Penitenciária Nelson Hungria - Belo Horizonte - 17H43
- Então, qual é a nova?
- Hum, entendi. Já tinha passado da hora de você dar um jeito naquela sua casa - Falava o segurança ao celular enquanto vigiava, ao estar encostado em uma parede. A conversa continuaria, até o mesmo notar a aproximação de uma certa figura.
- Ok, eu vou ter de desligar agora, até mais tarde.
- Boa tarde.
- Boa tarde. Posso ajuda-lo?
- Imagino que sim - Respondia, enquanto expelia fumaça por conta do charuto que segurava. O segurança não escondia seu descontentamento com isso, mas prosseguiu normalmente.
- Não me diga que quer entrar aqui.
- Algum problema com isso?
- Nenhum. Mas depois das últimas, acho que o senhor gostaria de ficar longe de lugares como esse.
- Muito daquilo noticiado é um bando de blasfêmias, e minha defesa demonstrou isso. Além do mais, segurança: você sabe por acaso quem eu sou?!
- Estranho seria se eu não soubesse - Ironizou o segurança. - Estou apenas fazendo o procedimento de rotina, senhor.
- Então pode me deixar passar?
- Um momento
O segurança então entrou em contato com outro funcionário da área para questionar se devia autorizar a entrada. Após alguns minutos de conversa, a decisão escolhida foi positiva para o ilustre visitante.
- Muito bem, seja lá porque, ou com o que em mente, o senhor vai poder entrar. O mesmo já não vai poder ser dito dos seus seguranças.
- Está certo, sou um homem da lei.
O segurança fez o procedimento de sempre, ao permitir que aquele entrasse na 'área de visita', com um vidro temperado separando o visitante do detento. E levando em conta as últimas visitas, não foi necessário pensar muito para saber quem exatamente seria.
- Visita pra você
- Quem é?
- Se quer tanto saber, descubra você mesmo.
- Olha só...será que não errou o caminho? Rs.
- Meus caminhos sempre são retos, para evitar isso - Respondeu, enquanto se sentava em uma cadeira. O outro faria o mesmo, enquanto continuava a conversa.
- E o que faria o seu caminho te levar até aqui?
- Acredite, boas razões. Ou você acha que eu gosto de frequentar esse tipo de ambiente?
- Quando não é contra a sua vontade, imagino que não - Ironizou.
- Vamos ao ponto. Você já recebeu outras visitas relativamente recentes ainda, não é?
- Correto.
- Alguém em particular para destacar?
- Um certo desgraçado. Veio 2 vezes, na verdade. O que só prova, que eu ainda peguei leve com ele...um erro que pode ser consertado.
- Minha intuição me dizia algo mais ou menos assim, além de talvez o pessoal típico da lei - Dizia, ao se aproximar do vidro.
- E se eu te dissesse que eu poderia dar uma mãozinha pra isso ser 'consertado'?
- Aonde você quer chegar com isso? - Questionava o outro, em uma curiosidade genuína.
- Eu sei bem o que você já fez...eu seria o real insano, se não soubesse. E é pensando nisso que se eu conseguisse que você pudesse terminar o que você quer...você poderia fazer o mesmo por mim... - Dizia. A resposta à ele, veio com um pequeno sorriso sádico.
- O garoto
- Rápido, mas sim.
- Hum...e o que te faz achar, que eu vou aceitar isso?
- Você por acaso tem alguma outra opção pra sair daqui?
- É um ponto, mas saiba de uma coisa. Eu também tenho uma idéia de algumas coisas que você já chegou a fazer, e eu não sou algum tipo de "cachorrinho", que segue ordens.
- Devo considerar isso como um "não"?
- Não seja tão drástico. Seria mais um aviso. Mas se você está aqui, imagino que já deve ter descartado outras opções.
- Então o que você me diz?
- Gente como você não precisa se preocupar realmente se pode fazer alguma coisa, e sim como vai fazer. Faça o seu jogo, e eu faço a minha parte. Mais nítido que isso, impossível - Respondeu ele. A resposta viria com um pequeno sorriso do outro lado.
- Segurança
- Sim senhor?
- Já terminamos aqui
- Ótimo, já pode sair então. O mesmo vale pra você ai do outro lado.
- Você quem manda....
- Agradeço a cooperação da segurança.
- Apenas fiz o meu trabalho, e deixei ele dentro das normas. Não ache que seria diferente com o senhor.
- Pff...de toda forma, um bom profissionalismo. Passar bem.
- Digo o mesmo...."é cada um que me aparece aqui..." - Pensava o segurança, enquanto voltava ao seu posto. Enquanto isso, o outro já se encontrava dentro de sua cela novamente, com os olhos temporariamente fechados, pouco antes de demonstrar um sorriso novamente.
- Hum....por essa eu não estava esperando. Talvez eu comece a concordar com o Vovô, que os milagres acontecem. Basta ser.....é, acho que nessa parte ele ainda errou rs - Dizia, enquanto olhava o Sol se pondo pela janela de sua cela.
- Rs....enquanto isso, você está por ai, não é? Ela junto também, imagino. Mas nada que a gente não possa consertar....além do mais, acho que aquela vadia nem agoniou o suficiente...rsrs.
- Hahaha....hahaha....
- Posso saber qual é a graça? - Perguntou o segurança, ao ouvir os risos da onde estava.
- Me desculpe. Eu tive um pequeno...surto. Vou me conter.
- Ok - Respondeu o segurança, enquanto voltava para o seu ponto. Ele ainda ouvia uma pequena dose de risos, no entanto. - "Acho que esse maluco está coringando de vez...."
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