domingo, 9 de junho de 2024

FM Fics: Os Seis Sinistros - Parte 2

 



No capítulo Anterior


O sol da manhã mais uma vez iluminava a cidade de São Paulo. O Homem-Aranha, por sua vez, se balançava por entre os prédios, enquanto via o movimento que ocorria por de baixo dele. Na verdade, não havia muito que pedisse por seu auxílio nos últimos tempos. "Mas precisaria?", ele pensava. A resposta, ele também já havia concebido.



- Ah....as vezes eu me esqueço como era isso. Só vestir o traje, pra sair por ai...atoa, dizia. Estava agora deitado em um canto alto, pensando, enquanto não escondia o sorriso. Estava feliz em pensar que suas ações realmente ajudaram para esse cenário geral, e que agora, ele poderia aproveitar um pouco mais disso também. Nesse momento, ele se focou em atender seu celular, ao nota-lo vibrar.



- Alô, quem é?



- Se atendeu, já devia saber...rs.



- Rs, oi pra você também, Fernanda.



- Tá fazendo o que?



- Bem, deitado em cima de um prédio, nada demais.



- Hum...não devia estar combatendo o crime ou algo assim?



- A cidade não vem precisando tanto do Aranha ultimamente. O que de certa forma é bom.



- Sim.



- Achei que iria me zuar por dizer isso.



- Ah, não. Se estamos assim, é justamente por sua causa. Além do mais, isso me garante que talvez não teremos imprevistos na próxima vez...



- Eu entendi o que você quis dizer ai, mocinha...



- Como se você achasse ruim...rs.



- A gente continua esse assunto depois rs. Hoje é o dia daquela excursão que a faculdade havia anunciado antes.



- Caramba, é mesmo! Até mais tarde, então.



- Até. Bem, acho que é hora de esticar as costas um pouco, e sair daqui.



- Eu serei o responsável por orientar as visitas de todos aqui, dizia um dos funcionários. Pedro estava agora acompanhado de Fernanda e do resto de sua turma para a excursão à sede de uma das empresas da região. Nesse caso, era uma das primeiras vezes que havia uma abertura para visitas.



- Como vocês podem ver, temos gasto nossos recursos internos em setores distintos nos últimos tempos. Pois se há algo que o mundo exige...



[Pedro] - É evolução.



- Ah, isso.



- É que esse parece ser o slogan daqui, pelo que eu tô vendo.



- Podemos dizer que sim.



- Você não devia estar tão surpreso, Rodrigues. Os jovens notam as coisas rápido, dizia um homem, ao aparecer de repente durante o passeio.



- Ah, senhor..



- Sim Rodrigues, eu sei que disse que estaria ocupado na minha sala, mas não poderia deixar passar a oportunidade de ver as nossas visitas de hoje.



[Fernanda em voz baixa] - Esse seria...



[Pedro] - Sim, não imaginava que ele iria aparecer aqu..



- Pode dizer a ela que não precisa se conter só porque eu apareci rs, respondeu ele, ao ouvir a conversa entre os dois. Pedro não estava nervoso, apesar de meio surpreso.



- Ah, claro. É um prazer estar aqui.



- O prazer é todo nosso, não é Rodrigues?



- Claro, senhor, eu..



- Eu sei que você é o responsável por guia-los, mas me permita ter um pouco da atenção deles. Afinal, não é todo executivo que se permite fazer isso.



- A maioria de vocês já deve ter me visto na TV, ou mesmo na internet. Essa empresa começou como algo de menor proporção, antes de chegarmos aonde estamos agora. Todos começamos de algum lugar. Alguém tem uma idéia do que fazemos?



[Pedro] - Ah, cheguei a ver um pouco, mas pude notar um grande foco em biotecnologia.



- Exato! Biotecnologia, tecnologia inteligente, maximização. Adoro esse último termo. Como mencionado, nos últimos anos também viemos a direcionar nossos recursos internos a setores distintos. Fiquei muito satisfeito, por exemplo, quando fomos uma das empresas que fez questão de ajudar a prefeitura a reconstruir partes da cidade, durante aquele caos causado por aquele sociopata, qual era o nome dele mesmo?



- Era..



- Agradeço que queira responder Rodrigues, mas não precisamos tanto assim relembrar tragédias como essa. O ponto que quero chegar, é que realmente se há algo que o mundo exige, é evolução. E parte da evolução, vem de indivíduos como vocês.



[Fernanda] - Imagino que se refira a jovens então.



- Pode ser. Os jovens são sempre vistos como o futuro, mas eu iria além: o futuro, vem com o espírito da juventude. O desejo de questionar, o desejo de fazer, o desejo de querer sair do lugar comum! Todos nós temos isso, só que muitas pessoas deixam que isso escape delas, achando que não podem evitar.



- Esse espírito, isso é um diferencial. O espírito jovem não se curva ao peso dos anos, não é velhice...eu prefiro, juventude acumulada. Esse é o espírito que essa empresa carrega. Rodrigues?



- Os últimos resultados demonstram um aumento de mais de 50% em nosso valor de mercado no último ano fiscal.



- Obrigado pelos dados, mas continuando: ainda que sejam ótimos, dados são "apenas" números. E números, são apenas consequências de escolhas. Nem sempre elas são boas, é verdade, mas lembrem-se disso: as vezes, você nunca vai ter garantia de algo, até decidir tentar. Saber até quando entrar ou sair da zona de conforto, é o que pode diferenciar um vencedor...do resto.



- Mas enfim, apenas um conselho de minha parte. Todos aqui tem um potencial incrível...alguns, talvez até além das próprias expectativas, dizia ele, enquanto olhava para um canto dos alunos. Fernanda e Pedro estavam ali.



- Agora, Rodrigues irá continuar com vocês. Espero que se divirtam.



- Bem pessoal, vamos seguir a partir daqui agora.



Nesse momento, toda a sala continuava o percurso, e Pedro não seria diferente - no entanto, algo faria isso acontecer com um pequeno atraso.



- Hey, garoto.



- Ah, eu? 



- Isso mesmo.



- Ah, o senhor gostaria de falar comigo?



- Não se preocupe, eu sei que você está aqui a passeio. Qual o seu nome?



- Pedro.



- Você teve uma coisa boa que pude notar, Pedro. Iniciativa. Ela anda em conjunto com o querer, e sem ela...nada sai dele.



- Realmente. Não pensei que alguém iria me destacar aqui por isso.



- São pensamentos como esse, que diferenciam as pessoas, Pedro. As vezes elas tem medo de dar o primeiro passo, apenas pra se arrependerem, que alguém fez isso primeiro. Pode parecer muito pra pouco nesse caso, mas a vida me mostrou que pode ser justamente o contrário, respondeu ele. O mesmo nesse momento colocou a mão sobre o ombro do garoto, surpreso, antes de dar um sorriso.



- Ah, obrigado pelas palavras, senhor, disse Pedro, com um sorriso.



- Imagine. Na verdade, você me lembra um pouco como eu era quando tinha a sua idade. Não sabia como reagir quando alguém me destacava rs.



- Bem, eu acho que tenho de ir agora.



- Claro. Bom passeio.



Pedro se retirou dali, em busca de acompanhar o resto da turma. O outro apenas observou isso sorrindo, antes de se voltar ao que estava fazendo em sua sala.



[Fernanda] - Aonde você tava?



- Bem, aquele cara quis conversar comigo! Tipo...por eu ter falado algo.



- Ah, legal....



- Esse "legal" soou estranho.



- Ah, não é nada. Eu só...tive uma sensação estranha com aquele cara. Mas deve ser coisa minha. 


Algumas horas se passaram desde o fim daquele passeio, e agora Pedro se encontrava na casa de Fernanda. Ambos estavam sentados no sofá da sala, enquanto o pai da garota estava no quintal.



- Ah...



- Sim?



- Fernanda, aquilo ali do lado da mesa é uma...coleira?



- Oh, é mesmo [ela a pega e a deixa perto de si].



- Vocês não tem cães pra precisar disso.



[Ela olha daquele jeito para ele]



- ....Ah não, não, não, isso não vai rolar.



- Eu não disse nada...[riso].



- E precisa? Essas suas manias já tão ficando estranhas, eu não vou usar isso...



Nesse momento, ela se aproximou dele, para falar baixo no seu ouvido:



- Quem disse que é você que vai usar?



- 😳 ....Ah, ok, vou PENSAR no seu caso...



- Pensar é...vou fingir que acredito...



- Isso que seu pai tá ali, imagina se não tivesse.



- Ouvi dizer que ele vai ter de sair depois pra resolver algumas coisas. Dá pra fazer bastante coisa em uma hora ;)



- O que eu faço com você?



- Eu tô brincando, seu chato kkkk. Com um pouco de verdade...



- E quanto dessas provocadas é verdade? 😂



- Porcentagem nunca foi meu forte, respondeu ela, antes de encostar a cabeça no ombro do mesmo.



- Bem pombinhos, vou ter de resolver umas coisas, e já volto.



- Sem problema, pai, tomamos conta da casa.



- Pode deixar, Sr. Walther.



- Ótimo, até já, respondeu ele ao fechar a porta para sair.


- .......


- .......



- Você ainda tá pensando naquela idéia né?



- Porque não estaria?....Mas por enquanto, eu vou ficar aqui [sorriso].



- Hum...justo [sorriso].


- Pensei que eu já estaria solto a essa altura...



- Algumas coisas tinham que ser vistas primeiro.



- [Riso] ....Isso vale para os outros?



- Você pode imaginar. Gosto de trabalhar com garantias [ele aperta o botão e abre a jaula].



- .....Preocupado comigo?



- Nem tanto. Você é parecido com a outra opção que eu tinha. Kasady.



- Ele não atendeu as expectativas?



- Digamos que ele não era muito...flexível.



- E eu por acaso seria? [Ele se aproxima, tentando intimidá-lo].



- [Riso] .....É o que me parece, respondeu ele, ao se dirigir a outro lugar, aonde já estavam os outros.



- Então, qual é o plano prático?



- Eu poderia dizer que seria algo mirabolante, mas não. Isso não é pra ser um show....mas talvez seja.



- Planos sempre envolvem riscos, Nélson.



- Connors dizia isso?



- Sim, ele dizia. Não posso discordar dele nisso. Agora, eu digo o que ele não diria. E faço o que ele jamais faria.



- Não tenho dúvidas disso.



- Mas então, Nélson. O que nós vamos fazer, afinal?



- ....Retribuir, essa é a palavra. Uma última noite, antes disso. Pois depois dela, é que começa. A vez que nós vamos escrever a história.



- [Sorriso sádico] Com você só aqui, é claro.



- .....Não exatamente. Em meio a tanta familiaridade, o nosso amiguinho também merece uma surpresinha no caminho. Espere, e verá.



- É o que vamos ver, dizia o outro, enquanto tomavam rumos distintos, ao ver Nélson abrindo a porta de saída para se retirar da área.



- Sim. É o que vamos ver.


Continua


Por: Riptor

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