quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Saitama Critica (rapidamente) #20: Hellstar Remina

E aí gente de bem, como estão? Resolvi fazer uma versão pocket do extinto Saitama Critica. Vai ser bem mais curto do que a versão original e vou tentar ser bem mais acessível na linguagem. Aproveitem que o Profeta (o Riptor que acha isso) vai dar um pitaco ou dois sobre um mangá. Bora lá.

Sinopse: Um planeta excêntrico foi descoberto próximo à Constelação de Hidra e o mesmo possui uma órbita instável. Para comemorar o fato, o cientista que trabalhou no projeto batiza o exoplaneta de Remina, em homenagem à sua filha de mesmo nome. Mas ao descobrirem que este corpo celestial começa a vir em rota de colisão com a Terra, o que era alegria se torna o caos e o terror reina.  

Antes de mais nada: Hellstar Remina é um mangá que se permite abrir liberdades criativas. Mais do que absurdos, a obra de Junji Ito se vale muito dos "porque sim". Isso não é necessariamente ruim, muitas vezes até combina com o tom da obra e até consegue ser de uma inocência estranha. Sim, mesmo tratando de manipulação de massas, de metaforizar o massacre de artistas e da crueldade, os temas estão sempre à primeira camada. 

Como falei acima, a simplicidade não é ruim desde que ela não trabalhe de mãos dadas com o simplório e aqui isso quase acontece. Mas eu disse "quase". Junji Ito está muito mais interessado no desespero da convulsão social em torno do paralelo mais bacana que li em um mangá de Horror Cósmico: Se Remina, o planeta, vem para apagar a existência da Terra, Remina, a artista que inspirou o nome do algoz espacial, sofre males ainda maiores pelas mãos dos humanos que, de certa forma, são o Remina da Remina. Cada qual tem sua vítima e a perseguem implacavelmente. Há outro paralelo desesperador que o autor deixa claro em suas páginas: Enquanto todo o conhecimento sobre o exoplaneta é fruto da ciência em seu estado mais puro, a busca cruel pela morte da menina Remina é consequência de narrativas galgadas em crendice cega na palavra de apenas UMA pessoa. 

Falando em inspirações Lovecraftianas, é importante dizer que os elementos que fizeram os contos de H.P. estão todos diluídos em Hellstar. A entidade cósmica, o horror que enlouquece, os grupos que vivem em torno a pequenez humana e, por que não dizer, a maneira reducionista que H.P. Lovecraft retratava o gênero oposto. 

Apesar dos elogios, é importante dizer que o mangá sofre com a necessidade exacerbada de urgência e alguns momentos que careciam de maior cuidado para sentirmos melhor o peso, é rápido demais e acaba muito mais disposto à grafia da violência do que o lamento ou saboreio do horror do drama humano. Se você gosta de histórias que usem a lógica como base, outros pontos mais extremos nos últimos dois capítulos podem incomodar. Como esse mangá foi lançado em 2005, provavelmente Junji Ito deve ter tido melhoras significativas na construção de história. Estou muito mais retratando a obra como um retrato do momento. 

A arte é muito bonita, com algumas pequeninas deturpações do estilo Ecchi e são muito sutis também. 

Isto posto, Hellstar Remina é um bom mangá, com momentos tensos que terminam rápidos demais e que eventualmente sofre de excesso de teoria. Ainda assim, vale a pena a leitura e conhecer um pouco da influência de Lovecraft no mundo nipônico. Junji Ito, mesmo não sendo perfeito, consegue passar bem várias de suas ideias para o planeta que devora tudo em seu caminho. 

Então é isso, espero que tenham gostado. 
Segue abaixo algumas imagens da obra. E vou deixar as páginas mais fortes de fora. 
Abs, Saitama de R'lyeh




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