sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Que Descanse em Paz


O diretor britânico Michael Apted, que dirigiu vários filmes famosos (inclusive uma aventura do próprio James Bond) infelizmente faleceu nesta sexta (8/1), aos 79 anos. Em seu primeiro emprego depois de se formar na Universidade de Cambridge, o mesmo virou trainee na Granada Television em 1964, e foi encarregado de encontrar algumas crianças que seriam entrevistadas para um documentário de 40 minutos da ITV chamado “Seven Up!”. 


Paul Almond, o diretor do projeto, “estava mais interessado em fazer um belo filme sobre ter sete anos, enquanto eu queria fazer um trabalho desagradável sobre essas crianças que têm tudo e essas outras crianças que não têm nada”, disse Apted em uma entrevista de 2012 à RadioTimes. “Seven Up!” foi projetado para ser um documentário “único”, mas a Granada resolveu reencontrar as 14 crianças novamente em 1970, e resultando assim no lançamento de “7 Plus Seven”, que marcou a estreia de Apted como produtor e diretor. O projeto virou uma série contínua – e sem igual – onde o britânico dirigiu todas as edições subsequentes: “21 Up” (1977), “28 Up” (1984), “35 Up” (1991), “42 Up” (1998), “49 Up” (2005), “56 Up” ( 2012) e o derradeiro “63 Up” (2019).

Logo depois de “7 Plus Seven”, Apted estreou então no cinema, ao comandar o drama de crossdressing “Trágica Decisão” (1972). Em seguida, mostrou sua paixão pelo rock com o musical “Stardust” (1974), história de uma banda fictícia dos anos 60 encabeçada pelo cantor britânico David Essex. Ele também fez vários documentários do gênero, como “Bring on the Night” (1985), sobre Sting, que lhe rendeu um prêmio Grammy (o Oscar da música), “The Long Way Home” (1989), sobre Boris Grebenshchikov (uma versão soviética de Bruce Springsteen), e um filme sobre a turnê “Forty Licks” dos Rolling Stones em 2002, que, graças ao veto de Mick Jagger, nunca foi lançado.

Sua filmografia ainda destaca O Destino Mudou sua Vida (1980), biografia dramática da cantora Loretta Lynn, a garota pobre que virou Rainha do Country, e que rendeu o Oscar de Melhor Atriz para sua intérprete, Sissy Spacek. Eclético, Apted também se arriscou em tramas de suspense, como O Mistério de Agatha (1979) e Mistério no Parque Gorky (1983). 

Suas comédias, com John Belushi (“Brincou com Fogo… Acabou Fisgado!”) e Richard Pryor (“Condição Crítica”) já não tiveram o mesmo sucesso, mas o mesmo já não pode ser dito de seu clássico drama Nas Montanhas dos Gorilas (1988), história da cientista Dian Fossey (interpretada por Sigourney Weaver) e sua paixão pelos gorilas africanos. O filme foi indicado a cinco Oscars, e se tornou um dos filmes mais conhecidos de Apted.

Seu projeto mais popular, no entanto, foi mesmo 007- O Mundo Não é o Bastante (1999), penúltimo filme da franquia estrelado por Pierce Brosnan, que resgatou a carreira do diretor após quatro filmes de pouca repercussão. Já entre seus últimos longas, estão “Enigma” (2001), drama de guerra com Kate Winslet, “Jornada pela Liberdade” (2006), sobre a luta pelo fim do tráfico transatlântico de escravos, e As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada (2010), que encerrou a franquia no cinema.

Ele ainda completou “Tudo Por Um Sonho” (2012), após a morte de Curtis Hanson durante as filmagens, e se dedicou a produzir e dirigir séries premium na parte final de sua carreira – como “Roma”, “Masters of Sex” e Ray Donovan. Além do trabalho como diretor, Apted também foi um membro ativo do sindicato da categoria: ele serviu três mandatos como presidente do DGA (o Sindicato dos Diretores dos EUA), de 2003 a 2009 – o mais longo serviço presidencial consecutivo desde George Sidney na década de 1960 – e recebeu o prêmio Robert B. Aldrich da entidade em 2013, além de ter sido homenageado com o cargo de membro vitalício honorário cinco anos depois.


“Sentimos tristeza em nossos corações hoje, enquanto lamentamos o desaparecimento deste amado diretor”, disse Thomas Schlamme, atual diretor do DGA, em comunicado. “Seu legado ficará para sempre gravado no mundo do cinema e em nossa associação”, acrescentou Schlamme, que chamou seu antecessor de um “visionário destemido” e elogiou sua “sabedoria” e “inteligência”.


Por: Riptor

Fonte: Pipoca Moderna 

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