A atriz e dançarina Marge Champion, que serviu de modelo para a primeira princesa da Disney (a Branca de Neve), faleceu ontem (21/10) em Los Angeles, aos 101 anos. Nascida Marjorie Celeste Belcher em 2 de setembro de 1919, exatamente em Hollywood, na Califórnia, seu pai era um coreógrafo famoso, Ernest Belcher, que fundou a Celeste School of Dance e ensinou dança para Fred Astaire, Shirley Temple, Cyd Charisse e Joan Crawford, além de ter trabalhado para o lendário diretor Cecil B. DeMille. Ela também tinha uma meia-irmã mais velha que era atriz do cinema mudo, Lina Basquette.
A jovem começou então sua carreira artística como dançarina aos 14 anos, época em que foi contratada pela equipe de animação da Walt Disney para servir de modelo para o curta “A Deusa da Primavera” (1934). O resultado agradou tanto, que ela repetiu o desempenho no (já citado) clássico Branca de Neve e os Sete Anões, o primeiro longa do estúdio, ao se apresentar para a equipe da Disney por 2 dias ao mês durante dois anos. Os animadores estudaram seus movimentos em um estúdio para fazer a princesinha se mover de forma mais realista (e durante essa experiência, ela acabou iniciando um relacionamento com Art Babbitt), o animador da Disney que criou o Pateta. Eles então se casaram em 1937 – ela tinha 17 e ele 29 – , mas a união durou apenas 3 anos.
Depois do lançamento do longa em 1937, ela também interpretou a versão live-action de Branca de Neve em uma turnê de vaudeville com Os Três Patetas, e voltou a trabalhar com a Disney em outras animações clássicas, ao servir de modelo para a Fada Azul de Pinóquio (1940), para a principal hipopótamo dançarina de Fantasia (1940) e para o Sr. Cegonha de Dumbo (1941). Mas sem dúvidas foi o sucesso de Branca de Neve que também lançou sua carreira de atriz em produções live-action: renomeada como Marjorie Bell pelo famoso agente Henry Willson, ela apareceu em 5 filmes lançados em 1939, incluindo “A História de Vernon e Irene Castle”, estrelado por Fred Astaire e Ginger Rogers como lendários dançarinos de salão. Entretanto, interrompeu a carreira cinematográfica para se dedicar ao teatro, fazendo sua estreia na Broadway em 1945.
Em 1947, ela se casou novamente, com Gower Champion, um antigo colega de escola que também era aluno de seu pai, e com eles formando uma dupla renomada, dançando em shows de variedades como Gower & Bell. O casal também começou a fazer coreografias, inclusive para produções da Broadway (como “Small Wonder”, “Lend an Ear” e “Make a Wish”). Paralelamente, Marge retomou a carreira no cinema, aparecendo como dançarina, ao lado do marido, nos musicais “A Secretária do Malandro” (1950), com Bing Crosby, “O Barco das Ilusões” (1951), com Ava Garner, “O Amor Nasceu em Paris” (1952), com Red Skelton, até protagonizar com Gower uma espécie de cinebiografia ainda em 52, com “Tudo o que Tenho é Teu”, sobre um casal de dançarinos que precisa encontrar um nova integrante durante a gravidez da mulher. Eles também protagonizaram “Procura-se uma Estrela” (1953), dirigido pelo mestre Stanley Donen, e em 1957, estrelaram seu próprio programa de TV (o “The Marge and Gower Champion Show”) na rede CBS, que trazia Marge como uma dançarina casada com um coreógrafo. O casal também apareceu frequentemente no “The Ed Sullivan Show”, e chegou a viajar pela União Soviética com o lendário apresentador de TV.
Após um período focado mais na TV, Marge só voltou então aos cinemas em 1968, ao participar de mais 2 clássicos de Hollywood: “Um Convidado Bem Trapalhão” (The Party), estrelado por Peter Sellers, e “Enigma de uma Vida” (The Swimmer), com Burt Lancaster. Nos anos 70, ela passou a trabalhar como coreógrafa em produções televisivas e cinematográficas (o primeiro trabalho, as danças do telefilme “Queen of the Stardust Ballroom”) lhe rendeu um Emmy em 1975 e impulsionou sua nova carreira atrás das câmeras, levando-a a coreografar os filmes “O Dia do Gafanhoto” (1975), de John Schlesinger, e “De Quem é a Vida Afinal?” (1981), de John Badham, entre outros trabalhos. Ela também interpretou uma professora de balé em um episódio da famosa série “Fama” de 1982 e, ativa até recentemente, apareceu como Emily Whitman no revival da Broadway de “Follies”, em 2001 .
Marge se casou pela terceira vez em 1977, com o diretor Boris Sagal (“A Última Esperança da Terra”), mas enviuvou quatro anos depois (ele morreu em 1981 de ferimentos sofridos depois de cair acidentalmente na hélice de um helicóptero durante a produção de uma minissérie da NBC), “World War III”. Graças a esse casamento, ela virou madrasta da famosa atriz Katey Sagal (Sons of Anarchy), de suas irmãs Liz e Jean Sagal (que estrelaram a sitcom dos anos 80 “Double Trouble”) e seu irmão Joey Sagal (“Elvis & Nixon”). Ela também teve um filho biológico, Gregg Champion, que virou diretor de TV.
Por: Riptor
Fonte: Pipoca Moderna
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