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E aqui estamos nós, meus caros. Chega a ser engraçado pensar o quanto de coisa aconteceu entre o então cancelamento da série original do Demolidor, até chegarmos em Renascido. Era difícil crer que um personagem como esse não continuaria sendo de interesse da Marvel, ainda que em planos até então um pouco diferentes. No fim das contas, tivemos uma real integração para o bem ou para o mal, em alguns casos desse universo de séries da Netflix, com o resto do MCU. Uma integração, aliás, que vai além do que apenas mencionar eventos - mas realmente integrar tudo aquilo que nos tornou familiar antes no processo.

Começando algum tempo após os eventos da 3° temporada da série anterior, Matt, Foggy e Karen agora administram seu escritório de advocacia juntos. O início da série exalta a química estabelecida anteriormente entre eles, quase como se não tivéssemos tido um espaço de tempo tão grande desde a última vez que os vimos. É gratificante ve-los juntos, com suas vidas acertadas, sabendo o que já tiveram de passar. Mesmo que, igualmente, não demore para sabermos que uma tragédia estará lá para quebrar tudo isso em pedaços - nesse caso, na forma do Mercenário. 



Com alguns truques envolvidos, ele atira em Foggy pouco antes do herói voltar da onde foi para salvar Karen, e a partir desse momento, temos a tradicional ação brutal - vale notar como os sentidos de Matt foram visualmente retratados, rastreando os batimentos cardíacos de seu melhor amigo enquanto ele lutava contra seu adversário. Infelizmente, Foggy morre, no que também resulta em uma cena de Matt jogando o Mercenário de um prédio com a clara intenção de matá-lo, assim como desistindo de ser o Demolidor, resultando em um início sombrio. Avançando um ano depois, a morte de seu amigo ainda o assombra, ele não é mais um vigilante, ele se afasta de Karen, agora indo para São Francisco, e mesmo que tenha obtido sucesso com um novo escritório de advocacia, sua felicidade foi arrancada. E tudo isso, só precisou de um mísero tiro para acontecer.

Mesmo que em seu próprio contexto, a vida de Wilson Fisk também não está ausente de demônios internos - e como poderia? Recuperado do colapso que sofreu em Eco, e decidindo concorrer à prefeitura de Nova York, Fisk sabe que pode exercer ainda mais poder e, potencialmente, tornar seus negócios ainda mais lucrativos do que eram antes. Sua ausência, aliada à seu novo status quo, no entanto, também causa um atrito evidente com Vanessa, já que sua esposa teve de comandar seu império criminoso enquanto ele estava fora. É bem válido notar como tanto Murdock quanto Fisk são retratados como pessoas passando por algumas coisas muito semelhantes internamente, mesmo que eles se manifestem de maneiras completamente diferentes. O momento que ambos se encontram, se provocam sutilmente, como forma de aliviar seu claro desconforto diante de tal cenário, mas também parecendo demonstrar algum tipo de "respeito" com tom de ameaça, deixa claro como algumas coisas nunca vão totalmente embora.

Mas enfim. Como prefeito eleito de Nova York, Fisk comenta sobre como a cidade não precisa de vigilantes, o que dá pano para termos foco no caso de Hector Ayala, o Tigre Branco - indo em direção ao perigo para salvar um homem de ser espancado, apenas para descobrir que os agressores eram policiais disfarçados, com um caindo na frente de um trem, deixando sua situação bem mais inesperada. O envolvimento do próprio Matt, também um vigilante, em seu caso de defesa abre o válido ponto de quanto ele estaria fazendo isso não só por justiça, mas também para lidar com seu próprio passado naquela mesma posição. E, ao final do segundo episódio, vemos que a coisa ainda deve aumentar de figura, quando vemos policiais dispostos a apagar a única testemunha que pode tirar Hector da cadeia.

Com um começo questionador e intenso, Demolidor: Renascido de fato nos traz de volta a esse núcleo urbano, nos relembrando que ser um vigilante sempre nos cobrará um preço - e que alguns dos piores sempre podem estar apenas esperando para aparecer no momento oportuno, não importa quanto tempo seja necessário. Bem vindo de volta a Hell's Kitchen.

Por: Riptor