segunda-feira, 22 de novembro de 2021

FM Fics: 8.1


- Sim, eu já estou aqui. Eu falo com você depois.


- Boa tarde.


- Boa. Precisa de alguma coisa, amigo?


- Eu vim de fora, em poucas palavras, para ver uma certa pessoa que está aí dentro. Já houve uma comunicação interna para isso, recentemente.


- Entendi, eu vou verificar. Faz parte do processo.


- Claro.


- Pode me dizer o seu nome? 


- Patrick Mulligan.


- Tudo certo, Sr. Mulligan. Pode entrar.

- Ei, parece que você terá mais uma visitinha, nos últimos tempos.


- Quem....é?


- O que eu poderia dizer é que não é aquele cara das outras vezes (até porque eu não deixaria ele entrar), depois da última. Agora vai logo, já que se você não sabe, é falta de educação deixar visita esperando.


- Ele é todo seu, Sr. Mulligan.


- Agradeço. 


- Quem é você, e o que quer de mim?


- Detetive Mulligan, ao seu prazer (ou desprazer), porque não. O que se passa na sua cabeça, eu não tentaria adivinhar.


- Gostei da resposta...


- Já quanto à sua outra pergunta...digamos que não é só a lei daqui, que espera que tudo esteja nos conformes. E é aí que eu entro.


- E levando em conta que eis um detetive, pelo título, imagino que deve ter algumas perguntas para fazer, correto?


- Você parece até animado para acelerar o processo, se quiser saber.


- Oh, não! Não. Imagino que você seja um daqueles, que quer fazer passo a passo, tudo certinho, e eu não vou atrapalhar isso. Só fiz uma suposição, ainda que bem óbvia.


- Pois bem, vamos ver a sua ficha:

- Carlos Kasady. Nascido em Santa Maria. Aos 7 anos, matou o avô materno...ao colocar um escorpião em sua cama, que entrou dentro dele pela boca, enquanto roncava. 


- Ah, Vovô. Pior que ele era tão legal comigo. 


- Então porque o matou? 


- É que...bem, a prévia deve estar nessa ficha! Continue.


- Aos 10 anos, matou então a avó materna, empurrando-a de uma escada. 


- Agora sim. Vovó precisaria de companhia, então eu já garanti isso a ela. 


- Você não gostava dela?


- Alguém que pariu aquela filha dela, não merecia respirar.


- E tentou matar a mãe 15 vezes. Até que conseguiu aos 12 anos, quando ela foi atropelada pelo próprio carro do marido, que estava propositalmente solto.


- Aquela vadia não caiu fácil mesmo. Nunca levantou a mão para questionar aquele traste.


- E realmente você não é um bom exemplo de ter uma boa relação familiar, já que seu pai chegou um tempo após o crime, e você o apontou como o responsável, e ele foi preso por conta disso.


- Eu já ouvi que ele até foi espancado até a morte, quando alguns descobriram que eu era filho dele. Poderia me confirmar isso?


- E é isso mesmo.

- Ah, como eu queria ter visto isso!


- Continuando: desde então, acabou sendo realocado para um orfanato aos 13 anos, onde ficou até a maturidade. Teve alguns casos por lá, o que incluiu colocar fogo no lugar. Conta também com um número um pouco acima de 65 mortes, oficializadas. 


- Eu não poderia me lembrar para te dizer números exatos, dos quais vocês gostam de trabalhar. Mas com certeza, foi bem mais que isso.


- Há quem diga que você matou 182 pessoas, especialmente por conta da sua primeira fuga da prisão. Mas eu trabalho com contagens  provadas.


- Aonde eu quero chegar: eu não sei se você já ouviu por aqui, mas parece que alguns de cima, estariam pensando seriamente na idéia de...dar um jeito em você 'de fato', digamos assim. Esse tipo de rumor, ou não tão rumor assim, se espalha rápido.


- Eu já ouvi algo do tipo. Até agora, não aconteceu nada rs. 


- Imagino que para você, tanto faz não é mesmo?


- Eu poderia responder assim. Mas, para ser honesto, detetive. Eu ainda não posso morrer.


- E porque não? 


- As pessoas gostam de dizer, que elas devem ser elas mesmas, mas todos temem, quando certos assumem suas verdadeiras naturezas. 


- Como você?


- Não gostaria de soar convencido, mas sim. De todo modo, há claro as vantagens de se seguir essa ideia. Estar liberto, nesse sentido. Ser o que você é, e viver. Quem não faz isso, no fundo, é apenas um pedaço de carne ambulante, que vai tentar 'tapar' esses buracos, e fingindo que está tudo bem. As minhas 2 últimas visitas, eram exatamente de alguém assim.


- Um conhecido seu?


- Podemos dizer que...sim. Quebrado, com eu sendo um rabisco, que ele nunca tinha apagado totalmente, desde que ele tentou se meter no meu caminho. Ele pode não ter sentido no próprio corpo, mas fiz ele sentir de uma forma pior. Atingindo, o ponto fraco que muitos sempre vão ter: outra pessoa.


- E mesmo assim, ele veio te visitar.


- Na primeira vez, ele só queria passar a falsa impressão, de ter seguido em frente. Eu podia enxergar nos olhos dele, que era uma mera tentativa de cuspir na minha cara, como uma espécie de 'troco' pelo que eu fiz, já que eu estou agora preso. Se tivesse seguido totalmente em frente, mesmo, não teria gastado tempo para fazer isso.


- E então na segunda...

- Ele estava diferente. Mais uma vez, estava nos olhos dele...literalmente. Ele me encarou, e ainda me ameaçou. Que era pra eu rezar, que me dessem um jeito aqui, porque se não fosse o caso, e se eu não estivesse aqui ainda...acho que deu pra entender.


- Em outras palavras, ele teria mesmo seguido em frente, afinal. E demonstrou isso.


- E é justamente por isso, detetive. Que mais cedo ou mais tarde, eu irei atrás dele. E vou terminar, o que eu falsamente achei, que teria quebrado naquele dia. Que ele viveria atormentado, rachado...e no fim, ele vem aqui, para causar temor. 


- Eu posso te garantir: aquele desgraçado vai sofrer, o que ele deixou de sofrer. Vou mostrar, que era melhor ele ter feito eu achar que já tinha dado certo, se queria tanto aproveitar isso. E eu vou garantir a ele, que essa dor será permanente, pelo resto de sua vida putrefata. Depois disso,  morrer ou não, realmente não fará mais diferença.


- Bom, eu não vou dizer obviamente, um 'boa sorte', ou algo do gênero, mas só que talvez seja bom você já se acostumar, com essa última ideia. Rumores como esse que nós ouvimos, sempre tem seu fundo de verdade, por mais mínimo que seja. 


- Só me pergunto se fariam até o fim, antes que eu pudesse entregar o show.


- E porque não fariam? 


- Você não me parece um homem ingênuo, detetive. Por mais que quando ocorra uma tragédia mais expressiva do que o normal, todos demonstrem tristeza, indignação...a mídia, adora ficar em cima desses momentos. Reportando, sugando ao máximo, o que aquele assunto pode render. Porque a verdade, é que a desgraça sempre chama a atenção (mais até), do que alguns achariam normal. E eu, sou uma fonte viva disso.


- Eu não sei como, ou quando, mas eu vou sair daqui. E quando eu sair, Sr. Mulligan. Eu vou entregar uma verdadeira tragédia grega, do  qual todos vão olhar.


- Acho que já deu por hoje. Então antes de eu ir, obrigado pela colaboração, Sr. Kasady. Aliás, essa última parte seria uma chacina, ou algo do gênero?


- Rs. Você estaria sendo irônico comigo, por acaso? 


- Não, só tive um pequeno vestígio de curiosidade. 


- Você não tem uma idéia de fato, de quem eu sou, não é? Da onde você veio?


- Nova York. 


- Ah, isso explica....é que os ditos maníacos da sua terra, com certeza devem ser bem piores do que eu, não é. Tanto, que ganham até filmes. Se eu fosse de lá, será que você estaria sendo mais rígido? 

- Eu não subestimo gente como você, não importa da onde ela venha.


- Então devia se informar melhor, sobre quem você ficou conversando aqui. 


- Você poderia me ajudar nisso, então?


- Humm....você sabe, como eles me chamam aqui? 


- Você tem um apelido, certo. Não faço idéia. Qual seria? 


- Rs...





- Boa noite.


- Igualmente.







Por: Riptor

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