"Tá Riptor, o que significa todas essas linhas de texto afinal?!"
Significa que eu não fiquei alimentando coisas, até então rumores (até que houvesse de fato base) como se fossem verdades oficiais, que só vieram a ser, depois de um silêncio estupidamente longo. E não é porque eu não acertei nesse caso em especial, que eu mudaria isso, se pudesse. Eu teria é feito tudo de novo, se me perguntasse (porque se você quisesse sensacionalismo), eu tenho certeza que você não estaria aqui, lendo isso. É até interessante notar como de fato, o apoio ao Multiverso em 'Sem Volta para Casa' por aqui, era bem consideravelmente diferente do que foi em geral, em outras bandas. Significaria que eu poderia ser o 'chato', ou algo do gênero? Bem, quem sabe, não sei. Só sei que ter um pouco disso as vezes, simplesmente demonstra que você tem opinião própria, ao invés de sempre buscar pela aceitação das massas. Ou as vezes o indivíduo é só um idiota, que sempre faz isso, para ter justamente atenção delas, mas é claro que não levamos em conta esse tipo de gente.
Multiverso, de fato. E não com 1, ou 2, mas sim mais retornos que isso por conta dessa brincadeira, nos mesmos papéis de anos atrás. Isso numa sequência, cuja deixa deixada pelo seu filme anterior, poderia muito bem ter seguido por um caminho radicalmente diferente, e coeso. E nascia ali, a alta possibilidade desse filme ser assim uma verdadeira vitamina indigesta, para se dizer o mínimo. Mas o que tinha sobrado para eu fazer, naquele nível do campeonato? O que em certas situações, é sempre o melhor a se fazer, independente de tudo, eu diria. O filme é assim? Vamos ver se ele dentro da proposta funciona, afinal. Se eu iria gostar ou não, aí já seria outra história. Não estaria sendo tão diferente do tipo de pessoal que eu já critiquei antes, não é mesmo?
Com isso tudo em mente, eu assisti ao filme no último domingo do ano, dia 26. E por mais que já haja naturalmente um conhecimento mínimo da maioria quanto a certas coisas, nesse caso específico se não você é um ninja mesmo em fugir disso não haverá spoilers aqui, então fique tranquilo. Sem mais delongas, o que saiu disso afinal?
Acho que a melhor forma de começar a falar desse filme, é pensa-lo como um bumerangue. Porque, você diria, bem: um desses vai e volta, e se você não tomar cuidado, você pode ser o alvo dele. Nesse jogo, os 2 primeiros filmes protagonizados por Holland seriam como um arremesso, voltando com eventuais dificuldades. NWH, por outro lado, acaba sendo mais que isso: o bumerangue não só volta mais forte (vindo por trás), como de fato machuca. Externa, e internamente (e levando em conta que o início é exatamente segundos após o final de Longe de Casa), isso fica bem perceptível. O que quero dizer, é que aquele tom de fato mais descontraído, aos poucos vai dando o seu espaço, para esse. Que pode de fato ter em seu meio o que não seria realmente necessário para funcionar, mas que acaba sendo entregue: você colhe o que você planta, mas também precisará lidar com ervas daninhas, e heróis não estão excluídos dessa lista. A série do Gavião Arqueiro recentemente foi um ótimo exemplo disso, mas quem afinal foi um dos que mais demonstrou isso como um todo na Marvel, do que o próprio Homem-Aranha?
E é claro que nessas horas, entra muito do mérito do próprio Tom Holland, que independente da opinião sobre os filmes anteriores, nunca foi de fato o possível problema para alguém, e continua sendo um dos pontos altos. Sua versão apenas ainda precisava de ajustes, e ela não apenas recebe isso, como felizmente nunca deixa de ser o centro do filme, por mais que toda a bagunça multiversal pudesse soar o contrário, antes do lançamento. O primeiro ato conduz tanto Peter (quanto a trama deixada pelo segundo filme) pelas mesmas mudanças que ocorrem aos poucos, com o protagonista ainda tentando manter seu otimismo mesmo diante de uma situação no mínimo embaraçosa, que parece não ter saída. Pedir ajuda em um cenário como esse, não parece uma má idéia.
Novamente, o filme poderia funcionar assim tranquilamente sem Multiverso, mas de toda forma, o conceito acaba tendo de fato seu formato encaixado, no papel de que as vezes, tentar "arrumar" as coisas, só deixa elas piores ainda (e as consequências disso), também. E o protagonista, mais do que nunca, sente o baque disso, já que isso o inclui de fato em especial. Incerteza, medo, raiva, mas o mais importante: ainda seguir em frente apesar de tudo, para evitar mais respingos naqueles com quem se importa. O ator consegue passar tudo isso quando precisa, após já estar com certeza mais que bem acostumado com o papel, a esse nível do campeonato. E claro, de toda forma, o humor ainda continua presente, e de forma geral, ele funcionou bem pra mim.
Já entrando no ponto dos vilões (algo que era de fato um consenso dos filmes de Jon Watts), chega a ser até uma "quebra de maldição", já que como sabemos, os filmes do herói nunca tinham muita sorte quando havia um excesso deles, vide Homem-Aranha 3 e Espetacular Homem-Aranha 2. Alfred Molina claramente não deixa escondido o seu ânimo em retornar como Doutor Octopus, apesar dele tecnicamente não ser bem um vilão aqui, sem entrar em maiores detalhes. O mesmo ânimo, até maior, pode ser dito de Willem Dafoe novamente como Duende Verde, que se mostra o verdadeiro grande antagonista da história. Você percebe mais uma vez a transição entre o confuso e indefeso Norman, para o seu realmente perigoso alter-ego, só no olhar, de quem nunca deixou o personagem sair de dentro de si. Ajuda muito que ele fica é com o rosto a amostra mesmo, já que convenhamos que a cara dele, já é mais assustadora que qualquer máscara. Quanto aos outros 3 figuras (Electro, Homem-Areia e Lagarto), só teria algo um pouco maior a dizer do primeiro, onde Foxx parece de fato mais a vontade no papel do que na época do Blue Man mendigo, onde eles até chegam a dar uma explicação simples, mas aceitável, para sua mudança visual, e ele tem os seus momentos.
Já os outros 2 ainda me soavam um pouco deslocados. O roteiro 'tenta', mas não havia muita razão de fato para o Homem-Areia estar no time dos marvados (levando em conta o próprio arco de redenção dele em HA3), e o Lagarto claramente tá ali só pra evitar que só houvesse o Electro dos filmes do Marc Webb. Uns sabem bem, eu não gosto daquele visual, sem o focinho (apesar que eu não cheguei a me incomodar com ele em cena), mas se fosse pra trazer no lugar aquele Doente Verde do Dane DeHaan, de fato, dos males, o menor. A interação entre eles também rende momentos divertidos, com referências aos filmes passados (essas e outras tantas são bacanas), já que o filme também trabalha bem nesse ponto. De todo modo, o 'Quinteto Sinistro' ainda também cumpre o seu papel geral, na hora da ação (algo que Watts novamente mostra sinais de melhora), com as cenas sendo realmente mais 'duras' para o herói, e bem dosadas ao longo da trama, com destaque para o terceiro ato.
Mas é claro, por mais que eu tenha dito tudo isso que você leu até aqui, o filme não chega a ficar livre de certos problemas, que recaem justamente sobre o roteiro. Um deles, que já tinha ficado estampado, e até virado um meme por uns, quando enfim saiu o primeiro trailer: esse carnaval de personagens todos voltaram, porque o Doutor Estranho errou o feitiço, porque o abestado do Peter ficou tagalerando ali. Eu continuo achando isso um método no mínimo preguiçoso para colocar algo que não estaria no filme de outro jeito. Na verdade, como eu cheguei a até comentar na ocasião, poderiam muito bem ter simplesmente se aproveitado da deixa de Loki (com o Multiverso aberto estando assim muito mais instável do que o Strange imaginava) e com isso, houvesse o erro no feitiço de fato por forças maiores, e não por um garoto tagarelando na orelha dele. Seria uma desculpa equivalente, e aceitável dentro do contexto. E nem foi a última com o personagem, já que o próprio filme tem ciência que pra ele acontecer, teriam de tirar o Estranho do jogo por um tempinho, né (novamente, tinha jeito melhor, e simples), de resolver isso também. Fora isso, uma ou outra coisa que não me tirou do filme (tipo quando um certo personagem simplesmente some), mas coincidentemente aparece no momento que era pra aparecer, mas não é o primeiro nem o último filme que eu vou ver, que tem isso. Vide o meu temor passado, eu já tinha imaginado um cenário muito pior, que só isso.
Alguém apanhou muito nessa cena, e não foi ele |
No fim das contas, Homem-Aranha: Sem Volta para Casa pode não ter sido exatamente o que eu gostaria anteriormente, mas ainda assim acabou se mostrando uma surpresa realmente positiva, que pôde me entreter. E o que parecia um caminhão desgovernado, ainda foi ao fim meio que isso, mas em um bom sentido: tudo que você faz gera consequências, e elas eventualmente te atingem de alguma forma (mas é como você levanta mesmo depois das mais pesadas), que definem o que você realmente é, e o Homem-Aranha sempre foi sobre isso. Chegaram nisso com aquela 'pintada' de fanservice? Sim. Eu trocaria ainda assim o que eu recebi, por algo mais contido? Sim. Mas se funcionou, é o que realmente importa (e pra o que parecia que seria outro caso), é realmente um milagre eu estar dizendo isso.
E como não poderia deixar de ser mencionado, o futuro depois do espetáculo, me parece realmente animador. Que venha a próxima trilogia.
Por: Riptor
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