domingo, 10 de dezembro de 2023

Shrek - Os Altos & Baixos da Franquia


O impacto de Shrek no mundo das animações foi evidente: inspirado levemente em um livro de mesmo nome dos anos 90 (sim, talvez você não saiba disso) a história nada convencional de um ogro atuando como o herói da história de um mundo de contos de fadas virado do avesso, não apenas se tornou um grande sucesso, como foi o grande responsável por realmente colocar a DreamWorks no mapa.


De forma nada surpreendente, o resultado disso seria uma franquia, que como a maioria delas, também já teve de lidar com alguns altos e baixos. Pensando nisso, decidi criar esse pequeno ranking com cada filme - até porque, já sabemos a esse nível que essa história ainda deve continuar. Sem mais delongas, vamos lá.


- Shrek para Sempre (2010) - Dirigido por: Mike Mitchell

Sabe quando você precisa 'terminar' algo, mas não sabe bem como? Bom, Shrek para Sempre poderia ser definido desta forma. Vendido como a até então conclusão da franquia, o 4° filme da série é uma demonstração visível que as ideias haviam acabado.


É algo que até comentei por aqui: a ideia básica deste filme não é ruim. Se no primeiro filme muito de por que Shrek se comportar de forma mal humorada e até mesmo cínica era resultado dele já ter se "acostumado" a ser julgado, aqui vemos o protagonista sentindo uma espécie de "nostalgia" daqueles tempos, enquanto tenta se ajustar a sua vida atual, abrindo a deixa para que Rumpelstiltskin possa lhe "oferecer o que deseja". A clássica história de quem precisa perder tudo, para entender o valor disso.


Mas isso também serve de desculpa para que venha um Ponto de Ignição de araque, com um universo alternativo caso Shrek não tivesse salvado Fiona. Tipo, sério? Essa foi a melhor ideia que tiveram? Será que não havia outra forma mais criativa de passar o que devia ser a lição do filme? Pois fora isso, o resultado é um grande "e se" que acrescenta em praticamente nada. Ainda que o próprio Rumpelstiltskin consiga ser um vilão com algum carisma, isso não é o suficiente para esconder o maior pesar de Shrek para Sempre: um final com cara de filler. Aliás, vale notar que Mike Mitchell também será responsável pelo vindouro Kung Fu Panda 4 - resta saber se a maldição do quarto filme ainda vai estar presente junto com ele.


- Shrek Terceiro (2007) - Dirigido por: Chris Miller

Eu sei que já teve alguém me julgando por isso mas assim: Shrek 3 tem problemas? Sim. Ele é inferior aos dois primeiros? Sim. Agora, Shrek Terceiro é tão ruim assim? Não. Mas, é aquilo: expectativa vs realidade, e o cenário deste filme não poderia ser outro.


Após o sucesso ainda maior do segundo filme, os produtores da DreamWorks claramente quiseram acelerar o desenvolvimento do terceiro, para que ele pudesse ser lançado no menor espaço de tempo possível - o que claramente teria um resultado visível. Não bastava ser uma sequência - principalmente quando visto seu antecessor, tinha que ser algo do mesmo nível, ou talvez até melhor. Nesse caso, uma tarefa mais do que infeliz


Não é tão engraçado quanto o anterior, de fato. Colocar o Encantado como o vilão principal até faz sentido, mesmo que na prática, ele ainda funcione melhor como um vilão secundário. Ainda assim, o terceiro filme consegue ter os seus momentos, mesmo que eles acabem lidando inevitavelmente em ficarem nas sombras do longa passado. Um filme decente, e que poderia ser o responsável real por até então encerrar o arco do protagonista, agora pai e feliz, sem precisar criar uma enorme fanfic no meio do caminho. Além do mais, a DreamWorks já fez filmes piores.


- Gato de Botas (2011) – Dirigido por: Chris Miller

Ainda que com a história principal já tendo se encerrado na época, seria difícil não imaginar algum produtor pensando se seria possível fazer um derivado de Shrek. E um ano depois de Shrek para Sempre, a resposta para isso foi o filme do Gato de Botas. O personagem já havia caído nas graças do público desde a sua estreia no segundo filme, e é o Antonio Banderas, então porque não?


Atuando como um prequel, o filme tem muito mais espaço se comparado aos últimos filmes da série para poder explorar novos cenários, enquanto revela mais do passado e das desventuras passadas do herói gatuno. Isso inclui o seu elenco de apoio, seja com sua relação conflituosa com a gatuna Kitty Pata-Mansa, ou com seu antigo amigo, Humpty. E não menos importante, é claro, o próprio Gato de Botas tem carisma mais do que o suficiente, para fazer o público comprar sua história. Definitivamente, o primeiro Gato de Botas é bem melhor que Shrek 3 e 4.


- Shrek (2001) - Dirigido por: Andrew Adamson & Vicky Jenson

Onde tudo começou, e seria chover no molhado dizer simplesmente que 'clássico é clássico', mas o primeiro Shrek tem realmente muito mérito que vai além desse rótulo. A verdadeira entrada da DreamWorks nas animações computadorizadas conseguiu criar e apresentar um universo tanto carismático, quanto interessante de ser explorado, especialmente através dos olhos de um grande grupo de personagens icônicos.


Pronto para zombar dos inúmeros clichês do gênero de contos de fadas no processo, em meio a certas piadas que talvez você não entenderia em um primeiro momento, o filme ganharia a primeira edição do Oscar de melhor animação, mesmo diante da concorrência de Monstros S.A, demonstrando que a Pixar também poderia ter um concorrente no seu caminho. E claro, não podemos esquecer da trilha sonora, quase um personagem a parte. Se você consegue ouvir All Star do Smash Mouth sem pensar em Shrek, você precisa ser estudado.


- Gato de Botas 2: O Último Pedido (2022) - Dirigido por: Joel Crawford & Januel Mercad

É até difícil dizer o que pode ser mais irônico deste filme estar nessa posição: o fato de ser mais um filme do Gato de Botas, ou talvez o fato de todos os problemas de produção enfrentados para que ele saísse do papel. Para se ter uma ideia, seu anúncio oficial ocorreu em 2014, e ele quase chegou a ser considerado cancelado há alguns anos atrás.


Ainda assim, contra todas as adversidades, e até mesmo expectativas do próprio público, O Último Pedido se revela um grande exemplo de surpresa positiva - e talvez um sinal que os filmes do gato são abençoados. Seguindo até um pouco mais o humor satírico de Shrek, mas sem que isso chegue a ser seu foco, há uma agradável combinação com a grande ação visual remetente a Homem-Aranha no Aranhaverso, com movimentos energéticos e, especialmente, empolgantes.


Isso tudo se alinha a real alma da história: que desafio maior para o "herói mais destemido", como o próprio se intitula, do que entender sua própria mortalidade perante 8 vidas perdidas? Uma lição valiosa de que uma vida é única - e muitas vezes, talvez nós mesmos esquecemos disso. Também é válido notar como o filme, além de contar com o retorno de Kitty e a introdução do carismático Perrito, ainda consegue trabalhar outros tantos personagens sem soar que eles estão apenas jogados na trama. Assim somos apresentados a gangue familiar de Cachinhos Dourados e os 3 Ursos, Joãozão Trombeta, que ainda ganha uma dinâmica com o Grilo Falante...e claro, um certo lobo.

O personagem de Wagner Moura rouba a cena toda vez que aparece, e é facilmente um dos melhores vilões da série - apesar que antagonista seria uma definição mais adequada. Gatos de Botas 2 mostra que o universo de Shrek ainda pode render ótimas histórias, desde que haja alguém interessado em conta-las. Não apenas é uma ótima sequência do primeiro filme. É o melhor filme da franquia em anos.


- Shrek 2 (2004) - Dirigido por: Andrew Adamson, Kelly Asbury & Conrad Vernon

Mas não o melhor, porque Shrek 2 existe. Inegavelmente o melhor filme da saga, e um caso onde a sequência supera o original em tudo. Começando pela própria introdução de Tão, Tão Distante (uma clara paródia de Hollywood), que já deu o espaço para uma expansão do que poderia ser parodiado/referenciado pela série. Oras bolas, o Gato de Botas é introduzido nesse filme, eu preciso te lembrar!?


Ação, comédia, drama, um pouco de tudo está misturado aqui, e funciona perfeitamente. Como não lembrar da Fada Madrinha, da invasão ao castelo, tudo ao som de Holding Out For A Hero? O primeiro Shrek fez um grande trabalho ao estabelecer as peças do jogo. Mas é Shrek 2 que indiscutivelmente aproveita de todo esse potencial. Como diria o sábio, é como cebolas - tem camadas.

Então é isso gente, espero que tenham gostado. Até a próxima!


Por: Riptor

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