Três vezes vencedor do Oscar, James Cameron se pronunciou sobre a aquisição da Warner Bros. Discovery pela Netflix, admitindo preocupação especialmente pelos impactos que esse movimento pode causar no cinema tradicional e nas janelas de exibição.
O cineasta, em entrevista ao Deadline, deixou claro que não pretende “ficar parado”.
“Não é segredo que a Netflix, de certa forma curiosa, precisou fazer concessões a alguns cineastas, como Guillermo del Toro, para manter um pé no cinema. Mas, também não é segredo que eles querem substituir a experiência cinematográfica”, afirmou ao site.
“Talvez isso aconteça, eu não sei. Talvez eu seja um dinossauro. Mas acredito que há algo sagrado na experiência de ir ao cinema, e que a facilidade e o amplo acesso do streaming não são a resposta completa. Talvez o universo se ajuste a esses dois princípios. Mas, você não pode simplesmente passar por cima do cinema até ele deixar de existir, e vou continuar me opondo a isso.”
Co-CEO da companhia de streaming, Ted Sarandos se posicionou publicamente a favor da exibição cinematográfica, especialmente para títulos da WBD.
O executivo, ainda assim, têm preferência por uma janela de apenas 17 dias nos cinemas — muito distante dos 45 dias desejados pelos exibidores.
"Talvez a Netflix mude seu jogo quando também tiver a responsabilidade pela sobrevivência do cinema. Se vencerem isso, se tornarão um grande estúdio, e passaremos a ter metade dos grandes estúdios que existiam quando entrei na indústria. Isso vai se resolver, mas estou firmemente do lado de manter a experiência cinematográfica viva. Claramente, faço filmes principalmente para isso.”
O diretor ressaltou que boas histórias funcionam em qualquer formato, mas não da mesma forma.
“Um bom filme funciona em qualquer tela porque uma boa história é uma boa história. Você pode assistir na menor tela possível, e ainda assim será uma boa história. Mas não significa que seja a mesma experiência.”
E citou Avatar: O Caminho da Água (2022) como exemplo. O segundo filme da franquia de ficção científica arrecadou US$ 2,3 bilhões ao redor do mundo, com lucro estimado em US$ 531 milhões após todas as receitas auxiliares.
“Você não chega a esses números, Netflix, com uma janela de 17 dias nos cinemas.”
Por fim, apontou para a duração de Avatar: Fogo e Cinzas (3 horas e 15 minutos), reforçando a visão artística.
“A forma como esse filme foi feito para ser apreciado é no cinema, em 3D, em um fluxo ininterrupto de consciência por três horas, porque é assim que a emoção passa por você de um jeito que jamais acontecerá em uma tela menor, com interrupções.”
"Quer dizer, no momento em que você tem um controle remoto na mão e pausa o filme, já perdeu metade do impacto. Pronto. Nunca tinha dito isso de forma tão direta."
POR:Marcilio
FONTE:Ovicio

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