No capítulo Anterior:
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Outro sábado havia chegado, e mesmo que estivesse com seus problemas de herói na cabeça, Pedro decidiu sair um pouco, à convite de Melissa. A dupla foi assim até um determinado bairro, que era um pouco mais afastado do centro, onde comerciantes menores faziam seu trabalho. Naquela ocasião, em específico, uma festa havia sido planejada, algo que já era tradicional de tempos em tempos.
- Acredita que a última vez que eu vim aqui, foi quando eu tinha 8 anos? O meu avô fazia negócios aqui - Declarou a garota. Ela parecia de fato feliz em relembrar essas coisas.
- Então realmente faz um bom tempo! - Respondeu Pedro. Melissa tratou de se virar para ele, para demonstrar um sorriso com os olhos fechados, antes de continuar a conversa, enquanto remexia os cabelos.
- Tinha um garoto mala sem alça que também aparecia aqui, só para me encher o saco. Ele me chamava de Mônica.
- Rsrs.
- Qual é a graça? XD
- Eu não vou perguntar, porque você irá ficar braba comigo....
- Besteira, fale!
- Você era dentuça pra ele te chamar de 'Mônica'? Kkk.
- Eu só tinha alguns dentes um pouco mais pra frente, mas aquele banana sempre aumentava isso rs.
- Se você tá dizendo...
- Você tá sendo irônico por acaso, Pedro Prado?
- Eu? Não....kkkkkk.
- Moleque sem graça kkkkk - Dizia a garota, ao soltar suas risadas em conjunto com ele. Em seguida, ela colocou sua cabeça sobre um dos ombros do mesmo, ao mesmo tempo que esticava um dos braços para o colocar sobre o outro. Pedro, naturalmente, ficou meio sem jeito com isso.
- Eh, mas voltando ao assunto...qual era o nome dele mesmo?
- Ah, Félix....Félix 'pomposo' Thompson. Ainda cheguei a vê-lo em algumas oportunidades. E talvez, talvez tenha se ajeitado.
- Ou não.
- Você fala com tanta certeza.
- Acho que eu já estudei com esse aí. Pelo menos antes dele ser transferido de escola...já diz muito.
- Nas últimas vezes umas me diziam até que quem sabe ele queria alguma coisa comigo, mas queria bancar o 'difícil' rs. Mas, não, sem chance.
- Não faz meu tipo.....
Pedro havia entendido aquela indireta (ou direta, mesmo) que Melissa havia feito naquele momento. Os dois continuaram andando, até que o mesmo decidiu então parar por um momento, ao se virar para ela.
- Ah, Melissa.
- Sim?
- Tem uma coisa que eu queria te dizer.
- Ah, claro! O que é?
- É...
- É...
Pedro estava claramente meio nervoso naquele momento, mas sabia que teria de falar sobre aquele assunto com ela, cedo ou tarde.
- É que e...
Antes que Pedro pudesse continuar, o garoto rapidamente se virou para trás, ao ouvir alguma coisa. Apesar de não ter visto muito, o mesmo teve a impressão de ter visto ao fundo, um vulto.
- Pedro tá tudo bem?
- Eu....eu não sei.
- Você viu alguma coisa?
- Eu acho, e...
- Meu Deu...
Naquele momento, um homem foi jogado para outro canto dali, mas felizmente não havia sido nada grave. Ainda assim, era um sinal claro de que alguém não muito amigável estava por ali.
- Desculpem por atrapalhar a festa, estou procurando uma pessoa. E acho que ela pode estar aqui!
- Kraven - Declarou ambos ao mesmo tempo, ao verem o vilão ali. Pedro logo em seguida, já começou a tentar procurar um lugar mais afastado.
- Pedro, aonde você está i...
- Me trocar - Respondeu ele, ao levantar apenas um pouco a camisa. Melissa já havia entendido.
- Você me disse que iria tentar esfriar um pouco a cabeça.
- O plano era esse, mas heróis precisam ser precavidos nessas horas....ou algo do tipo.
- E sobre aquilo que você iria me fal...
- Ah, é mesmo, eu falo depois, isso parece mais urgente, não é mesmo? - Falou ele, com um sorriso amarelo.
- É, não tem como eu...
- Ok, ele sumiu mesmo.
- Arg, e lá vamos nós de novo - Dizia Pedro, enquanto dava um jeito em suas roupas, antes de colocar sua máscara.
- Alô?
- Oh, Pedro! Como vai garoto?
- Muito bem, Sr. Walther. Eu só precisava falar rapidão com a Fernanda, ela tá aí?
- Ah, claro, um momento.
- Oi campeão, achei que não iria ligar hoje - Respondeu ela, com um sorriso do outro lado da ligação.
- Ah, sabe como é, quis tirar um tempo pra...não fazer nada!
- Hum, entendo. Mas tá tudo bem aí?
- Então: era sobre isso que eu queria falar com voc...
- Espero não estar atrapalhando a conversa - Declarou Kraven, ao estar acima do beco aonde Pedro havia se deslocado.
- É o...
- Eu falo com você depois.
- P...
- Quem era?
- Não querendo ser 'selvagem', Kraven, mas não acho que é da sua c..
- ARGH!
- Puff... - Declarou o herói, ao rapidamente desviar do golpe do adversário, que foi para cima do mesmo com uma lança.
- E parece que a temporada de caça já foi reaberta para este figura aqui - Declarava J.J. Jaime naquele momento na televisão, ao apontar para uma foto de Kraven. - E levando em conta o histórico dele, acho que ninguém aqui precisa ser um gênio, para imaginar quem também deve estar por ali, não é?
- Pai, eu vou sair, ok? - Declarou Fernanda, após ouvir aquilo.
- Ok, só não chegue tarde, por favor.
- Pode deixar, te amo.
- Eu também filha.
- 'Aquele cara está levando isso realmente à sério' - Pensava ela, enquanto se dirigia ao local aonde estava ocorrendo aquilo. - 'Mas ele não é o único...'
- Será que realmente, não poderíamos resolver isso de outro jeito? - Perguntava o Homem-Aranha, enquanto desviava dos golpes de Kraven. O caçador em seguida responderia, após dar um pequeno sorriso.
- Hum....talvez.
- Já é algo, então o que? Uma roupinha nova...
- Eu estou precisando de um tapete novo.
- É mesmo, tem alguma preferência?
- QUE ELE SEJA FEITO DO SEU COURO!
- Ah, não, ele não está a vend...
Antes que o herói terminasse, Kraven o agarrou pelo pescoço, antes de joga-lo para outro canto dali. Após isso, o caçador retirou uma de suas adagas que guardava, enquanto ia em direção ao seu alvo.
- Arg....
- Mas então, Aranha. Você sangra?
- A...
- Ah, mais vai sangrar muito!
- Esse filme não é muito bom, não...
- Mas o q..
Antes que terminasse de falar, Kraven teve sua visão outra vez tapada por Pedro, que se aproveitando da distração improvisada que havia feito, conseguiu mirar suas teias nos olhos do vilão.
- Ah, muito be...
Mas a sorte ainda não estava 100% ao lado do herói: apesar de não poder vê-lo, Kraven (em seu momento de raiva) ainda conseguiu atingi-lo fortemente, o disparando para uma rua vizinha. Felizmente, o cenário já se encontrava vazio. Ou, pelo menos, era o que parecia.
- Ah.....ah....ai...
- É....olá? - Dizia o herói, ainda meio tonteado, ao ver uma figura ao seu lado, olhando para frente.
- Aonde está o Kraven?
- Ah, você...conhece ele?
- Diria que já o suficiente.
- Eu estava tentando lidar com ele, de novo. Mas ele está realmente motivado.
- Não é só ele que está.
Com isso dito, aquela figura começou a se afastar do herói, em direção ao seu objetivo.
- Hey, espera aí! Você pode se machucar mesmo com esse cara.
- Não é comigo, que você devia se preocupar.
Aquela figura continuou andando, em direção ao seu rumo. Já Pedro, apesar do jeito que se encontrava, se levantou, enquanto tentava acompanha-lo.
- Você que vem aí, será que viu uma certa Aranha por aqui? - Perguntou o caçador, ao ver aquele que ia em sua direção, antes de parar por um momento. Pedro estava bem ao fundo, observando.
- Você deve ser quem chamam de Kraven.
- Correto. E você seria...
- Meu nome não importa, e sim o que eu vim fazer.
- Entendido. Que s...
- K'un-Lun é um nome familiar pra você? - Indagou.
- Eu já fui lá uma vez. Negócios.
- E tinha alguém....lá?
- Ah, sim. Um senhor. A ideia era bem simples: eu pegava o que eu precisava, e era isso. Mas digamos, que ele não parecia muito de acordo....
Aquele já começava a rangir os dentes naquele momento, enquanto um de seus punhos se fechava.
- Esse senhor, se chamava Lei Kung. Um bom homem.
- E talvez esse que seja um golpe triste, não é? Homens bons, também podem ser homens ingênuos.
- CALE ESSA BOCA!
- Acho que eu estou vendo, como isso vai se desenrolar. Acredite, amigo: quando acontecem certos, 'poréns', no meu trabalho...dificilmente é pessoal. Você acha que eu gosto, quando acontece?
- Arg...a..
- Não, eu não gosto. Mas se quiser saber, ele teve uma morte honrosa, eu diria. Ele era um defensor, ou algo assim. Então, ele morreu pelo que ele acreditava. Parece justo, não é?
- Agora, se me der licença, acho que não vale a pena gastarmos nossas energias com i...
- EU NÃO VIM AQUI PRA CONVERSAR COM VOCÊ, SEU LARÁPIO!
- E o que você acha que vai conseguir fazendo isso?
- Justiça.
- Rs, está bem. Mas acho que você não devia subestimar, quem está prestes a lidar. Aqueles que subestimam Kraven, caem.
- E quem subestima o Punho de Ferro, também cai!
- 'E eu achando que ele era um personagem de quadrinhos....' - Pensava enquanto isso Pedro, ao observar aquilo tudo.
- Oh, gostei da luz no punho. Deve ser útil à noite.
- Vai ser também pra esfarelar essa sua cara!
Com isso dito, Punho de Ferro partiu para uma violenta investida para cima de Kraven, com seu punho irradiando luz fortemente. O caçador tratou de desviar dos golpes que se seguiam, antes de dar uma cambalhota para pular por cima de seu adversário, ao mesmo que desferiu um golpe para chutar o mesmo, com os pés. Punho novamente fez outra investida, mirando no rosto do mesmo, e até conseguiu acerta-lo, apesar do caçador dar um contra ataque, o jogando contra uma parede.
- Bom movimento, jovem - Declarou ele, ao agarrar seu pescoço.
- Bom, porém FRACO
Kraven então o jogou para o outro lado, mas seu adversário tratou de fazer outro movimento para acerta-lo, ainda que tenha sido segurado pelo caçador. O vilão então fez um movimento, ao pegar o braço do alvo para torce-lo, antes de realmente dispara-lo.
- Quer saber de uma coisa, 'Punho de Ferro'. Acabei de me lembrar de uma coisa, de quando fui para aquele fim de mundo gelado.
- Um pouco antes do final daquilo, aquele cara estava exatamente assim também. Esmiuçado no chão!
- HORA SE...
- ARG!!
Punho acabou caindo de volta, ao se segurar em um canto. Antes que pudesse ter feito outra tentativa de golpe, ele havia sido atingido por Kraven, que se defendeu ao usar suas lâminas.
- Você não está lutando contra uma pessoa. Você está lutando contra um animal! - Proclamava o caçador, ao se aproximar. Ele então se abaixou, para ver seu adversário de perto.
- E então....acha que o vingou, assim?
- EU VOU T....EU VOU TE M...
- Me matar? Hum...na selva, alguém na sua situação, estaria no cenário contrário, diante de um predador nada misericordioso.
- Mas acredite....eu ainda não me encaixo nisso. Até porque...
Antes que continuasse, Kraven deu um soco na face de Punho, que apenas cuspiu um pouco de sangue no chão como resposta.
- Eu prefiro gastar minhas energias, com o que eu já estava fazendo.
Com isso dito, Kraven se retirou dali, para voltar ao seu foco anterior. Pedro observou tudo aquilo, e após esperar o mesmo se retirar dali, foi para perto do derrotado.
- Hey, hey, tud...ah, quer dizer, claro que você não tá bem, mas...
- Ah...você de novo...
- Claro, aquele cara também é meu problema, depois de algum tempo.
- Talvez ele tivesse algum pingo de razão. Eu não vinguei ninguém, sendo um saco de pancada...
- De fato não é legal ficar desse jeito. Mas, vingança....acho que isso não te ajudaria.
- O que quer dizer com isso...
- Bem...já pensou que o Kraven se aproveitou da sua raiva? - Questinou o herói, enquanto esticava uma das mãos para o outro. - Aliás, qual é o seu nome?
- Danny. Danny Rand - Respondia ele, ao aceitar a ajuda para levantar.
- Prazer Danny, sou o Homem-Aranha.
- Eu percebi, você é meio famosinho aqui.
- É, um pouco. E assim, sem querer ser chato....K'un-Lun existe mesmo?
- É, existe. Eu treinei minhas habilidades lá, com o meu mestre. Ele era uma figura muito importante pra mim.
- Eu imagino. Eu sinto muito, pelo que aconteceu.
- Então você chegou mesmo a...
- Sim, eu ouvi, e vi, tudo. As vezes temos de ser observadores, eu acho.
- Hum.
- O que tá acontecendo ali?
- Conhecendo esse lugar, eu posso te dizer que não parece boa coisa - Respondeu. Naquele momento, o celular de Pedro voltou a tocar.
- Alô?
- Melissa, aonde você tá? - Perguntava o mesmo, enquanto ia para um canto.
- Eu estou por aí, em outra rua. Todo mundo já saiu bem dali, felizmente. E você?
- Eu estou tentando resolver aqui. Conheci um cara, que acho que pode me ajudar nisso.
- Que...
- Melissa?
Antes que terminasse, Melissa se virou para trás da onde estava, ao ter ouvido alguma coisa.
- Melissa você tá aí?
- Essa não.
- Olha quem está aqui. Eu me lembro de você - Declarou Electro. O vilão já estava causando problemas elétricos por ali, ao ter seguido novamente Kraven.
- Ah, é mesmo? - Respondeu ela, nervosa.
- Claro, você não era aquela jornalista da árvore, naquela vez que eu estava lidando com o Cabeça de Teia?
- Ah, é, é, era eu..sim....
- Rsrs. Eu sei que o lema do jornalismo é a notícia acima de tudo, ou algo assim, mas...não pode abusar da sorte também, não acha?
- Melissa, eu por acaso ouvi a voz d...
- É, v-o-cê está corretíssimo...
- Mas você me ajudou a fugir por causa disso, então digamos que eu te devo um obrigado, mocinha! E, para falar a verdade...
- Mel...sskdssz...z.z....
- P...drog.. - Dizia a mesma, ao ver seu celular desligar, num instante.
- Você vai acabar me ajudando de novo - Declarou o vilão, ao criar um círculo elétrico ao redor da mesma. Após isso, ele ainda soltou um raio para cima. Era quase como um sinal, para quem estivesse por ali. Especialmente, se ele estivesse trajado de super-herói.
- Electro. Essa não.
- Já percebo que esse outro cara deve mexer com eletricidade.
- E pior, ele pelo jeito está com a minha...
- Namorada?
- Eh, não.
- Amiga?
- É, tipo isso. E eu ainda tenho de me resolver com o Kraven.
- Bom, acho que você vai precisar de ajuda.
- Tô aceitando.
- Muito bem. Você vai atrás do Kraven, e eu me resolvo com esse Electro, e trago a sua....conhecida, intacta.
- Obrigado, Danny.
- É o mínimo que eu posso fazer - Respondeu o mesmo, com um sorriso, antes de ir em direção ao local.
- E aí está você! - Declarou então Kraven, ao reaparecer, em cima de um telhado, com uma lança em uma das mãos.
- Acho que isso já se prolongou o suficiente.
- Se fosse tão fácil, já teria terminado, meu caro. Mas você tem razão.
- Hora de encerrar, o que muitos adorariam estar fazendo agora.
- Isso que eu chamo de confiança.
- Isso, Homem-Aranha. Isso, eu prefiro chamar.
- DE BUSCAR O QUE É DE DIREITO!
- 'Ah, certo Pedro. Não tem como ficar pior que isso'.
- 'Ou talvez tenha?'
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