Inegavelmente um dos nomes mais importantes para as adaptações de quadrinhos, Richard Donner foi o grande responsável por Superman: O Filme (lançado em 1978), com o eterno Christopher Reeve no papel principal. Ele também foi responsável pela sequência (Superman II - A Aventura Continua em 1980), além de ter sido responsável por filmes como A Profecia (1976), Os Goonies (1985), Os Fantasmas Contra Atacam (1988), Maverick (1994), Assassinos (1995) além da própria franquia Máquina Mortífera, do qual o mesmo dirigiu todos os 4 filmes lançados.
Mas é inegável que a fama de Donner, hoje com 90 anos, sempre é vista primeiramente com os olhos focados em sua adaptação do Homem de Aço, que continua sendo referência e fonte de inspiração para projetos do gênero. Mas, nem tudo foi tão cheio de flores: isso porque em uma entrevista ao The Telegraph, Donner revelou que a iconografia cristã presente em Superman rendeu-lhe ameaças de morte, por parte de espectadores evangélicos mais exaltados. Ele até chegou a citar uma carta que recebeu:
“Eles ameaçaram minha vida”, disse. “Uma mulher escreveu uma carta dizendo 'como ousa comparar [Marlon] Brando a Deus e Christopher Reeve a Jesus'. Ela disse que meu sangue correria nas ruas. Acho que quando se faz um bom filme, algumas pessoas realmente pensam que é de verdade.”
Donner então ainda explicou como o roteirista Tom Mankiewicz foi chamado para dar uma olhada no rascunho do filme que havia sido feito por Mario Puzo (criador do romance de O Poderoso Chefão), ao dizer que achou a primeira passagem exagerada para o personagem. Com isso, Mankiewicz (já um veterano de James Bond) foi então chamado para ajudar no roteiro. “A coisa toda era salvar uma imagem do que eu pensava que o Superman deveria ser, e o que ele significava para mim quando criança, o que eu respeitava nos criadores do personagem, e o que eu esperava que o público, especialmente as crianças, se firmassem”, declarou Donner. “Parece estúpido dizer que eu queria salvar o Superman, mas pela direção que estava indo antes de Tom embarcar no projeto, acho que é bem por aí.”
Após isso, Donner comentou então sobre um daqueles assuntos que rendeu bastante rebuliço em 2019: Martin Scorsese (que na ocasião), comparou filmes de super-heróis à experiência de "uma atração de um parque temático", algo que não seria "cinema de verdade". “Bem, eu gostaria de poder passear nesses parques temáticos!”, brincou Donner sobre a comparação de Scorsese. “O problema é que vemos em nosso setor que, quando as lentes técnicas são fáceis de se conseguir, elas acabam sendo mal utilizadas também. Mas, ao mesmo tempo, você ainda poderá ver uma história maravilhosa num filme desses. ”
Falando nisso, Donner ainda aproveitou para elogiar a franquia da Mulher-Maravilha, do qual Patty Jenkins já declarou, em diversas oportunidades, ter o próprio como inspiração. Algo que o deixa bastante contente: “Significa que ela tem bom gosto!”, disse ele, ao dizer que o primeiro filme de 2017 trouxe realmente “sentimentos muito parecidos” ao seu clássico de 78: “É impressionante (a quantidade de filmes de super-heróis sendo feitos), e quando vejo aqueles que considero corretos, é como uma realização. Fico muito feliz e orgulhoso quando vejo esses. Quando dá errado, a decepção é grande também.”
Por outro lado, Donner se mostrou resistente à ideia desse tipo de adaptações terem histórias mais "sombrias". “Existem tantas pessoas que querem fazer essas versões cínicas dos super-heróis. É depressivo", declarou. "Quando são sombrios e raivosos com eles mesmos e o mundo, não acho nem um pouco interessante. Sinto que já vemos muito disso aqui na nossa realidade. Nós passamos por isso nos últimos quatro anos (nota: referência à Donald Trump, do qual Donner não é apoiador). Acho que temos de cravar o oposto.”
Apesar disso, Donner explicou que “não conhece” Zack Snyder (que sempre entra nesse tipo de tema), e se mostrou feliz ao descobrir que ele terá a chance de concluir sua visão em Liga da Justiça. O diretor também passou por algo semelhante em Superman II (ele teve uma briga feia com os Salkind, produtores do longa) durante as filmagens, o que fez com que ele saísse do barco, e com a produção ficando paralisada até a contratação de Richard Lester (que viria a dirigir o pobre Superman III) para refilmar várias sequências. Com isso em mente, o "Richard Donner Cut" (que assim como o Snyder Cut, é praticamente outro filme) foi então lançado em 2006, ao ser intitulado justamente de Superman II: The Richard Donner Cut.
E pra fechar, Donner reafirmou o que já vinha sido revelado há alguns meses: sim, ele pretende dirigir Máquina Mortífera 5, que como dito anteriormente, deverá trazer de volta também as estrelas da franquia: Mel Gibson e Danny Glover.
Vale lembrar que Donner estava aposentado desde que lançou seu último filme (16 Quadras), em 2006. Mas, ele próprio admite que seria um "dever" finalizar a franquia ele mesmo:
“Este é o último”, disse Donner ao The Telegraph. “É meu privilégio, e até dever, finalizar essa história. É emocionante, na verdade...(risos)! É o último, eu prometo.“
'Máquina Mortífera 5’ (ou como Donner decidiu o chamar: 'Lethal Finale'), terá roteiro escrito por Shane Black (que também trabalhou nos filmes originais), e com a primeira versão do mesmo tendo sido elaborada por Channing Gibson (Máquina Mortífera 4). Especula-se que Joe Pesci terá uma participação especial.
Por: Riptor
Fonte: O Vício
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