quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Complicado

 


Como não poderia ser diferente, a nova temporada de 'Monstro' (A História de Ed Gein) estreou na Netflix já gerando controvérsia - incluindo nos bastidores de Hollywood.



Osgood Perkins, famoso diretor de terror e que também é filho do lendário astro de Psicose, Anthony Perkins, declarou publicamente que não assistirá à série. Em uma entrevista recente, o diretor foi enfático: "Eu não assistiria nem com uma vara de 3 metros".



O motivo para a recusa de Perkins é profundamente pessoal. A nova temporada da antologia de crimes reais de Ryan Murphy retrata seu falecido pai, Anthony Perkins, em seu segundo episódio. Na trama, Anthony (aqui interpretado por Joey Pollari) é mostrado como um ator gay enrustido no início de sua carreira.



A série o exibe em um suposto relacionamento secreto com o ator Tab Hunter, enquanto descobre que conseguiu o icônico papel de Norman Bates em Psicose. O episódio ainda sugere uma suposta interação tensa com o diretor Alfred Hitchcock (Tom Hollander) que insinuaria ter escalado Perkins porque ele, assim como o assassino Ed Gein, tinha um "segredo que o deixava doente". Além disso, a produção ainda menciona que o ator teria se encontrado com uma psicóloga que teria sugerido uma "terapia de conversão".



Na vida real, Anthony Perkins nunca falou abertamente sobre sua sexualidade, e permaneceu casado com sua esposa, Berry Berenson, até sua morte em 1992, aos 60 anos, devido a complicações relacionadas à AIDS. Osgood Perkins não chegou a comentar sobre a precisão da interpretação de seu pai, justamente por não ter assistido (e nem tendo qualquer interesse) de assistir à produção. No entanto, aproveitou a oportunidade para criticar duramente o que chamou de "Netflixização da dor real".



O diretor argumentou que os serviços de streaming transformaram o gênero de true crime em uma indústria própria, tentando regularmente dar a esses eventos trágicos "conteúdo glamoroso e significativo". Perkins expressou preocupação de que a cultura moderna esteja sendo "remodelada em tempo real por 'Overlords'", e temendo que o conteúdo seja "cada vez mais desprovido de contexto".



Ao invés disso, Osgood diz que deseja que as pessoas protejam a verdade sem simplificá-la, bem como "espreitar por trás do véu do incognoscível e amar uns aos outros através de arte nova e expansiva".



A série de Ryan Murphy, vale lembrar, sempre teve uma recepção polarizada por parte da crítica por questões do tipo, incluindo uma suposta "glamourização" envolvendo nomes polêmicos por trás de atrocidades inimagináveis. Ainda assim, a Netflix tem em sua 1° temporada (Dahmer: Um Canibal Americano) um de seus maiores sucessos, e a mesma já foi até renovada para sua 4° temporada.



É em momentos assim que podemos nos perguntar o quanto a desgraça alheia sempre tem apelo popular. E de como isso nunca saiu realmente de moda.



Por: Riptor

Fonte: O Vício

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