Dando prosseguimento ao meu post anterior sobre música, com título diferente e ainda assim sendo Parte 2 (meu post, minhas regras), hoje vamos conhecer músicas de bons apuros instrumentais que impressionam aqui e ali pelos mais variados motivos. Vamos lá? Vamos lá.
Prince – The Everlasting now
Prince é bom em qualquer circunstância, até em seus piores momentos ele foi
ótimo. Mas esta é uma música que eu gosto bastante porque ele inverte a lógica:
Ao invés de manter os metais (dois saxes e um trombone) como instrumentos de
ataque que trabalham em complemento dos instrumentos de cordas, eles fazem
justamente o contrário. Tanto a guitarra quanto o baixo fazem o som de ataque
que complementam os metais. O resultado é bem trabalhado, dançante. Na prática
um nível Prince de qualidade. Ah, antes que eu me esqueça: Pra quem não conhece, deleitem-se com Sheila E., a percussionista que praticamente rouba o show da apresentação. Me agradeçam depois porque a moça faz o serviço tão bem que a gente até esquece que tem Prince no vídeo.
Paul McCartney – Blackbird
Essa é manjada. Todo mundo sabe que Blackbird é uma das músicas mais lindas já
compostas por Sir Paul McCartney, mas você já prestou atenção no violão todo
esforçado para causar uma sensação boa de paz e mansidão? Ouçam com atenção e
depois me digam se não dá vontade de ir pra Nárnia (e não voltar mais).
Nick Campbell Destroys / Pomplamoose – Fancy Jeans
Duvido que alguém conheça essa. Nick Campbell é um baixista de mão cheia que
empresta seu talento para o Pomplamoose, um canal de covers muito bom do
Youtube (e aconselho que vão conhecer porque é viciante). Fancy Jeans é uma
música excelente feita com um baixo delineado, três teclados(!) e um Jacob
Luttrell inspiradíssimo nos vocais que deixa a música bem despojada sem colocar a qualidade de lado. O que se ouve é um bando de marmanjo se divertindo sem
nenhum responsável por perto e o resultado é maravilhoso. Por favor, vão
conhecer o trabalho do Nick Campbell. O
cara merecia muito mais view do que tem.
Foo Fighters – A Matter Of Time
Olá, viúva do Wasting Lights. Sei que você está me lendo. Tudo bem com você? Pode me xingar, mas claro que o Foo Fighters fez coisas incríveis depois de 2011, o próprio Concrete
and Gold é um disco experimental excelente que merece ser apreciado, assim como
o cru Sonic Highways. Mas quero destacar A Matter Of Time muito mais pela sua
letra envolvente, a voz de Dave Grohl no ápice e o saudoso Taylor Hawkins em
plena forma. Temos as guitarras funcionando metodicamente e ainda assim
conseguem passar uma energia vibrante. Sem solo, mas bem contundente, ela dá
muito espaço para a voz de Grohl martelar o refrão de um jeito cativo. Até hoje
me impressiona e é bem melhor que qualquer coisa que eles lançaram depois da
morte do Hawkins.
Titãs – Toda Cor
Depois do sucesso do acústico MTV, nos anos 90, tivemos os Titãs criando o
Caça-Níquel intitulado Volume 2. Não é um disco ruim, mas está (bem) aquém do
que havia sido apresentado anteriormente e nitidamente eles jogavam com o peso
da camisa mais do que com o talento, salvo o falecido Marcelo Fromer, Paulo
Miklos, Charles Gavin e Nando Reis. Ainda assim, o limitadíssimo Branco Mello
deu uma das revisitações mais interessantes do disco (mas não a melhor) com
Toda Cor. O solo de violino, seu acompanhamento e os arranjos da banda
compensam a falta de apuro da letra. Mas em compensação...
Luiza Possi e Sergio Britto – Amanhã Não Se Sabe
... De vez em quando Sérgio Britto, outro Titã pra lá de limitado vocalmente,
surpreende e entrega uma letra bonita. Mesmo ela já tendo revisitações escabrosas
de bandas como LS Jack, aqui Luiza Possi resgata o mais importante: A mensagem
e a valoriza com arranjos meticulosos (que beira ao clássico, mas com um piano
deliciosamente pop) e sua voz que até hoje não consigo entender como é tão
pouco valorizada no Brasil. Ironicamente, ela puxa o tom melódico do Marcus
Menna para a música e fica bem mais bonito. Cada entrada dela é um deleite e
cada deixa dela para Sérgio Britto é um acinte. Apesar dele estar cantando
junto, é uma canção que merece ser ouvida com a atenção que é devida.
Mr. Blue Sky tem muitas versões e apresentadas com diversas nuances, inclusive
nas aparições ao vivo de Jeff Lynne, o vocalista do grupo. Então escolhi a que
mais se aproxima daquilo que considero excelente e ainda assim, é um ótimo
exemplo como músicas com muitos elementos em estúdio ficam muito difíceis de
serem apresentadas em shows. Mesmo assim, é algo que a gente se deleita e
agradece por poder ser testemunha. ELO é um trecho importante da história da
música contemporânea que acontece diante dos nossos olhos.
Emicida, Majur, Pabblo Vittar – AmarElo.
Deixei esta pro final. Vou ser sincero, chorei a primeira vez que ouvi AmarElo.
Ela mexe comigo e muito disto vem do sample de Belchior (ele de novo aqui) e a
letra poderosa. Digam o que quiser sobre Emicida, mas como letrista, o homem
tem pouquíssimas comparações. Enfim, cada backing vocal, cada coral do trio,
cada guitarra é milimetricamente disposta pra colocar você contra a parede e
extrair alguma sensação. A minha foi lágrima. É de um apuro raro. Só um rápido
testemunho: Ano passado o Emicida teve um showzinho no Fortnite e foi muito
legal ver meus filhos dançando cada música dele no joguinho. Enfim, só um
adendo mesmo.
Isto posto, termino a parte dois. Espero que tenham gostado e comentem se
curtiram alguma das músicas que coloquei aqui. Aproveite e mande aquelas
indicações de músicas trabalhadas que vocês queiram compartilhar.
Saitama de R'lyeh
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