THE VAST OF NIGHT - 2019
Amazon Prime
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Sinopse: Nos anos 50, um jovem radialista e sua amiga telefonista percebem que
há um som diferente que pode ou não ser alienígena que está rondando a cidade
onde moram e ambos resolvem seguir até o fim nesta história.
Um Cara Nos Comentários me indicou este filme e é com ele que vou abrir o post.
Apesar de tratar de uma ficção científica, este não é um sci-fi na conjuntura
que estamos acostumados nos últimos anos. Sua base está na dinâmica de The
Twilight Zone e direciona o espectador a olhar com atenção como uma notícia é
montada. Saber ouvir, investigar, se arriscar, olhar de maneira profunda para o
que não parece óbvio a princípio. Estes conceitos estão ali e usam de uma
estética ágil para se colocar de maneira funcional. Outro ponto digno de nota é
como Andrew Patterson faz da produção algo impressionante com alguns ótimos
planos-sequências nos primeiros 40 minutos. Mesmo depois ele consegue usar as
edições de maneira contida e quando precisa picotar um pouco mais, é por um
sentido lógico de causar sensações. Há um pequeno momento onde isso não
funciona porque a cena foi mal editada, mas não é muito grave. Também há um
momento e outro que a suspensão de descrença se faz necessário, mas qual filme
não tem um desses para chamar de seu?
As referências acontecem com força e são usadas para causar uma sensação de
nostalgia e o vintage das imagens granuladas do analógico ambientam muito bem. É usado como complementação e não como motivação, o que é um alento.
As metáforas sobre paranoia da guerra, o medo do desconhecido e questões de
época também estão ali. Há pelos menos um sobre racismo que é construído de
maneira vagarosa e seu ápice é uma simples frase dita de maneira calma. É
pesado, ao mesmo tempo que você pode se deleitar sobre como o cinema consegue
subverter as expectativas e entregar um momento tocante enquanto você se
preparar para o estranho e oculto. Se há um filme que se preocupa mais em
mostrar a jornada do que hipervalorizar o destino, é este. Por isso mesmo o
final pode incomodar quem espera por um épico sobre aliens e suas naves
descoladas, mas pode acabar com o minimalismo que a noite causa. É um bom filme
que tem uma suave queda no clímax, mas que persiste na qualidade até seu final.
INSIDE – 2021
NETFLIX
Sinopse: O comediante Bo Burnham faz uma análise do isolamento social enquanto
cria e produz seu musical de dentro da sua casa, totalmente sozinho.
É importante frisar que Inside é somente e tão somente uma visão de mundo muito
específica. Gosto de como Bo faz da sua solidão, depressão e tristeza uma ode à
decadência particular. O que começa como um projeto energético vai decaindo
muito como metáfora ao estado de espírito do comediante diante da solidão que o
Coronavírus causou à época.
A 1ª metade é, definitivamente, um primor. O humor é afinado, as músicas são
bem encaixadas e os monólogos extremamente imersivos. Já a 2ª metade perde um
pouco de força pelo cansaço do formato e até mesmo no esgotamento do Burnham,
que é nítido. Ainda sim tem potencial e consegue prender o espectador até o
desfecho. Não espere nada grandioso, apenas incisivo, divisivo, cômico e, por
fim, melancólico. Tem uma boa dose de autoanálise que se torna cada vez mais
introspectiva a ponto de te fazer temer pela saúde mental da pessoa que se
dispôs apenas a fazer um show de dentro da sua casa. Emociona, se você estiver
na vibe certa.
SHIVA BABY – 2020
MUBI
Sinopse: Uma estudante que encontra seu ficante CASADO durante uma shiva judia.
Gosto de comédias enervantes e esta foi realmente muito boa de assistir. Os
diálogos são constrangedores e as situações mostram bem o limite da
circunstância da protagonista Danielle. O longa de estreia da diretora Emma
Seligman brinca muito bem com as expectativas quebradas de uma comédia que
retrata o sexo e o a busca pela aparência do que não é. As metáforas com comida também funcionam como uma degradação progressiva da personagem e do seu psicológico gradualmente afetado.
Apesar dos elogios, o filme tem algumas quebras no ritmo e a edição boa de vez
em quando se perde na própria linguagem. Não é nada negativamente impactante.
Porém, é um filme gostoso de assistir e observar os limites de quem costuma estar no controle.
DON’T LOOK UP – 2021
NETFLIX
Sinopse: Um cometa está vindo em direção da Terra e todos vão morrer. Mas
ninguém liga.
Leonardo Di Caprio e Jennifer Lawrence estão realmente muito inspirados aqui. Cate
Blanchett está irreconhecível o personagem do Timhotée Chalamet só está lá para
servir de consolo narrativo a um personagem específico. Apesar de ser um longa
que lida com muitas coisas e pareça ser um pouco inchado por causa disso, o
diretor Adam McKay disfarça bem os momentos mais ociosos com aqueles pop-ups legais de tela cheios de informações. Ele sabe quando precisa inserir comicidade e crítica e o drama
acaba parecendo um pouco menos sedutor por conta de todo o sarcasmo. Obviamente
qualquer comparação com o período pandêmico é justa, mas me lembra muito mais o
filme Idiocrassia do que qualquer outra coisa. Muita gente critica as cenas pós-créditos, mas eu gostei mesmo é da primeira que abraça gostosamente a ficção científica. A segunda que envolve o Jonah Hill achei óbvia demais.
NETFLIX
Sinopse: Uma moça simples casa com um rapaz rico, mas ela e seu filho precisam
enfrentar a fúria do cunhado revoltado com este matrimônio.
Não é um filme que me deixou impressionado, mas
é bom de assistir. O tom revisionista tira todo o clima western de obras do
gênero e busca ser estudo de personagens. Funciona e tem momentos que exigem
mais paciência do espectador, mas é engajante muito por conta das
interpretações e desconstruções de seu trio de protagonistas.
Mais um filme com quebras de expectativas e de tensão bem trabalhada pela
diretora Jane Campion. Todo mundo está muito bem, mas os destaques vão para
Benedict Cumberbatch, Kirsten Dunst e Kodi Smit-McPhee. São interpretações
densas e que variam da leveza para o desagradável com muita agilidade. Precisa
ser visto com atenção para que as entrelinhas contem a verdadeira história que
o filme se propõe. E vale a pena mesmo eu achando o final um pouco lugar-comum
demais.
HOME TEAM – 2022
NETFLIX
Sinopse: Suspenso após um escândalo na NFL, um treinador decide auxiliar um
time escolar a vencer suas partidas. Este filme foi baseado numa história real
ocorrida em 2012 e aqui o treinador é interpretado por Kevin James.
Quando sentei com meu filho para ver o longa, não sabia nada sobre ele. Achei
que seria uma daquelas histórias de sempre, mas ao ver todos os atores dos
filmes do Adam Sandler atuando, acendeu uma luzinha amarela na minha alma.
Quando teve uma cena de jogo concomitantemente a vômito coletivo (com
participação deprimente do sempre deprimente Taylor Lautner – o Lobisomem de
Crepúsculo), vi que o produtor era... Adam Sandler! Não é um filme imprestável,
mas chega bem perto disso. Some-se também à comédia tão pedestre que dá pena.
Kevin James se esforça no papel do protagonista, mas o roteiro é péssimo, os
diálogos são horríveis e o excesso de edição nas cenas de jogos deixa tudo
ainda pior. Não dá para fazer muito que salve o longa.
MATRIX RESSURECTIONS - 2021
HBO MAX
Sinopse: Um Neo mais velho vive sua vida como consagrado programador de jogos
da Trilogia Matrix, até o dia que ele tem a chance de saber toda a verdade
sobre sua história e o mundo que vive. Tudo isso enquanto se apaixona por uma
mulher muito familiar chamada Tiffany.
PARA QUEM QUISER SAIR SATISFEITO DESTA PARTE DO TEXTO
Lixo! Horrível! Queimem Lana Watchwoski! Desrespeito com o fã!!
PODE PULAR PARA O PRÓXIMO FILME
((Versão oficial abaixo. Leia por sua conta e risco))
Acredito que a maioria aqui se lembra como eu estava animado com este 4º filme
da franquia, assim como considerei as entrevistas da Lana Watchwoski coerentes
e sóbrias.
Mas...
... é óbvio que Matrix Ressurections é filosoficamente esvaziado, de história
bem mais minimalista e menos inspirada na sua execução. Também é óbvio que o
formato destoa da primeira trilogia, assim como há problemas excesso de lutas
editadas demais em planos fechados e uma clara indecisão na proposta. E antes
que eu me esqueça, a necessidade de tornar tudo uma enorme exposição com pelo
menos dois personagens é sim, bem chata. Assim como é chata a indecisão do
filme entre o nostálgico e a novidade e o Bullet Time problemático demais com
seus efeitos e quebras na imagem. Mas filme RUIM, isto ele não é.
Então o que faz um filme ser mediano neste caso? Não perfeito, ou épico, ou
marcante. Mas mediano.
Gosto das motivações dos personagens. A narrativa privilegia seus motivos e
inspirações, assim como as desconstruções da tríade original de Neo, Trinity e
Morpheus. Também gosto de como o filme trabalha a lógica da nova Matrix A
metalinguagem sobre a franquia é boa e funcional que, apesar de ter mais tempo
de tela do que precisa, serve para dar aos fãs atentos algumas nuances do processo
criativo de Lana com a Warner. Outra verdade esquecida é que Matriz sempre
teve, nas suas entrelinhas, histórias de amor sendo contadas. Tanto a relação
de Neo como Trinitty como Morpheus e Niobe tiveram seus espaços, mas não o
protagonismo. Eu sei que é frustrante ver Matrix com amor em seu mote, mas
ainda que exista confusão entre abraçar o novo e não conseguir esquecer o
velho, toda a processo lógico da narrativa me satisfez. A noção de necessidade
de agora haver dois Escolhidos também é boa apesar de eu reconhecer que muitas
das qualidades que citei aqui acabam servindo muito mais a quem tem desapego
emocional aos filmes anteriores do que a quem esperava algo nos mesmos moldes já
conhecidos. O Clímax, dentro do escopo já citado, é proficiente por dar coesão
e sentido ao mundo (re) criado e o Desfecho é mais concatenado do que o de
Revolutions.
A verdade é que Ressurections não é o melhor da franquia e não tem tanto
impacto em diversas frentes, mas, se avaliado de fora, não é o pior. É apenas
um filme “ok” e isto não é o suficiente para os fãs da trilogia original.
Altamente compreensível e não serei eu a defendê-lo.
THE ADAM PROJECT - 2022
NETFLIX
Sinopse: Um Adam adulto viaja no tempo e encontra seu eu com 12 anos ainda
enlutado pela morte do pai. Ambos precisam unir forças para salvar o mundo de
uma tecnologia que ainda existirá.
Com Ryan Reynolds no papel principal interpretando de novo a si próprio, é um
filme previsível do começo ao fim, com temas que você já viu muitas vezes na
vida (e melhor). Mas tem um roteiro ágil, com ação bem feita e diálogos
divertidíssimos. Os efeitos são quase todos muito bons, mas dá para ver alguns
probleminhas aqui e ali.
A grande sacada é o ator mirim Walker Scobell. O diretor Shawn Levi e os
roteiristas conseguir praticamente recriar um Ryan Reynolds em miniatura apenas
com interpretação e texto ágil. Ficou incrível e ele é o fio condutor emocional
do filme inteiro. Mark Ruffalo está no piloto automático desde que começou a
interpretar o Hulk e aqui não é diferente, mas Zoë Saldaña está muito bem. Ah
sim, Catherine Keener, que faz a vilã mais genérica que já vi.
SPIDER MAN: NO WAY HOME – 2021
DISNEY+
Sinopse: Peter Parker precisa lidar com as consequências de sua identidade
revelada. Para isso ele recorre ao Doutor Estranho para ajudar.
((O parágrafo abaixo contém opiniões impopulares. Se tiver intolerância ao que
os outros acham sobre coisas que você gosta, pule))
((Está avisado))
((Ainda aqui?? Ok...))
((Lá vai))
Claro que é legal ver Tobey Maguire e Andrew Garfield de volta aos papeis de
Homem-Aranha. Claro que é legal ver Alfred Molina e Willem Dafoe retornando aos
holofotes do mainstream. Mas o que sobra? Narrativa buscando se provar tempo todo,
enquanto se revela apenas argumento roteirizado. Morte mal trabalhada e de luto
raso. Soluções fáceis e roteirismos frágeis. As cenas de ação são empolgantes na
sua maioria, porém com Benedict Cumberbatch no piloto automático e seu
personagem altamente nerfado dentro dos próprios parâmetros criados pelo MCU.
Aliás, ele não é o único que é desfavorecido pelo roteiro, assim como alguns
vilões que estão ali quase de enfeite e para o ato final. Ao menos este filme
oficializou que o Peter do MCU ainda estava em construção. Zendaya está bem
como a Michelle Jones e tem os melhores diálogos, mas há pouco a ser feito no
todo. Já o final do terceiro ato me agradou bastante até o desfecho. Dá para
escolher os takes e emoldurar de tão belos que são e, concomitantemente,
carregam – finalmente!! – o fardo do que é ser o Homem-Aranha.
Ao fim da segunda vez assistindo, me peguei pensando: Se HA3 de 2007, com 3
vilões, ação frenética e mais desenvolvimento de protagonista (ainda que limitado
e cheio de coincidências narrativas) foi bem mais criticado, por que No Way
Home encanta tanto sendo bem menos trabalhado e ainda mais inchado? A resposta é simples (ao menos para mim). Porque
este é mais um dos exemplos de filmes do MCU que buscam apenas a autocelebração
através de fan service cirúrgico e ação que busca sempre escalas maiores para
impressionar, enquanto entrega história pífia e roteirismos.
((Fim da opinião impopular. Voltemos à nossa programação normal.))
ETERNALS – 2021
DISNEY+
Sinopse: Vivendo em paz entre os humanos há milênios, os Eternos descobrem que
seus arqui-inimigos Deviantes ainda estão vivos e que eles precisam impedir que
a vida na Terra acabe para que um Celestial possa nascer.
Diferentemente de No Way Home, gostei de Eternals. Talvez porque a diretora
Chloé Zhao seja muito mais autoral e menos massa de manobra como Jon Watts ou
os irmãos Russo. Apesar de nitidamente ela buscar se encaixar no estilo MCU de
produção, dá para sentir a câmera menos nervosa e edição mais cuidadosa, junto de algumas tomadas escolhidas a dedo pela beleza, algo raro de se ver no MCU. A
escolha de elenco funciona quase à perfeição e mesmo com um Richard Madden de
atuação instável, uma Angelina Jolie no automático e um Kumail Nanjiani
caricato demais, todo o resto funciona bem e todos parecem estar se divertindo
em seus papeis. Gostei da Lauren Ridloff como Makkari (meu eterno favorito que
teve gênero trocado no filme) e de Ma Dong-seok como Gilgamesh mais do que
achei que iria gostar. No caso de Lauren, ela faz uma Eterna cativante, de boa
expressividade e adoraria ver mais dela em futuras produções. No geral, a ideia
de peso e presença dos personagens funciona melhor do que tempo em tela. Ainda
que tenha um roteiro simples, expositivo e por vezes um pouco confuso, é bem
direcionado na temática Off Road, nos tons de cinza na relação entre
Celestiais, Eternos e Deviantes e na busca se sentido próprio através da ressignificação.
Os meus dois únicos senões mais incisivos vão para o desfecho um pouco
acovardado, de explicações fáceis e simplório demais e pela Salma Hayek
nitidamente fora de forma em cenas que ficaram muito na cara que eram gravações
adicionais. Mas não é nada que tire a imersão do filme. Um bom acerto da Marvel
Studios, apesar dos pesares. Um bom refresh.
A NUVEM ROSA – 2021
GLOBOPLAY
Sinopse: Um casal formado na noite anterior precisa aprender dividir a vida
depois que nuvens rosas tomam o planeta, matando quem os respira em 10
segundos.
É tanta produção que, por coincidência, fala sobre isolamento e fatores
pandêmicos feito antes de isolamentos e fatores pandêmicos, que parece mentira.
Vamos a mais um caso. Este é um filme brasileiro, gaúcho, para ser mais exato,
e que deu o que falar em alguns festivais internacionais.
Mas é ruim, pretensioso e chato. É um filme desconvidativo. Câmera, narrativa
mal trabalhada, situações promissoras, mas que são retratadas de maneira rasa e
sem peso. Qualquer coisa que apontasse na direção de uma visão cuidadosa sobre
nossa sociedade e suas relações (como o filme se propõe) se perde na pretensão
da diretora Iuli Gerbase de lidar mais com a busca pelo hedonismo quase
caricato e for dummies, além das elipses pouco inspiradas e bruscas. Apesar da
escolha feliz da atriz Renata de Lélis como protagonista, pouco ela tem o que
fazer com linhas de diálogos ruins e direção ainda crua demais. Eduardo
Mendonça no papel de coprotagonista está sofrível. De dar sono e esquecível.
SPENCER – 2021
Apple TV, Google Play, Amazon Prime Video
Sinopse: Passado nos anos 90, mostra o Natal de Diana e da família real que
antecedeu seu divórcio com o Príncipe Charles.
Se A Nuvem Rosa é desconvidativo de maneira incidental, Spencer o faz ciente
desta característica e a engloba à narrativa. Diferente do que se fala, não é
um retrato fiel de acontecimentos da vida da Princesa Diana, mas sim usa da
visão imaginativa e especulativa do diretor Pablo Larraín. Tudo neste filme é
frio, com enquadramentos que diminuem a presença da Kirsten Stewart, mas em
compensação o figurino é usado como fôlego para que a protagonista sobressaia.
Isso causa uma boa impressão. Em determinados momentos o longa flerta com o
terror, mas acaba sendo muito mais um reflexo da mente sofrida de Diana do que
outra coisa, ainda assim há peso, impacto e incomoda. Precisei procurar sobre a
cena de um jantar específico que a música ambiente é usada como trilha para o momento de
tensão e descobri que isso se chama diegese. É bem inventivo para um filme mais
parado, mas repassa muito bem a mensagem sobre o psicológico da protagonista e a opressão da tradição e da riqueza quase luxuriosa.
O Mise en scène é bem teatral e a cinematografia congrega bem com o tom que o
Larraín busca ao retratar uma sensação do que era os anos 90. Para ajudar a
empalidecer o luxo da família real, tudo mais voltado à dessaturação e o efeito
disso durante as cenas diurnas são bem interessantes. A Kirsten não parece a
Diana, mas parece uma boa atriz tentando ser Diana, o que me causou muito incômodo inicialmente porque ela não está madura ainda para algo tão portentoso. Demora um pouco para o
espectador entender tanto a proposta dela cheia de trejeitos como a do diretor
com tudo o que citei aqui, mas há uma boa noção para onde o filme vai. E
consegue. Apesar de haver muita ficção em Spencer, até pela mítica da imagem da
Princesa Diana, um roteiro vagaroso e uma dificuldade inicial em se conectar
com quem assiste, o longa é bom. Não é marcante, mas tem um valor reflexivo interessante.
MALCOM & MARIE – 2021
NETFLIX
Sinopse: Um diretor, logo após a noite de estreia de seu filme, precisa
enfrentar a crítica dos jornais, ao mesmo tempo que lida com sua namorada
magoada pela falta de reconhecimento pela sua contribuição do longa.
Sam Levinson dirige esta obra sobre algumas horas de cotidianismo inserido em
batalhas titânicas e argumentativas de um jovem casal em crise. Ao invés de
apostar em câmera dinâmica, ele deixa os enquadramentos quase estáticos para
focar no que realmente importa: as interpretações belíssimas de Zendaya e John
David Washington. Assim como o diretor abre mão da tensão em prol do
constrangimento de ver um casal expondo o outro sem medo para simplesmente
terem razão. Apesar de focar muito no estudo de personagem, tudo é feito tão
magistralmente que não se sente o tempo passar enquanto assiste.
Só não o acho perfeito porque em alguns momentos o filme tenta se levar a
sério demais sobre o discurso do que é cinema e parece querer ditar como o espectador deve se sentir sobre isso. Soa prepotente, mesmo que seja difícil não
dar uma certa razão para a visão do diretor.
C’MOM C’MOM – 2021
(...)
Sinopse: Um documentarista precisa passar um tempo com o sobrinho de 9 anos
enquanto sua irmã viaja para ajudar o marido.
Realista até sua raiz, C’mom C’mom se preocupa mais em mostrar a inocência do aprofundamento
de laços do que lamentar os elos rompidos. É um filme que, ainda que seja
proficiente no alvo, exige muita paciência do espectador, o que o torna
cansativo. A ideia é justamente esta: fazer quem assiste cansar junto do
protagonista, interpretado por Joaquin Phoenix, que fica exausto em vários momentos.
Woody Norman dá vida maravilhosamente bem a uma criança cheia de nuances e
questões profundas como hereditariedade e a própria infantilidade. Gaby Hoffmann
interpreta a irmã de Phoenix e tem tempo de tela o suficiente para causar
várias sensações. Desde desdém, aproveitamento, até mesmo uma irmã que precisa
de apoio mesmo que divirja do irmão. Mas acima de tudo, o diretor Mike Mills
tenta mostrar que, para além do agora mostrado no filme, o antes e o depois que
nunca veremos, tem sua importância intrínseca na construção dos personagens.
Não é um filme ruim, muito pelo contrário. É muito bom, para ser honesto, e
importante (palavra que nunca uso como adjetivo) como arte de alto calibre. Mas
a falta de dinamismo narrativo desgasta depois de 40 minutos (num total de 1:49h)
de filme. Ainda assim, o final é bonito, feliz e dá vontade de soltar aquela
lagriminha gostosa.
Então é isso. Espero que tenham gostado.
Abraços, Saitama.
Abraços, Saitama.
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