Um sentimento de perda é algo que esse ano está dando um excessivo (e exaustivo) ênfase. Nem só por essa pandemia dilacerando vidas que você talvez não fosse conhecer, vidas que você conheceu, que eram próximas, ou até mesmo por outro motivo, que retirou até nomes familiares desse mundo. Chadwick Boseman, que lutava contra um câncer que nunca quis revelar publicamente. Sean Connery, que apesar de já afastado das telas à anos, não deixou de ser uma perda menos triste. E, ainda que não seja tão internacional quanto esses, ainda que haja gente que olha torto (dependendo do caso com certa razão) pra o que seria o "equivalente" de hoje daqui à esse tipo de pessoa, à obviamente quem tenha um peso que realmente vale, e o destaque por consequência igual. Tom Veiga era um desses casos.
Você a esse nível do campeonato deve ter visto. O intérprete do clássico Louro José no Mais Você morreu ontem (1/11) no Rio de Janeiro, aos 47 anos, ao ser encontrado já sem vida em sua casa na Barra da Tijuca. Inicialmente, claro, houve investigações para descobrir a causa, e foi descoberto hoje que o mesmo foi vítima de um AVC hemorrágico - aquele que ocorre quando um vaso – artéria ou veia – rompe dentro do cérebro, extravasando sangue. A conclusão está no laudo do Instituto Médico Legal (IML) ao qual o Época teve acesso.
Como era de se imaginar, Ana Maria Braga (a apresentadora do Mais Você) manifestou-se nas redes sociais citando “fragilidade da vida” e “sem chão” com a perca do colega, que não só trabalhava com ela há anos, como até antes dela ingressar na Globo. “Perdi meu parceiro de todo dia, meu amigo, meu filho. O Tom era um menino de sorriso solto, sempre alegre, com um humor único e talentoso demais. A fragilidade da vida nos pegou mais uma vez de surpresa e me deixou completamente sem chão. O momento agora é de oração”, escreveu ela em seu perfil no Instagram.
Entre Record & Globo, Tom Veiga trabalhava há mais de 20 anos com Ana Maria (e em agosto do ano passado, a apresentadora celebrou a parceria de duas décadas) e disse, na ocasião, que os dois nunca tinham brigado. Ambos se conheceram em 1995, quando o mesmo organizava feirinhas de artesanato onde a apresentadora ia para divulgar o “Note e Anote”, programa que ela comandava na Record. Ele então foi convidado a integrar a equipe, aceitou, e virou assistente de palco.
Já o personagem Louro José foi criado por Ana Maria Braga naquele programa mesmo, dois anos depois. A ideia da mesma era ter um mascote que chamasse também a atenção das crianças, já que o Note e Anote começava logo após a programação infantil da emissora. “Precisava ser um bicho que falasse, que interagisse comigo, mas não podia ser cachorro, porque cachorro não fala, e passarinho também não fala. E, por eliminação, decidimos pelo papagaio. Eu tenho um em casa chamado Louro José. Ele fala e assobia o hino nacional. E eu disse: ‘Vamos pôr o Louro'”, ela contou ao site Memória Globo.
Veiga interpretou assim o Louro desde o começo. Ele trabalhava como assistente de estúdio do Note e Anote e, um dia, pegou o fantoche para brincar com seus colegas. Mas Ana Maria viu, e gostou tanto, que pediu que ele interpretasse o papagaio ao vivo no dia seguinte. Ele então nunca mais deixou de lado o fantoche, e ainda apareceu como Louro José em outros programas, desde o Fantástico até séries como A Mulher Invisível (em 2011) e Louco por Elas (em 2012), além de uma novela, Cheias de Charme (também em 2012). Em 2017, Veiga chegou a se afastar do programa depois de passar mal (nas redes sociais, ele contou que passou por um cateterismo e que foi internado no hospital Samaritano), no Rio de Janeiro. Em outubro, ele anunciou o fim de seu casamento de oito meses com a investidora Cybelle Hermínio Costa (anteriormente, ele ainda foi casado com Alessandra Veiga), com quem teve uma filha.
Tom Veiga era alguém que não chegou a aparecer muito publicamente, de fato. O próprio nunca quis relacionar, de fato, a sua pessoa com o personagem, porque eram mesmo 2 entidades diferentes. Mas mesmo assim, era ele a alma, e o que fez aquele fantoche realmente ser carismático ao ponto até de sobreviver ali mesmo depois que a TV Brasileira foi aos poucos deixando de lado esse tipo de personagem, com raras exceções. E não são todos que conseguem isso.
Por: Riptor
Fonte: Pipoca Moderna
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