sábado, 22 de outubro de 2022

UMA BREVE ANÁLISE SOBRE O SUPERMAN DE ZACK SNYDER


Há meses eu tenho pensado sobre o Superman de Zack Snyder. Para ser mais honesto, desde que escrevi aquela matéria sobre os sete pecados do diretor (que você pode ler AQUI). Tenho uma certa visão do personagem quanto cinema desde Man Of Steel e dado ao ânimo que parece ter tomado as pessoas com a possibilidade da retomada do personagem no universo da DC, acho que agora é um bom momento para dividir o que penso com vocês.

Provavelmente vou dar algumas informações muito específicas aqui e se houver dúvidas sobre algo, posso mandar referências na área de comentários.

Antes de mais nada, cabe fazer uma rápida análise sobre os pilares da criação do Superman.

Publicado pela primeira vez em 1938, ele foi o primeiro super-herói a existir quando as revistas pulps começaram a perder nicho na metade da mesma década por conta da saturação, advento da popularização da TV e por fim, por questões econômicas provenientes da Segunda Guerra. Este foi um momento complicado e que não vou aprofundar aqui. Porém, fica um pouco de contexto para que possamos ter uma base maior de como Superman foi importante como personagem e, mais do que isso, entendermos conceitos basilares de seu funcionamento.

Já vi algumas pessoas dizendo que Superman foi criado para uma necessidade de sustentação egocêntrica da economia, à época, estagnada dos Estados Unidos, o que discordo. Por mais que houvessem motivações financeiras de Jerry Siegel e Joe Shuster – algo que é meio óbvio, afinal, artista não paga conta com aplausos -, o que realmente nos interessa são suas inspirações. Quando analisamos o primeiro “modelo” para a criação do personagem, o artista circense Zishe Breibart carregava muito da mítica que o circo tinha no início do século XX. O mistério de seus artistas, seus truques, a “magia” que fascinava adultos e crianças. Tanto a infância de Siegel e de Shuster passaram pelos feitos de força e resistência de Breibart. Ele tanto já ergueu filhotes de elefantes quanto segurava globos da morte. Para aquele período, era algo que arrebatava o público.


Porém, o protocolo do mistério era algo que Zishe quebrava sem pudor ao dar entrevistas para jornais. Ostentava sua coleção de livro e cuidado com a natureza. Isto fazia com que ele fosse visto mais do que um homem de força acima do comum como também o fazia ser admirado como uma pessoa intelectual. E isso inspirava crianças assim como inspirou o os criadores do Superman. Isso era somado com a paixão que ambos tinham com as revistas pulps de ficção científica. Naves espaciais, alienígenas e viajantes do espaço tinham lugar especial em suas inspirações.

Porém, estes não foram os únicos elos da corrente que resultaram na criação do Superman. Houve outro muito importante, mesmo que estivesse sob camada protopop do sucesso do personagem: A filosofia.

Eu amo filosofia, já deixei claro isso desde que entrei no Disqus em 2016, e poderia citar como Arthur Schopenhauer (1788-1860), que tinha pressupostos de Immanuel Kant, fez de Friedrich Nietzsch (1844-1900) um dos precursores do que viria a ser Superman. Seja moralmente com seu Übermensch (traduzido como o herói homônimo, mas com um hífen) de valores próprios, quase professoral; De viver a aventura, ou o perigo, de maneira intensa; Estar além do homem e ser um objeto a ser alcançado pelas pessoas como um ser humano ideal; E ainda assim idolatrar o conceito de vida e assim desejar o equilíbrio das coisas. Esta última é uma simplificação grosseira que estou me dando o direito de fazer sobre o Eterno Retorno, conceito do filósofo que se colocava como uma defesa contra o niilismo. Ou seja, em sua gênese, Superman – o da década de 30 – era um personagem que foi trabalhado como um tipo de norteador. Isto foi retratado diversas vezes nas HQ’s.


Ainda assim, ainda há crueza nos conceitos do que Superman viria a ser. Está tudo lá, mas ainda faltam algumas coisas. A objetificação circense de Zishe Breibart e sua força, a moralidade e o salto de fé do Übermensch e então vem o mais importante que não é sentido de primeira, mas é preciso olhar clínico para perceber dois pontos cruciais para compreensão do que viria a ser o herói: A mutação do conceito de Nietzsche quando sua irmã Elisabeth Föster-Nietzsche, antissemita e racista, apresenta os conceitos do irmão, este então já falecido, ao nazismo, fazendo com que as ideias fossem distorcidas, inclusive dando ao Übermensch um estereótipo ariano, de perfeição branca e “pura”. Fredrich Nietzsche era um germânico cruel na escrita, mas sem o nacionalismo intrínseco que depurou o nazismo. Já o famoso Richard Wagner, maestro e amigo do filósofo, este sim era nacionalista E antissemita. Não por menos Hitler adorava suas composições.

Com isto não quero acusar Joe Shuster e Jerry Siegel de serem simpatizantes do nazismo, mas é importante salientar que estes conceitos filosóficos, porque não dizer autoritários, eram enraizados na cultura como um todo durante a década de 20/30 e 40. Talvez o melhor exemplo seja falar sobre a estética totalitária ou comumente chamada de arte fascista. Estética esta que é usada em HQ’s de heróis há muitas décadas (até hoje, para ser honesto) para dar grandeza à fisicalidade perfeita de seu líder, à autoridade, nacionalismo, bons exemplos e trazer uma certa noção de retidão aos monumentos e suas linhas, mexendo com o inconsciente mostrando a perfeição dos elementos referentes ao regime fascista. Há também alguns elementos esculturais sobre o corpo e é uma característica marcante. Este tipo de arte existe desde a Grécia Antiga, mas foi capturada da forma que conhecemos hoje pelo regime do italiano Benito Mussolini e este tom triunfalista prossegue sendo muito utilizado desde os primórdios das HQ’s de heróis. Desde Shuster, passando por Jack Kirby até chegar em Alex Ross e a geração Romita. Porém, usar a arte não o faz utilizar seus alicerces ideológicos e temos muitos artistas que o fazem muito bem para dar sentido às suas histórias, mas acho que já me fiz claro. A verdade é que os heróis como os conhecemos, visualmente falando e até na vanguarda moralista, trouxe muito da estética totalitária. Por favor, entendam que estou sendo bem resumido nas informações. Haveria muito mais a ser dito se este fosse o assunto, mas serve para os fins necessários.

Enfim, prossigamos. Agora focaremos no polêmico diretor.

Para podermos seguir tranquilamente vamos relembrar que Zack Snyder fez escola no ramo da propaganda e vídeo clips. Local que, em pouco tempo de tela, você precisa vender seu produto de maneira criativa.

Como estou falando de sua visão de Superman, vou me ater a isso para fins de foco. É possível observar três vertentes distintas do diretor em seus comerciais e vídeo clips dirigidos e que ajudam a corroborar o que foi feito em Homem de Aço. Vamos a elas:

A primeira propaganda em questão foi produzida em 2002 para a Cerveja Budweiser. Segue abaixo.


Notem que Snyder sempre teve aspirações para falar de luto. Isso é sentido em vários de seus filmes, porém, na caminhada dele até o cinema, este é seu primórdio. Assim como um nacionalismo clichê e uma metáfora à virilidade americana. Contextualizando: Esta propaganda mostra os cavalos prestando homenagem às vítimas dos atentados do 11 de Setembro.

Agora, vamos ao segundo comercial. Este foi feito em 1998, para a Cerveja EB e chegou a ser banido da televisão, sendo passado apenas nos cinemas.


O tom aqui é bem claro: Estamos falando sobre ranço à liturgia e iconoclastia política. A quebra do autoritarismo por causa da bebida é mais do que engraçada, é reveladora e tira do armário aquilo tudo que se ataca como parte do que se é, tornando o elemento que vem de fora um risco. O retrógrado quando se obriga a ser quem é, sempre se mostra muito libertino. E mais do que apenas em imagens, a trilha de My Way por Sex Pistols (cover de Frank Sinatra) torna tudo ainda mais divertidamente transgressor.

Para terminar meus exemplos antes de irmos a fundo nos conceitos de seu Superman, vamos para o último exemplo: Desolation Row, originalmente de Bob Dylan, regravada por My Chemical Romance e de vídeo clip dirigido por Zack Snyder para a trilha sonora de Watchmen.


Falei algumas linhas acima sobre a quebra do autoritarismo como comédia, mas aqui, em seu cerne, falamos de autoritarismo puro e tudo o que vem com ele. Há, sim, uma busca de iconoclastia juvenil, mas que ao seu fim falha miseravelmente. Toda rebeldia é punida e oprimida e esta mensagem é potencializada na letra de Bob Dylan. Por mais que eu ache esta versão inferior à original, aqui o rock da banda tem a boa e velha função de trazer sensações mais guturais. E funciona.

Depois dessa rápida explicação sobre Zack Snyder e alguns contextos orbitais do diretor, podemos falar sobre o Superman. Notem que não vou falar de estrutura, tampouco sobre ritmo, sequer vou cravar críticas ou vereditos sobre MoS e BvS. Tudo o que farei é uma análise semiótica do personagem e mostrar algumas nuances interessantes que valem a pena a gente pensar um pouco além fora da caixinha.

Em essência, este Superman é uma visão de mundo de seu diretor. Snyder sempre teve um olhar segmentado no melancólico. O mundo não é colorido e sem tom emergencial frequente diante de sua lógica. Em seus filmes, o tempo para pensar sempre foi uma característica.

Por isso mesmo, é importantíssimo citar algo que vai permear todo o resto deste texto direta ou indiretamente: Superman é um super-herói que nasce da pressa. Não há tempo para pensar em seu papel de salvador. A reflexão antes de agir significa, muitas vezes, que pessoas morrerão.  Retire essa eterna corrida contra o tempo do personagem e você cria um além-do-homem hipotético e hiperpoderoso que tem uma busca, à princípio, insensata pela lógica.

Esta lógica que citei tem um custo limitador, que é justamente a noção de realidade. Superman é o sonho americano sendo que raras vezes nas HQ’s lidou com questões como reprovação do público, fome, miséria. E quando lidou com isso, as saídas não eram fáceis e sempre deixadas de lado pelas sagas seguintes. A verdade é que o panteão da DC Comics, os heróis principais, sempre foram deuses olhando para a humanidade imprudente em contra-plongeé. O espaço tangível sempre perdia terreno para o excesso de fantasia. Entendem aonde estou querendo chegar?

Vamos aprofundar um pouco mais isso. O Superman de Zack Snyder é retirado dessa bolha divina em MoS e “rebaixado” ao status de humano confuso e imprudente enquanto não é mais alguém que nos olha de cima, tampouco está pronto para ser o que é. Não quero ser piegas e falar em “construção” do personagem clássico nos dois primeiros filmes porque acho que isso não existia. O que havia era uma noção de espaço grande demais que não pode ser ocupada por um homem mesmo que ele saiba voar. Para tal, lembrem-se que em MoS, Christopher Nolan foi o produtor e ele sempre focou no fantástico com personagens de questões existencialistas. E mesmo que este Superman fosse “super” na essência fantástica, o “homem” é um só e não se encontra preparado para o que vem a frente. Lidar com o mal, buscar a humanidade e ser aquilo que precisa ser. Estes são os dilemas de Clark Kent tanto em MoS quanto em BvS. De maneira torta, estamos diante do Trilema de Epicuro onde ele traz os limites que conversam entre Onisciência, Onipotência e Onibenevolência.


Então a ideia toma forma a partir daqui e explica porque muitas pessoas não gostam desta visão do personagem: Clark Kent é uma figura fragilizada desde criança por não sentir ser parte do mundo e revolta em sua adolescência. As suas questões são internas e grandiosamente pequenas. Deveríamos apequenar alguém que sempre vimos como um exemplo de virilidade e liderança? Para alguns, não. Esse humanismo no pós-humano não é bem visto, porém há um motivo para tal e recorrerei a um ponto de vista que já dou há alguns anos no Disqus: O atentado de 11 de Setembro mudou a forma dos EUA em produzir arte. Não somente como as metáforas ao terrorismo jihadista são impressas para o espectador, mas também na inabilidade esperançosa e otimista do norte-americano em lidar com a questão do medo metafórico. De militares a civis, descobrir-se inserido neste contexto da “guerra ao terror” é representado como agoniante, dentro do escopo que as pessoas vivem depois dos atentados.  

Percebam os paralelos. O terrorismo é algo que vem de fora e adentra nas crenças de algumas pessoas. Kal-El, o estrangeiro, é acolhido por uma família bondosa que percebe que talvez este rapaz não deva (mais) nada àqueles que o temem, porém, com divergências entre professar quem se é e quem deveria lutar para ser. Isso é sentido muito no diálogo entre Clark e Martha quando ela diz que seu filho pode ser o que as pessoas precisam, ou não precisa ser nada disso. Este Superman só teria algo a provar se assim o desejasse e soa muito como o termo popularizado depois dos atentados: O “inimigo interno”. É anticlimático, porém, didático em mostrar o contraste entre o ser e o não ser, ainda assim, ser alguém e alguma coisa. Zack Snyder tenta apresentar o antissonho americano, a realidade despedaçada, o inábil simplesmente porque esta representação era maior e teria algo mais sólido a dizer. Ser colocado acima do trauma é o direito à escolha, algo que Superman nunca teve. Esta falta de escolha é tratada logo no começo do filme com seu pai Jor-El colocando dentro de seu próprio filho o Códex. Ser Kriptoniano é não ter direito sobre si, mas o ser humano sim. E este humano quebrado e com dúvidas sobre si mesmo e inseguro é inserido no contexto pós-11 de setembro. Ainda assim, devemos aceitar aquilo que não entendemos? Podemos conviver? Podemos nos aceitar? Em sua base, ambos os filmes tratam disso e como falei, há contextos para vermos as coisas desta maneira.

Porém, gostaria de trazer um olhar mais técnico para este Superman ter uma validade maior no texto.

Martin Heidegger, filósofo (1889-1976), foi na contramão de Nietzsche e Schopenhauer que tratavam o ser humano como algo que flertasse com o determinismo. Heidegger defendeu a tese que somos seres temporais e nascemos dentro de um contexto histórico. Porém, estes contextos não nos apontam algo ou um direcionamento. Esta lógica nos deixa inseguros e amedrontados, porém, ela nos permite que façamos a busca do que somos. Ainda assim, ele dava mais ênfase ao não-determinismo, ou seja: Você não é obrigado a buscar algo ou  sequer ser condenado a sê-lo. Esta é uma escolha. Você não está programado a fazer isso ou aquilo. É você quem atribui sentido à sua vida e escolhe qual será a marca/legado na história independente da concepção de mundo ao seu redor (contexto também utilizado em Matrix Resurrections).


Então, vou retroceder um pouco para que possamos ir mais à frente logo em seguida. Esta é a “escolha de Sofia” que Martha dá ao filho em BvS e grita seu ápice para a plateia, sendo trabalhado desde MoS. Seja o que você quiser ser, afinal, o que deve a este mundo? Heidegger faz o esvaziamento do programático, tira o senso de urgência e permite a escolha. Este é um Superman que pode ser livre para dizer o que pretende. A possibilidade da morte e a percepção da própria finitude, têm peso nos caminhos escolhidos.

Notem os contrastes que vou evidenciar aqui. No inglês, durante o diálogo de Martha/Clark usa termos como monumento, anjo, herói. Logo em seguida ela fala sobre não ser nada e não dever nada ao mundo. Percebam a alta de adjetivos exponenciais e a baixa dos mesmos logo em seguida. Esta é uma tônica nos filmes do Zack Snyder e que cria um paralelo interessantíssimo. A capacidade de fazer uma produção tão focada na busca pela própria humanidade, insegurança e medo, ao mesmo tempo que se utiliza da estética totalitária para passar uma mensagem visual. Sim, Zack Snyder usou esse tipo de artifício em sua visão de mundo sobre Superman. Por mais que esse ponto tratado já existisse em 300 e Watchmen (estou me referindo aos filmes) e em Sucker Punch, é em Superman que fica mais claro a intencionalidade.

Todas as questões filosóficas que eu trouxe, alinhadas ao estilo visual do diretor, chegam ao seu final então em seu único ponto realmente convergente entre Schopenhauer, Nietzsche e Heidegger, que é a morte. E é possível ver a morte do Superman pelas mãos de Apocalipse das três maneiras distintas.

1) Schopenhauer enxergava a morte como o conceito quase fundador da filosofia. Em si, temos a noção de finitude e nos tornamos reverentes à morte. É com isso que Kal-El flerta em ambos os longas e a encontra ao ser empalado.

2) Já Nietzsche tinha dois conceitos de morte. A covarde e a “voluntária”. No caso em questão, tratamos da última com frase do próprio filósofo: “tudo perece, portanto, tudo precisa perecer.” o que se liga à morte consciente. O protagonista sabia que iria morreria, isso fica claro em sua despedida de Lois Lane. Ainda assim, há uma pequena deturpação no conceito. A jornada é de Clark, portanto o fim é dele. Por isso a “morte voluntária” ocorre. Como fruto de jornada íntima e não coletiva. Mesmo assim, toda a carga de Nietzsche está lá.

3) Heidegger colocava o relação homem-mundo como fator determinista para compreensão do descarne. Ao nos encontrarmos, ou seja, vislumbrar o próprio sentido da vida, aí sim enfrentamos a morte. A noção de fim é muito mais parte de uma jornada do que um ato isolado, portanto, decorrência natural de estar vivo.

Portanto, fecho aqui a saga do Superman de Snyder dentro do campo da análise filosófica. A intenção da descoberta, os conflitos que essa tentativa advém e, por fim, a factual fatalidade do fim. Este é um conceito trágico, é verdade.

Analisando tudo isto, é óbvio que este não é o Superman dos menos adeptos a mudanças. Na verdade, este não é o Superman de um nicho específico e é fácil, depois desta análise, compreender o porquê. Talvez este seja um herói que represente o espírito quebrado de uma nação esperançosa, talvez seja apenas o contemporâneo pedindo licença, talvez não seja nada. Me aproximando ao final do texto, não estou querendo dizer Zack Snyder pensou em tudo isto, mas é bem provável que muitas das características aqui citadas não tenham sido apenas coincidências. Parte do que se avalia é muito mais extrínseco e pode ser reinterpretado. Uma obra, quando exposta, é mais do mundo do que do próprio autor (Malcom que me perdoe, mas discordo muito dele).

Isto posto, obrigado Shuster, Nietzsche, Siegel e tantos outros por nos dar a chance de acompanhar em tempo real a ressignificação de símbolos tão marcantes em nossa cultura. Todos podem se reinventar, até o Superman.

Espero que tenham gostado. Até a próxima. 
SaitamaSenpai.

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