É muito difícil você ao menos não ter conhecido uma pessoa, que não tenha tido sentimentos por dinossauros. Principalmente, é claro, após a estreia do primeiro Jurassic Park, que catapultou a chamada 'dinomania' para novos níveis (quem me conhece mesmo), sabe que eu nunca escondi meu grande entusiasmo sobre o tema rs. Eu tinha literalmente 2 caixas de dinossauros, quando eu era criança, que eu colecionava com aqueles que viam em pacotinhos. E nunca era o bastante, porque se eu visse um em especial, a minha mãe seria importunada. E detalhe: eu era MUITO bom nisso!
E isso continuou, ainda mais com outras mídias onde podíamos ver esses cidadãos escamosos ou emplumados, dependendo do caso. Em Busca do Vale Encantado, o clássico 'Dinossauro' da Disney, O Vale de Gwangi, documentários dos mais diversos...e claro, e como não podia ser diferente, na franquia transferida para as telonas por Steven Spielberg, ao adaptar (de forma até que bem livre, diga-se de passagem) a obra literária de Michael Crichton. O impacto de Jurassic Park é sentido até hoje, e não é atoa que ele se transformou na base de uma saga de jogos, séries animadas, e mais filmes. E é com isso em mente, que vamos agora falar de Jurassic World: Domínio, que eu pude finalmente assistir no último sábado.
Vamos começar pela trama: simples, e direta. Jurassic nunca foi uma franquia de fato de roteiros super-elaborados, então não acho que seria agora que iriam querer mudar isso. Apesar de eu sintir que o ritmo do filme seja relativamente acelerado (isso que estamos falando de um de 2 horas & meia), então você nunca sente que as coisas estão realmente paradas. É algo que dá dinamismo, mas também prejudica um pouco certos elementos que eu imagino que gostariam de serem mais vistos, apesar de sua frequência. Domínio segue a filosofia básica da saga, de que nós, humanos, somos um trem descarrilhado em looping eterno, mas que espera por algum motivo resultados diferentes, porque "agora eu aprendi". Se por um lado você pode considerar isso "ok, eu já entendi isso", do outro na prática...é uma realidade cruel, que só não envolve dinossauros. Aqui, mesmo com todas essas criaturas já espalhadas pelo planeta inteiro após a deixa de Reino Ameaçado (goste ou não, dono da decisão criativa mais devida que a série fez em anos), claramente ninguém aprendeu nada de porque se chegou naquele ponto. E claro, não só não aprenderam nada, como se importaram mais em como poderiam ganhar com isso, apesar das consequências.
Assim entra no jogo a Biosyn (lembra da InGen? Imagine que ela era uma Coca-Cola), e essa primeira uma Pepsi desse ramo de clonagem, e o seu chefe Lewis Dodgson, que caso você não lembre, apareceu no primeiro filme de 93, e sendo o responsável direto por aquele gordo desgraçado ter ocasionado o que aconteceu lá não entrando no campo dos spoilers, mas esse filme faz um bom lembrete disso em uma cena. Esse figura que por algum motivo aqui parece um protótipo de Steve Jobs quer usar os dinossauros pra ficar ainda mais ricasso, agora curando doenças usando os genes deles, mas na verdade ele é um grande FDP, e tá fazendo uma coisa em especial, que pode dar terrivelmente errado, e assim temos os motivos para os protagonistas (tanto dessa trilogia recente, quanto dos da clássica) se unirem para impedir isso. Mais uma vez, o vilão empresarial megalomaníaco, não tem muito o que dizer (o próprio filme meio que cutuca o personagem por isso), então é clichê, é batido, e nem os envolvidos parecem querer discordar. De toda forma, a força maior da trama está em torno disso.
Com base nisso, lembra que eu falei que o dinamismo do filme, afetava assim alguns elementos? Pois bem: o próprio conceito dos dinossauros estarem espalhados por aí, nunca deixa de fazer parte da trama (o começo dele ressalta justamente isso), além de momentos ao longo do filme, particularmente em uma sequência em Malta, onde há uma expansão interessante desse conceito, que segue uma lógica básica: depois da surpresa, chega o momento de "normalidade" (ou algo do tipo). Então além do já tradicional contrabando de dinossauros, temos apostas envolvendo eles, jogos envolvendo eles, e até mesmo culinária envolvendo dinossauros traficados, como uma forma de serem enquadrados à uma "vida típica" pela sociedade. Mas isso não chega ainda a ser exatamente o foco maior da trama, e sim algo que recebe um complemento, para poder ser provavelmente mais explorado no futuro. Talvez se fosse um filme em 2 partes, já pudesse haver isso, mas ok.
Dilofossauro retorna à franquia totalmente na base dos efeitos práticos |
Ainda falando dos dinos, é ótimo ressaltar também os efeitos práticos (a própria sequência em Malta é bem servida desses momentos), além de uma marionete da filhote da Velociraptor Blue, e até mesmo no Giganotosauro, que como já vendido anteriormente nos trailers, serve como uma das ameaças jurássicas da vez. Não que o CGI seja algo que essa franquia deixe a desejar (até mesmo o questionável Jurassic Park III tem um acerto nisso), mas é inegável que é excelente ter aquele sentimento dos primeiros filmes de Spielberg - com criaturas de fato 'reais'. Além do mais, há uma boa expansão no catálogo de espécies na série no ramo de cinema (não apenas com dinossauros & relacionados, vale dizer), além de trazer de volta alguns velhos conhecidos, como o eterno Dilofossauro.
Quase 30 anos depois, novamente juntos! |
Mas eu não poderia me esquecer, obviamente, de comentar mais profundamente daquilo que foi o grande marketing desse filme: o retorno do trio clássico de Jurassic Park, que obviamente causa sentimentos fortes em todo fã da série. Mas mais do que apenas alguma tática de nostalgia bait, Alan Grant, Elli Sattler e Ian Malcolm tem realmente um papel importante para o andamento da trama, tanto é que o filme sabiamente se divide entre o núcleo de Owen e Claire, e o núcleo do trio, que possuem enredos paralelos que acabam se cruzando, para assim formarem de fato um time.
Na verdade (sem entrar em spoilers), se você analisar, Alan, Ellie e Malcolm estão muito mais envolvidos na história, do que os próprios protagonistas mais novos, que acabam se envolvendo nisso mais bruscamente por uma questão que acaba surgindo mais urgentemente, digamos assim. E nem mesmo a motivação do trio clássico envolve tanto os dinossauros em si, o que faz todo sentido com o que esses personagens já passaram (principalmente Grant e Malcolm), que passaram por situações embaraçosas envolvendo essas criaturas, 2 vezes. Tanto Laura Dern quanto Sam Neil estão claramente à vontade em seus papéis icônicos, mas dos 3, o destaque fica mesmo para Jeff Golblum. Eu já falei aqui que eu gosto de personagens sarcásticos, então rever o velho Malcolm em seu melhor estado como apoiador da teoria do caos, é impagável, principalmente diante de sua opinião sobre certas coisas introduzidas na nova fase da franquia, como o próprio fato de domar e treinar dinossauros.
Aliás, uma surpresa positiva para mim quanto à personagens nesse filme, foi a novata Kayla (vivida por DeWanda Wise), uma mercenária que acaba ajudando Owen e Claire no meio do caminho. Achei ela divertida, e teve um momento que ela me fez rir, e sinceramente gostaria de ver mais dela futuramente (apesar dela meio que também existir na história), porque o roteiro precisava, mas tudo bem. As cenas de ação também são legais, apesar dos trailers já terem dado uma ideia de muitas delas, mas é justo notar que Colin Trevorrow tentou criar uma maior variedade delas dessa vez, principalmente agora que não estamos mais presos em um único cenário de parque.
No fim das contas, Jurassic World: Domínio é um filme divertido, que se aproveita em especial de seus importantes retornos (que de fato tem um papel importante no resultado final), enquanto percorre seu caminho de aventura & ação, apesar de eventuais buracos nessa estrada. Existem elementos que poderiam ter sido mais explorados, algumas eventualidades de roteiro (algumas maiores do que outras), além de algumas oportunidades que poderiam ter sido aproveitadas, mas que acabam escapando. Mas ao fim do dia, eu sai da sessão satisfeito, principalmente com aquela cena final, que sinceramente, quem estava assistindo aquilo era o meu eu de 10 anos. Era isso mesmo que eu queria sentir.
E se seria mesmo o "fim da saga jurássica".....eh, pra mim não. Eu diria que de fato esse filme fecha o arco tanto dos personagens dessa trilogia, quanto da original, mas até pelo que eu já disse até aqui, há sim deixa para isso continuar. Mas por agora, é justo deixar os dinossauros descansarem um pouco (pelo menos do cinema), antes que isso aconteça.
Afinal de contas, a vida sempre precisa encontrar um meio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário