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Gerar expectativa em alguma coisa é algo sempre natural, e até mesmo inevitável - mas dependendo de como isso ocorra, isso também ainda pode gerar um certo baque que é impossível de dizer que não está ali. Eu diria que essa é a melhor definição envolvendo o 8° (e último) episódio da 2° temporada de Pacificador. Um episódio que, por mais que narrativamente cumpra o seu papel, ainda tem de lidar com algo muito fermentado durante sua antecipação. Sim, James Gunn, eu tô olhando pra você.
Óbvio, nada mais justo que ele quisesse animar o público. Mas o cara hypou tanto esse final de formas tão acentuadas (e ainda acabou sendo o motivador de inúmeras teorias) que acabou se tornando algo que, se não fosse ao menos alguma dessas míseras coisas, já geraria automaticamente uma certa decepção. Teorias naturalmente não tem qualquer obrigação de se tornarem reais (faz parte do jogo, afinal) mas aqui é um caso onde parte disso realmente poderia ter sido amenizado se não fosse por um hype particularmente excessivo em algo que, por mais relevante e interessante que realmente poderá ser, ainda não é exatamente o que se estava esperando, e isso por si só claro que gera uma frustração. Estou começando isso dessa forma porque é totalmente justo que se entenda o lado honesto das pessoas que realmente acabaram se sentindo assim de toda forma (porque dessa vez) esse tipo de situação não veio apenas delas, como muitas vezes acontece em projetos por aí. Um hype irreal que dificilmente seria cumprido. Dessa vez, o próprio criador da série também não se ajudou com isso.
Mas enfim, entendido essa parte, não é como se o episódio final não fosse realmente relevante para o futuro do DCU - e agora fica claro que Gunn certamente não apelidou a temporada como um prequel para Homem do Amanhã atoa. Mas, vamos por partes!
Tendo terminado o capítulo anterior preso e sendo levado para a prisão, o episódio começa bem antes desses eventos, mostrando exatamente o que aconteceu no encontro que Chris e Harcourt tiveram que foi mencionado ao longo da série, que termina com os dois indo a um barco onde a banda Nelson está se apresentando. Harcourt acaba se entregando ao momento (dança com Chris) antes de os dois se beijaram pela primeira vez, mesmo que não dure tanto quanto Chris gostaria, pois ela se arrepende disso no meio e sai correndo. Harcourt tem muita dificuldade de se relacionar com outras pessoas, mas vemos que ao seu modo, realmente ama Chris.
Após a abertura, se o que antes até aqui ainda poderia ser considerada uma missão para impedir o Pacificador de causar o mesmo problema que Luthor causou a Metrópolis, transformou-se agora em uma clara obsessão de Rick Flag Sr. por algo na câmara de desdobramento quântico. Flag passa até a sacrificar agentes da ARGUS para encontrar algo misterioso para ele e Luthor (inclusive usando a sua equipe inteira da LuthorCorp, que já havia aparecido em Superman) e logo começa a levantar suspeitas sobre suas verdadeiras intenções. É vendo esse cenário que descobrimos o que estava sendo tão buscado: um planeta de uma dimensão habitável que possa ser transformado em uma prisão para metahumanos. Rick batiza o local de 'Salvação', e convence o governo a utilizá-lo oficialmente.
Nos quadrinhos, Salvação foi um arco de histórias publicado antes de Crise Final (2008), onde Amanda Waller e Rick Flag utilizaram seus meios para capturar os supervilões mais perigosos e deportá-los para fora do planeta. A ideia era que eles não seriam presos ilegalmente nem sentenciados à morte, mas simplesmente exilados a milhares de anos-luz de distância, onde seriam incapazes de continuar ferindo pessoas. A dupla, no entanto, julgou o tal planeta de forma equivocada: o que parecia um lugar pacífico e habitável, era na verdade um mundo repleto de bestas, usado pelos Novos Deuses de Apokolips como um "planeta de treinamento". Dessa forma, os vilões que foram exilados por lá são forçados a viver em comunidade se quiserem ter alguma chance de escaparem, com Lex Luthor assumindo um papel de liderança para isso.
Dentro do contexto da série, Rick diz que a prisão servirá "apenas para desafogar" Belle Reve e Arkham de criminosos perigosos, mas como antecipado, isso serve mais como uma desculpa. É bem provável que apenas o conceito dos quadrinhos seja utilizado no DCU, mas o Planeta Salvação sem dúvida terá implicações políticas delicadas, a começar pela sequência de Superman. Parece uma aposta segura que, por mais que esteja envolvido com a idéia, Luthor também acabará sendo preso no lugar, forçando-o a unir forças com Clark se ambos quiserem escapar.
Voltando para o lado de Chris, após se recusar a receber visitas na prisão várias vezes, o Pacificador recebe a notícia de que Adebayo pagou sua fiança e vai embora, ainda que não queira encarar os amigos novamente, iniciando assim uma road trip por hotéis próximos de sua casa, até ser encontrado por eles. Em um momento particularmente honesto entre os 11th Street Kids (com destaque para Adebayo) eles acabam o convencendo que apesar de tudo, Chris pode decidir por si mesmo o que é verdade ou não sobre ele - bem como convencê-lo a se juntar a um certo projeto. Como não podia ser diferente, Chris mais uma vez questiona Harcourt se aquele beijo tinha significado algo, mas dessa vez ela tem realmente uma resposta honesta: "Significou tudo".
Lembra que Adebayo estava desde o começo da temporada tentando emplacar uma agência de inteligência privada? Pois bem, ela realiza esse sonho no final do último episódio, após convencer Adrian a deixá-la usar o dinheiro apreendido em seu galpão para fundar nada menos que a Xeque-Mate. Nos quadrinhos, se trate de uma agência de inteligência ultrassecreta do governo, que lida com ameaças frequentemente envolvendo metahumanos e outras agências de espionagem, sendo em algumas fases específicas até ligada à ONU.
O fato da Xeque-Mate do DCU ser uma agência privada talvez seja a maior diferença em relação à versão tradicional do grupo. Sendo assim, os membros fundadores da mesma aqui são Adebayo, Harcourt, Pacificador, Vigilante, Economos, Sasha Bordeaux (que após ver para onde as questões de Flag estavam indo, ainda mais sendo uma metahumana, decide sair da ARGUS), Mestre Judoca e...o Fleury. Quer dizer, acho que depois que você vê um colega de trabalho com o rosto f*did0 e o pessoal de cima não dando a mínima, realmente é melhor pra qualquer um sair fora de uma cilada dessas.
Enfim, tudo parece se realinhar, mas é aquilo: ainda mais agora como um agente da Xeque-Mate, o Pacificador estava levando uma vida fácil demais. É então que Rick Flag o sequestra e o joga no Salvação, antes mesmo de qualquer super-vilão ser transferido para lá, como forma de "testar" o lugar. Sim, sabemos que Chris nem mesmo é um metahumano, mas é claro que Rick a esse nível está pouco se importando com isso, e o coloca lá ainda usando da desculpa de vingança pela morte de seu filho.
E é assim que a temporada acaba: o Pacificador agora está preso em um planeta e dimensão desconhecidos (e pelos sons ouvidos nessa cena, claramente habitados por coisas nem um pouco pacíficas), e que deve ter um natural grande impacto na trama da próxima aparição do Homem de Aço. Além disso, com Chris tendo sido sequestrado, parece muito provável que também vejamos o Xeque-Mate novamente relativamente em breve, investigando o paradeiro de seu agente. A Corrida da Salvação já começou.
Por: Riptor
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