ele relata Hopkins correndo com seu cavalo pela Arábia em 1891 contra beduínos montando cavalos árabes de sangue puro...sendo que historiadores garantem que os eventos mostrados ali são totalmente imaginados pelo homem que supostamente os viveu (e a própria imprensa árabe nunca viu, de fato) um relato sobre isso. Não vou falar tanto sobre fatos errados porque convenhamos: você quer falar mesmo de filme com erro histórico? Na época o mundo não sabia,mas era só esperar mais 4 anos,que veríamos o ápice disso com 10.000 a.C. (do qual eu já falei sobre ironicamente nos primórdios desse blog),em agosto.
Mas enfim: isso não seria problema se o filme fosse ao menos divertido,né? E assim: ele é mais divertido que Jurassic Park III (e isso merece ser citado desde já). Mas, ao querer "pintar" mais o filme até ele parecer quase uma fábula (sendo que a história já tinha potencial pra sustentar o projeto sem isso) Johnston apenas transforma o longa em um grande clichê, que nem ao menos parece querer ir muito além disso. Quer dizer, se a intenção dele era fazer um filme leve (que em umas partes poderia soar quase uma novela), acho que nem precisaria ser lançado pelo selo da Touchstone, que já fez filmes mais pesados que isso. E levando em conta seu histórico (ainda mais nesse caso O Céu de Outubro), esse filme poderia ter tido um drama mais forte sem problema nenhum.
Mas quanto ao Aragorn (aqui praticamente Rei do Cavalo) ele vai bem no papel, como um cowboy contido que tem claramente uma relação de amizade com seu cavalo, sem falar da presença de Omar Sharif no elenco. O visual do filme também é bonito (ainda que isso provavelmente venha da tentativa de embelezar o mesmo), que no fim das contas, mas prejudica o negócio,do que ajuda. 

E...é isso: Hidalgo é um filme que poderia ter sido a fusão entre O Céu de Outubro & um bom e velho filme de velho oeste à lá Joe Johnston, mas que no fim, apenas quer ser um filme que sim, diverte (como um escapismo) mas que ainda é batido,e poderia ter bem mais alma dentro de si. O resultado foram críticas mornas,e uma arrecadação de 108 milhões...contra um orçamento de 100 (é),eu bem que tinha dado o spoiler antes...
Vão me falar que essa cena no final do trailer é verídica? Tá serto...

No fim das contas,após subir até o topo da montanha, Joe Johnston começou sua (dolorosa) queda livre até um ponto que,  quem sabe, ele poderia escalar até lá em cima de volta, quando falamos de prestígio. E dessa vez,ele teria de fazer isso até com os fãs, após entregar um produto medíocre,e um mero escapismo que poderia ter sido um meio termo entre isso, & um bom drama. Quem sabe até com isso em mente, Johnston ficou um tempo, maior do que ele poderia imaginar,sem fazer nada. Porque claramente,os anos 2000 foram definitivamente seu período de enfrentar as pragas de sua, já feia, colheita.

E com isso em mente,o próximo filme de nosso diretor só veio longos 6 anos depois. E quem sabe,com um Joe Johnston que se imaginava: será que ele teria perdido seu dom para fazer filmes de aventura? Afinal...seu próximo filme não seria bem sobre isso,em uma nova tentativa de revigorar sua carreira,agora na areia movediça. 

Mas, veremos o resultado disso na próxima parte (até porque isso já ficou grande demais),até pra compensar o meio tempo entre essa & a 2° parte. Até! 

Por: Riptor 

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