Por mais que a Marvel Studios esteja agora apostando com entuasismo na ideia de seriados para o Disney+, não é novidade que o investimento em programas televisivos baseados em seus personagens, ocorriam nos últimos tempos bem antes da plataforma existir. Até era passada a ideia que essas séries eram, realmente, ambientadas no mesmo universo dos filmes (seja com referências), ou mesmo no caso de Agents of S.H.I.E.L.D., aparições de personagens como o próprio Nick Fury, Lady Sif, além do próprio Agente Coulson, como um dos protagonistas.
Mas essa ilusão não durou muito, já que ficava cada vez mais explícito como a Marvel Studios simplesmente ignorava qualquer acontecimento que ocorria nas séries da antiga Marvel TV (chefiada por Jeph Loeb), e vice-versa. Não apenas pelos seriados do Disney+, de fato com dedo da Marvel Studios, serem tratados como "o começo de fato" da expansão da franquia no ramo televisivo, mas também agora por coisas como a inclusão até mesmo de Agents of S.H.I.E.L.D. (e Agent Carter) na categoria do catálogo do D+, intitulada "Marvel Legacy". A mesma categoria conta, por exemplo, com os filmes dos X-Men produzidos pela Fox.
Ou seja, projetos que oficialmente não fazem parte do cânone oficial do Universo Cinematográfico Marvel. E obviamente, o mesmo vale para as séries da Marvel TV/Netflix (ainda que haja especulações de um possível reaproveitamento de alguns atores de lá para os mesmos personagens em versões diferentes), como Charlie Cox e Vincent D’Onofrio:
A "jogada" desses seriados pra debaixo do tapete nem seria apenas por Feige não ter tido envolvimento neles, mas também, por causa do antigo Comitê Criativo da Marvel. O mesmo era formado pelo então CEO da Marvel Entertainment (Ike Perlmutter), por Alan Fine (que veio "no pacote" junto com Perlmutter), o quadrinista Brian Michael Bendis, Dan Buckley (então editor da Marvel Comics, que foi posteriormente promovido para presidente da Marvel Entertainment), e por Joe Quesada, também então editor-chefe da Marvel Comics e Chefe Criativo da Marvel, até ser renomeado para o cargo de vice-presidente executivo, e diretor de criação. Todos eles eram bem relacionados com Loeb, incluindo Perlmutter, do qual Feige claramente nunca chegou a trocar flores.
O então CEO formou fama de interferir nos filmes da Marvel Studios, e por ter diferenças criativas frequentemente com Feige, que tinha de responder diretamente à ele (o que causou diversos empecilhos na produção de filmes como Homem-Formiga e Vingadores: Era de Ultron), que acabaram sendo o estopim para que houvesse uma reorganização na casa. Perlmutter também foi o responsável pelo claro boicote que Mutantes e o próprio Quarteto Fantástico sofreram por um tempo nos quadrinhos, simplesmente pela Marvel não ter até então os direitos cinematográficos deles.
Ele também teria "forçado" a inclusão naquele momento do filme dos Inumanos durante a apresentação do calendário da Fase 3, além de não ir com a cara da ideia de filmes do gênero protagonizados por mulheres, ou mesmo negros, já que supostamente "não dariam dinheiro". Ainda houve o caso envolvendo o já conhecido recast do Máquina de Combate para Homem de Ferro 2, onde o mesmo disse que ninguém notaria porque "todos os negros têm a mesma aparência". "Nós estamos nessa jornada da Marvel, desde O Soldado Invernal. E aconteceram alguns pontos na história de Capitão América: Guerra Civil, que causaram uma verdadeira guerra civil dentro da Marvel. Eu penso que tem já alguns anos que o Kevin [Feige] estava absorvendo essa ferida infligida sob a companhia. A Marvel Studios é muito mais saudável, e feliz de se trabalhar", declararam em uma ocasião, Anthony & Joe Russo, sobre o assunto.
Por sua vez, o antigo Comitê Criativo da Marvel (e a Marvel TV) claramente priorizavam seus próprios trabalhos de quadrinhos como meio de inspiração: Agents of S.H.I.E.L.D. era bastante influenciado pelos quadrinhos de Bendis (os seriados da Netflix nos favoritos de Quesada), e Loeb chegou a substituir o Nova nos quadrinhos (no caso pelo Nova Sam Alexander, do qual ele criou junto com Ed McGuinness), para que ele pudesse ser usado em projetos de animação. Há também o fato que Bendis cancelou (e controlou) os quadrinhos dos Guardiões da Galáxia em 2008, quando a autorização para a produção de um filme da equipe tornou-se conhecida, ao demitir os roteiristas que iriam inspirar o projeto.
Por: Riptor
Fonte: O Vício; Torre de Vigilância
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