sexta-feira, 10 de julho de 2020

O que Aconteceu com Joe Johnston? - Parte 5

"My Name is Joe Johnston, and I can do this all Day!"


* Atenção: O texto a seguir reflete unicamente à opinião de quem o Escreve. Esteja ciente disso

Eae? Depois de mais 13 dias (que coincidência não?) aqui estamos com a QUINTA parte de "O que Aconteceu com Joe Johnston?", onde admito: não espero menos de rendimento vindo dessa!

Na parte anterior, vimos que a Era Negra do cineasta que veio com os anos 2000 ainda o perseguia no começo de uma outra década, graças à O Lobisomem. A tentativa do mesmo de se aventurar em um gênero novo até agradou alguns, mas acabou se tornando mais prejudicial para sua carreira, do que beneficial (até porque estávamos falando já de uma obra que estava condenada), graças às escolhas do estúdio, e com Joe aceitando o trabalho ali, literalmente, mais para pagar as contas, do que por interesse. Claro, seus prestígios passados não haviam sido esquecidos por seus admiradores, mas Hollywood não vive de passado (pelo menos nesse sentido), quando você tem 3 resultados financeiros medíocres seguidos.

Mas, no fim, sim: havia esperança para Joe Johnston (e ela não veio de uma negociação nova), como já mencionado levemente na parte anterior. A mesma foi, na verdade, de alguns anos atrás, antes mesmo do diretor dirigir O Lobisomem, ou mesmo ser cotado para isso. E o interessante de se levar em consideração é que, apesar de tudo, seu nome naquele seu novo estúdio de trabalho, realmente soava ainda valer algo. E até por isso, ele deve ter tido a vontade realmente de retribuir esse ombro amigo, ao fazer nascer em 2011:
Capitão América: O Primeiro Vingador. Um filme que PRESTA! Caralho, finalmente! 

Mas vamos ao começo, obviamente: a ideia de fazer um filme do Sentinela da Liberdade era um pouco mais antiga do que aparenta, já que as primeiras negociações para isso ocorreram ainda em 1997 (ironicamente durante a época de ouro de Johnston), quando a Marvel negociava com Mark Gordon (O Patriota) e Gary Levinsohn (O Resgate do Soldado Ryan) para produzir,e com Larry Wilson (Os Fantasmas Se Divertem) e Leslie Bohem (O Inferno de Dante) escrevendo o roteiro.

Com a chegada dos anos 2000, a editora do logo vermelho se juntou então à hoje fechada Artisan Entertainment (que ainda trabalharia com o estúdio em O Justiceiro) para ajudar a financiar o projeto, antes de se iniciar um processo entre a Marvel Comics e Joe Simon (co-criador do personagem) sobre direitos autorais. O processo foi então encerrado em setembro de 2003, e após o acordo, a Marvel já estava se preparando para licenciar os direitos do filme para a Warner (vale lembrar que o estúdio quase fez o mesmo com o Thor),ao cogitar um licenciamento com a Sony. No entanto, um dos produtores sugeriu à empresa que ela cogitasse a ideia de produzir os próprios filmes, ao não depender de terceiros. E assim, ela o fez: em 2005, a Marvel recebeu um investimento de US$ 525 milhões da Merrill Lynch, para permitir assim a produção independente de 10 filmes, incluindo o filme do Capitão América (e com a Paramount concordando em distribuir todos eles), com exceção de um já planejado novo filme do Hulk, que teria de ser distribuído pela Universal. A expectativa assim, no caso de Capitão, era lançar o filme em 2008, e com Jon Favreau procurando Avi Arad para discutir a ideia de dirigir o filme, antes dele preferir pegar o Homem de Ferro (ao mesmo tempo, David Self, que viria a se envolver em O Lobisomem) havia sido contratado para escrever um novo roteiro.
E também foi mais ou menos nessa época, no caso em 2006, que Joe Johnston se reuniu com a Marvel pela primeira vez para discutir a ideia dele comandar o projeto (essa conversa durou mais de 1 ano), ao mesmo tempo que Louis Leterrier (que viria a dirigir O Incrível Hulk) se oferecia para tal ao ficar entusiasmado com a ideia. A Marvel no entanto o recusou, e com Johnston finalmente assinando contrato em novembro de 2008,e com Christopher Markus e Stephen McFeely (que virariam carinhas carimbados da Marvel Studios) sendo chamados para reescrever o filme de novo. Na ocasião, Kevin Feige citou o trabalho de direção de Johnston em Céu de Outubro (e em The Rocketeer, além de seus trabalhos na área de efeitos especiais na trilogia original de Star Wars citados lá na primeira parte) para explicar por que ele era uma "escolha apropriada" para o projeto. E ainda que ele já estivesse na merda naquela época, em contrapartida, ainda era até então um dos nomes mais chamativos contratados pelo estúdio, ao lado de Kenneth Branagh (também era, no caso), o real 1° diretor já familiarizado com blockbusters à de fato assumir um filme do MCU....e a escolha não poderia ter sido outra mesmo.
Não é novidade para ninguém que o conceito básico do Capitão América sempre foi Patriotismo. O herói que personificava o americano, e o fazia se sentir parte do país (ainda mais na época onde ele foi criado), visto o momento sombrio que o mundo passava, e que justamente criou alguns dos maiores inimigos do personagem: nazistas. Mas, como atualizar o básico disso (algo que já havia ocorrido nos próprios quadrinhos), sem destoar demais do que ele essencialmente é? Afinal, há quem não goste muito desse patriotismo, quem sabe "exagerado", do povo dos States, e que nem sempre é bem usado por certos filmes que usam o mesmo de base. Mas, esse é o básico do personagem. Não é possível fugir dele (e Johnston, em sua direção) nunca tenta fazer isso. Pelo contrário: ele abraça ainda os outros lados do personagem, e mostra para o grande público, que ele não é uma mera propaganda americana disfuncional.
Primeiro Vingador é um filme sobre ideais. Um filme sobre acreditar naquilo que você justamente, acredita (e é justamente isso que seu protagonista faz durante o longa inteiro). Steve Rogers (interpretado por um até conhecido Chris Evans, ainda mais por papéis mais cômicos como o próprio Tocha Humana nos primeiros filmes do Quarteto Fantástico) é totalmente consciente de sua missão e dos ideais que ele não só prega, como acredita (antes mesmo de ser injetado no mesmo o famigerado soro do Super-Soldado), e até depois de tantos filmes futuros. Já não exatamente apenas para americanos, mais para todas as pessoas em si: a liberdade, e um mundo melhor.
Ainda assim, o filme não chega no ponto de ser teatral demais (como ocorreu em Thor), ou mesmo meio sombrio, como foi o subestimado Incrível Hulk. Também não chega no ponto de ser irreverente, como os filmes do Homem de Ferro. Aqui Joe Johnston resgata, em um tom claro de nostalgia de seu estilo tão clássico e amado, aquele típico filme de aventura, com um tom de humor claro dos comics originais, mas sem deixar a seriedade de lado (de certa forma), é o The Rocketeer 2 (que olhe só, que também é baseado em hqs) que ele nunca fez. "Posso Fazer Isso o Dia Inteiro", diz nosso protagonista. E ele literalmente leva isso à sério.
E esse clima também se mostra no visual: a fotografia do já citado na parte anterior Shelly Johnson (colaborador de Joe já de Jurassic Park III e Hidalgo, e que também trabalhou em O Lobisomem) em Primeiro Vingador transmite igualmente esss clima, entre o opaco vindo de uma guerra, e o colorido e quadrinhesco, vide o próprio visual do Capitão, ou mesmo o próprio visual do Caveira Vermelha, perfeito. A trilha sonora de Alan Silvestri dispensa muita enrolação, já que ela define toda a aura já dita até aqui (e te coloca dentro de um filme de época, patriotismo), e de coragem. Mas aquilo não é chato, ou forçado.

Aquilo é a jornada de um homem, uma hora franzino, que leva consigo o que acredita, agora, não apenas como um mero soldado, mas também como um verdadeiro super-herói. Mas o herói aqui, nunca é o Capitão América: é sempre, em primeiro lugar,Steve Rogers.
E claro que isso não poderia ser transmitido totalmente se não fosse pelo elenco: Evans entrega um Capitão crível em seus ideiais (até por estar familiarizado com o humor, seu personagem transmite quando necessário leveza),mas quando preciso, ele também transmite responsabilidade. E ainda que tenha obviamente de carregar o filme nas costas, o ator ainda tem um empurrão do resto do elenco. E se Jane Foster servia mais como um mero interesse amoroso em Thor, a Peggy Carter de Hayley Atwell, por exemplo, não é apenas isso, mas uma verdadeira mulher de ação.
Já Hugo Weaving (resgatado por Johnston de O Lobisomem, talvez pra compensar que o meteu em uma furada ao interpretar um detetive da Turma do Didi RIDÍCULO) o entrega o prato de ser o Caveira Vermelha. Sim, ele acabaria sendo aquele formato de vilão que a Marvel Studios acabaria tendo problemas por uns anos ("quero dominar o mundo, HAHAHAHAHA YEAH"), mas aqui, o ator convence no papel como aquele vilão malvado mesmo, que saiu de alguma tirinha velha. O envolvimento de Toby Jones como Arnim Zola, e as participações de Stanley Tucci & Tommy Lee Jones também acabam sendo funcionais (menção honrosa à introdução de Sebastian Stan pela primeira vez como Bucky Barnes), que apesar de não ter tanto espaço, tem um início na franquia que já deixaria as sementes prontas para serem germinadas alguns anos depois.
No fim das contas, Capitão América: O Primeiro Vingador foi então lançado em julho de 2011 pela Paramount, como a 5° investida da Marvel Studios, e sua última de preparação para sua primeira investida de crossover. E FINALMENTE, Joe Johnston conseguiu agradar a crítica (e seus fãs) de novo, que destacaram as performances do elenco (em especial o próprio Evans),os efeitos visuais, e a própria direção do mesmo, com um gosto que até poderia não ser tão original (como um amigo meu ainda notou em um lugar, é nitido que o roteiro ainda teve uns cortes aqui e ali pra se encaixar no tempo proposto) mas que ainda foi bem agradável, após tanto gosto amargo na boca. O filme ainda então arrecadou 370 milhões pelo mundo (a maior bilheteria do diretor, que já há anos era de Jumanji), contra um orçamento de 140. E ahh, bom citar: Johnston ainda foi chamado para ser um dos produtores do filme, e declarou na época em uma entrevista ao SlashFilm sobre como sua experiência com a Marvel foi a melhor de sua carreira.

"Bem, os caras da Marvel têm um sistema que funciona muito bem, e é assim que eu gostaria que os estúdios funcionassem. Eles contratam um cineasta e entendem o filme que esse cineasta quer fazer, e depois os ajudam a fazê-lo. Aí se houver algo que eles acham que não se encaixa, eles chegam para conversar: "Talvez você esteja indo um pouco além das linhas". No meu filme do Capitão América, eles não se sentiram desconfortáveis com nada, e sim me apoiaram. Eles queriam um filme baseado no personagem de Steve Rogers, e quem é esse cara, e eu estava de acordo, porque é isso que um filme do Capitão América tem de ser. De resto, você pode praticamente fazer qualquer coisa. Eles me deixaram adicionar coisas extremamente caras! Mas, que eram relacionadas à história, e que ajudaram a contar a mesma. Eles até me deixaram fazer todo tipo de coisas que não estavam no roteiro, provavelmente nem estavam no orçamento, mas também me chamavam para eu ver o que os roteiristas estavam fazendo, já que eles mudavam alguns detalhes, e me diziam: “Ei, eles estão tornando a história mais legal. Que tal fazermos isso?" Eu então, juntamente com eles, escolhiamos algumas coisas que podíamos mudar sem afetar muito, e eles deixaram eu colocar muita coisa que não estava ali, assim como eu deixei eles colocarem coisas. Foi realmente muito divertido. De certa forma, foi como um emprego dos sonhos. Eles foram muito solidários comigo".

Mas sim, apesar de tudo, Primeiro Vingador ainda pode ser considerado um filme subestimado (há quem o considere um filme fraco),se comparado a outros exemplares do estúdio, como o próprio Homem de Ferro 1. Mas devemos nos lembrar que a própria Fase 1 ainda era muito justamente de experimentação, e com a Marvel ainda tentando achar um meio termo. Ainda assim, dentro da sua proposta, o 1° Capitão América não faz muita firula, e entrega o que justamente quer: uma sessão da tarde, no bom sentido da palavra. E se comparado à filmes como Thor: O Mundo Sombrio e Capitã Marvel, definitivamente temos um exemplar que merecia mais reconhecimento, do que ser um pouco "rebaixado" (não só pela sua qualidade),mas por seu próprio papel dentro da franquia, ao introduzir não apenas um de seus melhores personagens, como também aquele que ainda é dono da melhor trilogia desse universo. E se os Irmãos Russo puderam te entregar Soldado Invernal, e o personagem ainda pode ter outros momentos épicos (como o famigerado e enfim dito 'Assemble' com o mesmo segurando ainda o Mjölnir).

Agradeça não só aos Russo, aos roteiristas, ou mesmo ao Kevin Feige. Agradeça também há quem introduziu esse soldado.
Agradeça (0:10-0:23):
Ao Joe Johnston.
E assim, Joe Johnston estava de volta à boa forma. Um bom filme, que ainda foi a sua mais nova maior bilheteria. Mas agora, a questão que ficava era...e agora, Joe? 

Bom......deixa pra lá. Teremos a resposta na próxima (e se eu não mudar de ideia, última) parte dessa verdadeira saga de posts. Até a próxima! 

Por: Riptor 

4° Parte:
https://fmarvell.blogspot.com/2020/06/o-que-aconteceu-com-joe-johnston-parte-4.html?m=1

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