segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

OS 9 FILMES DA MINHA VIDA - PARTE 1


Muitos de vocês devem se perguntar "Uau, de onde veio toda a sensibilidade do Saitama para filmes? Como ele consegue dizer tanto sobre eles? De onde vieram todas as suas inspirações críticas?". Pois bem, pensando em aplacar toda a curiosidade legítima de vocês, resolvi fazer uma série de postagens com todos os filmes que me marcaram na vida. Sim, TODOS. Comecemos pelos nove primeiros e meus motivos. 

Boa leitura.


Jerry Maguire – A grande virada (1996)


Tenho uma relação muito estreita entre amor e ódio com os filmes estrelados por Tom Cruise, porém sempre teço elogios para os personagens mais alquebrados do ator. Seja em De Olhos Bem Fechados, no papel do marido desconfiado Bill Harford, ou do covarde Ray Ferrier em Guerra dos Mundos, nada o faz brilhar tanto como Jerry Maguire, com sua virilidade em crise no cruel mundo do agenciamento esportivo. Tudo aqui é acertado: A trilha sonora, o humor, o drama, o elenco estelar como Cub Gooding Jr., Renée Zellweger, Bonnie Hunt e Jonathan Lipnick, além da participação pontual e incrível de Jared Jussim. Vale cada segundo e até hoje me faz pensar sobre como aquilo que nos “faz” homens cai diante das circunstâncias adversas e nos faz crescer como pessoas.

Os Últimos Rebeldes (1993)

Se você conhece o corretíssimo médico James Wilson da série House, talvez não conheça a faceta dramática de Robert Sean Leonard no papel do alemão Peter Müller, conjuntamente com seu melhor amigo Thomas Berger, interpretado por Christian Bale. Aqui cabe um adendo: É estranho olhar para o longa hoje e ver personagens alemães falando em inglês. Não vou dizer que não tira a imersão, mas há outros fatores que compensam. O roteiro é bem trabalhado, o núcleo proncipal tem desenvolvimento acima da média e as interpretações, de Bale principalmente, são muito marcantes. Na história os dois amigos e seu grupo têm vida dupla ao terem que viver na Alemanha Nazista enquanto se apaixonam pelo estilo de música Swing e frequentam clubes noturnos proibidos. Toda a crescente de escolhas difíceis feitas pelos personagens até hoje me pega no contrapé, incluindo seu final. E sejamos justos, é um final para poucos. 

Elvira – A rainha das trevas (1988)

Se tem um filme que resume bem o WTF dos anos 90 é este. Esqueça o elenco propositadamente risível e concentre-se na personagem independente, sexualmente debochada, poderosa, apaixonada e homônima ao longa de Cassandra Peterson. A ocultista pop-star Elvira rouba a cena com diálogos até hoje muito bem sacados e que, na medida perfeita, equilibram uma história assumidamente estilo Ed Wood com a persona que acompanharia a atriz por quase duas décadas depois. Elvira não apenas mostrou que homens são idiotas e usáveis, como ainda por cima transformou Cassandra numa atriz reconhecida mundialmente por seu talento e carisma. E um reconhecimento extremamente tardio, já que ela atua desde os anos 70.


A Eleição (1999)

Considero este um filme perfeito. Baseado na obra literária de Tom Perrota de mesmo nome, conhecemos o popular professor Jim McAllister e sua péssima ideia de fraudar uma eleição por temer que a vencedora (Tracy Flick, de Reese Whiterspoon) seja uma má influência para os alunos que ele tanto se dedica. Matthew Broderick está impecavelmente carismático como um hipócrita em formação Seu personagem é moralmente flexível, fracassado e ainda assim autoindulgente diante da própria vida. O produto final em si tem uma edição acertada, constrangedora até. Inadvertidamente, é uma história sobre o embate de gerações, o fundo do poço daquilo que escondemos, como não vivemos aquilo que ensinamos e as consequências disso em nossas vidas. Tudo isso em uma fórmula simples, divertida, de roteiro escalonado e altamente acessível. Impecável. E antes que alguém se pergunte: Sim, Curtindo a Vida Adoidado estará em alguma lista futura, mas A Eleição é tecnicamente muito melhor. Lidem com isto. Abraços. 

E antes que eu esqueça: Reese Whiterspoon voltará à sua personagem em breve, já que o segundo livro deste universo foi lançado recentemente, onde traz Tracy galgando seu caminho dentro da política. O filme se chamará Tracy Flick Can’t Win. Aposto um dedo que este será um longa que renderá polêmica.

Melhor é impossível (1997)

Eis um filme que se fosse lançado atualmente, seria a bandeira do nerdola contra a “agenda woke”. A história fala de um escritor, Melvin Udall (Jack Nicholson) conhecido pelo seu machismo, agressividade, homofobia e transtornos psiquiátricos que vai sendo transformado, aos poucos, com a convivência de uma garçonete (a maravilhosa Helen Hunt) e seu vizinho pintor e gay (o subestimadíssimo Simon Bishop). O vilão é o próprio Udall, sendo forçado pelo personagem de Cuba Gooding Jr., a encarar os problemas criados por ele mesmo. É um filme que escolhe um caminho fácil para lidar com saúde mental e suas questões difíceis, é verdade, mas tem em seu DNA um pouco de esperança, ainda que focado demais no amor. Funciona pela fofura e pelo humor seco. Fora que... bom... Jack Nicholson aqui está no ápice de seu talento.

Onde vivem os monstros (2009)

Filme baseado na obra de Maurice Sendak, conta-se sobre Max, um garoto de dez anos estranhamente belicoso, que num dia ruim, faz coisas erradas e fica de castigo. Fugindo de casa e entrando num barco, ele para numa ilha de monstros melancólicos que veem nele um rei. Pensando em fugir das responsabilidades do que fez, Max logo aceita o cargo.

Protagonistas precisam aprender. Em parte, a Jornada do Herói é justamente essa. O aprendizado é curva para encontros importantes e um retorno triunfal. Mas o que acontece em Onde Vivem Os Monstros é justamente o contrário: Todo aprendizado de Max deturpa a Jornada e serve para despedidas, se voltando para a humildade, quase num processo religioso. Um drama fantasioso de belíssima fotografia e paisagens inebriantes que misturam monstros em CGI e efeitos práticos que nos mostram que amadurecer e se conhecer, independente da idade, é doloroso e exige sacrifícios. Até hoje me dói ver a “não despedida” do final.

A Vida Marinha com Steve Zissou (04)/ The Darjeeling Limited (07)          


Dois filmes num tópico só. Wes Anderson, quase sempre, lida com personagens que perderam algo. A Vida Marinha com Steve Zissou (que já tem crítica e você pode conferir clicando AQUI) e The Darjeeling Limited tratam da precariedade das relações e como lutos levam às atitudes que nos fazem repensar a própria vida. Tudo isso com o lema aventuresco e característico das locações de cada filme. Tudo se mistura. O resultado de Zissou é um Bill Murray divertido e Adrien Brody, Owen Wilson e Jason Schartzman cheios de químicas em Darjeeling. Um detalhe é que: Diferente de seus dois últimos filmes: Asteroide City e The French Dispatch, com decupagens rápidas e diálogos frios, Tanto A Vida Marinha e The Darjeeling Limited são feitos com mais calma e trabalham melhor suas premissas iniciais. Não são os filmes mais técnicos do diretor, mas são os que tem mais têm temas alinhados de forma pura e têm uma vivacidade ímpar nas suas características visuais que compõe a autoralidade do diretor. Wes Anderson é de gosto adquirido, é verdade, mas tem uma estética marcante e uma profundidade bonita e rara de se encontrar mesmo em seus tropeços.

Não Olhe Para Cima (2021)


O mais filme mais novo desta lista, mas não menos impactante. Também não é o longa mais politizado de Adam McKay, o diretor, que já dirigiu Vice. Porém, é o filme que mais mistura política com midiatização, apatia pública e personagens de pés de barro. Talvez alguns não concordem com isso, mas acho Não Olhe Para Cima um filme muito equilibrado, que tem ciência de si e com interpretações excelentes. Tanto Leonardo DiCaprio como Jeniffer Lawrence formam uma das duplas mais improváveis e funcionais do cinema recente. Há muito sobre a burocracia, e sobre o que nos fa humanos. A reflexão é muito boa, principalmente no seu final, com uma edição ágil e diálogos triviais, mas muito tocantes. E antes que me esqueça: A participação especial de Ron Perlman é estupenda. Curta e pontual, mas vale demais. 

Na história, dois astrônomos amadores descobrem um cometa em rota de colisão com a Terra, com risco iminente de extinção de toda forma de vida. Com esta informação em mãos, eles decidem avisar ao mundo sobre o que está por vir, mas ninguém dá muita bola. Governo, mídia, amigos... todos deixam Kate Dibiasky (Lawrence) e Randall Mindy (DiCaprio) na mão e cabe a eles lidarem com essa indiferença e os últimos momentos do planeta. 

É isso. Sei que muitos perguntarão "como assim, Saitama?! Sem filmes dos nossos amados heróis???". É, sem filmes desse subgênero azedo. Qualquer um desta lista garanto o divertimento. Sério. Confia. 

Abs, bons filmes. 
Saitama Senpai, direto dos braços nucleares de Azathoth. 

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