Chadwick Boseman já despontava como um dos principais nomes de Hollywood antes mesmo de Capitão América: Guerra Civil e Pantera Negra.
O sucesso do herói de Wakanda, no entanto, o colocou definitivamente no patamar de astro global, e todos concordavam que havia um futuro promissor em grandes premiações.
A trajetória do ator, porém, foi interrompida de forma trágica em 2020, após uma batalha silenciosa e prolongada contra um câncer no cólon. Sua morte abalou o mundo e deixou a Marvel Studios diante de um enorme desafio criativo: como seguir em frente sem o intérprete de T’Challa para a sequência da franquia.
A decisão foi não substituí-lo.
Nos eventos de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (2022), Shuri assume o manto, e retornará tanto em Vingadores: Doutor Destino quanto Guerras Secretas.
Em entrevista ao podcast Happy Sad Confused, Ryan Coogler contou como foi lidar com a situação.
“Eu terminei o roteiro e falei com ele para ler. Ele estava doente demais para conseguir ler, irmão. Foi assim que o tempo se alinhou. Ele estava em um ponto em que isso não ia acontecer. Nossa relação era muito interessante. Ele significava muito para mim. Só depois da morte dele, pela família e pelos amigos, eu descobri o quanto eu significava para ele. Fiquei me perguntando se ele sabia o quanto significava para mim. Ele me protegeu de muita coisa. Nossa relação era muito de proteção, sabe?”
Coogler contou que, durante as filmagens do longa original, vivia com medo de ser demitido, e que Boseman frequentemente o tranquilizava.
“Nos dias mais difíceis, eu estava convencido de que ia ser demitido. Eu dizia isso o tempo todo. Se os atores demoravam para sair da maquiagem, eu falava: ‘Vocês têm que correr, senão vão me demitir’. Um dia, ele me puxou de lado e disse: ‘Para de falar isso’. Eu respondi: ‘Cara, eu realmente sinto isso’. Ele olhou para mim e disse: ‘Olha pra mim, irmão. Eu nunca deixaria isso acontecer com você. Nunca deixaria’. Olhando para trás, ele estava sempre me protegendo.”
O cineasta também falou do impacto pessoal da perda do ator.
“Uma das pessoas mais fortes que eu conheci teve sua força tirada por essa doença. Isso me destruiu. Provavelmente de forma irreparável, para ser honesto. Mas eu amava aquele roteiro. Coloquei tudo naquela versão do filme. Eu sentia que tinha começado a entender Chadwick como ator. Joguei muita coisa em cima dele no primeiro, mas percebi que só estava arranhando a superfície. Era algo como, 'Agora sei do que ele é capaz'. Eu ia levá-lo ao limite.”
Coogler, então, revelou detalhes da trama descartada, que colocaria T’Challa e seu filho no centro da história enquanto Wakanda enfrentava a ameaça de Namor.
“Era um roteiro de cerca de 180 páginas, cheio dessas cenas. O grande conceito era algo chamado ‘Ritual dos Oito’. Quando um príncipe completa oito anos, ele precisa passar oito dias na selva ao lado do pai. Durante esses oito dias, eles ficam sem ferramentas. O príncipe tem que obedecer tudo o que o pai pedir. Mas a regra é que, nesses oito dias, o príncipe pode fazer qualquer pergunta ao pai, e o pai é obrigado a responder.”
Durante esse ritual ancestral, Namor lançaria um ataque contra Wakanda.
“Ao longo desses oito dias, Namor inicia um ataque. T’Challa teria que lidar com alguém extremamente perigoso, mas, por causa do ritual, o filho teria que ficar grudado nele o tempo todo. Ele estaria negociando, lutando, e o filho teria que estar ali, ou ele teria que quebrar um ritual que nunca havia sido quebrado. Esse era o filme... Com Wakanda Para Sempre, tive a chance de fazer um filme sobre mulheres. Eu amo a versão que entregamos.”
Mesmo com as mudanças forçadas pelas circunstâncias, Wakanda Para Sempre foi bem recebido pela crítica e arrecadou US$ 859 milhões nas bilheterias mundiais.
EXTRA;
É bem sabido que Ryan Coogler tentou incluir Kraven em Pantera Negra (2018), mas nunca houve um veredito sobre quem de fato vetou a ideia: se foi a Marvel ou a Sony.
Participando do Happy Sad Confused, o diretor finalmente esclareceu a situação, revelando que o "não" veio da Sony Pictures, que detém os direitos do Homem-Aranha.
Segundo o cineasta, a Marvel apoiou a sua decisão criativa, mas a Sony achou que não seria uma boa ideia gastar o vilão do Homem-Aranha no filme de outro herói.
Curioso que, no fim das contas, a Sony preferiu gastar Kraven em um filme solo 'brilhante', que se tornou o maior fracasso da história da franquia do Homem-Aranha.
POR:Marcilio
FONTE:Ovicio

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