Através de uma mensagem enviada às equipes da PlayStation, Hermen Hulst, co-CEO da PlayStation Studios, confirmou que a Sony decidiu encerrar as operações da Firewalk Studios, responsável pela produção de Concord. A informação foi relatada primeiramente por Jason Schreier, jornalista da Bloomberg.
“Passamos um tempo considerável explorando todas as nossas opções”, declarou Hulst. “Depois de pensar muito, determinamos que o melhor caminho a seguir é encerrar o jogo permanentemente e fechar o estúdio. Quero agradecer a todos da Firewalk por seu trabalho artesanal, espírito criativo e dedicação".
A decisão, vale ressaltar, está longe de ser realmente uma surpresa para quem acompanhou o desastroso desempenho do game, que foi retirado do ar em menos de duas semanas após seu lançamento. Fundada em 2018, a Firewalk Studios era liderada por Tony Hsu (antigo gerente geral de Destiny na Activision), tendo sido adquirida pela PlayStation em 2023, após já haver uma parceria prévia para a distribuição do jogo.
O caso de Concord se tornou de maior repercussão não apenas pelo seu encerramento em um espaço de tempo pífio, mas principalmente por quanto teria sido gasto nele. De acordo com informações do Youtuber Colin Moriarty, fundador do Last Stand Media, o game teria batido um orçamento astronômico de aproximadamente US$ 400 milhões, com a maior parte do valor tendo sido investido pela própria Sony Interactive Entertainment.
Para efeito de comparação, Marvel's Spider-Man 2 custou US$ 315 milhões, enquanto The Last of Us Part 2 e Horizon Forbidden West ficaram em US$ 200 milhões cada. Na ocasião, Moriarty explicou que Concord estava em "uma forma ridícula" durante sua fase alfa, em 2023, e ainda precisava de trabalho significativo em elementos como integração e monetização - nesse momento, cerca de US$ 200 milhões já teriam sido gastos. Um trabalho significativo teve que ser terceirizado para estúdios externos, tudo para levá-lo a um nível 'aceitável' de qualidade, e nisso a companhia japonesa teria decidido injetar mais US$ 200 milhões na mesa. Moriarty afirma que esse valor total não incluiu a negociação da empresa para adquirir a Firewalk, que aconteceu em abril do ano passado.
Além disso, a produção teria enfrentado problemas de "positividade tóxica" (ou seja, alertas e críticas negativas nos testes) eram simplesmente ignorados. Na realidade, a cúpula da PlayStation (especificamente Hermen Hulst) acreditava que esse jogo tinha potencial de ser um grande sucesso, e até mesmo "no nível de Star Wars", sendo tratado internamente como "o futuro da companhia". Talvez a maior amostra visível dessa confiança seja a própria antologia animada Secret Level, da Amazon, onde um de seus episódios é justamente uma adaptação do jogo - o episódio ainda será exibido normalmente de toda forma, vale dizer.
Por fim, ainda que alguns jornalistas do ramo tenham chegado a dizer que não tinham informações sobre esse orçamento monstruoso, há evidências que deixam em aberto para que isso seja realmente verdadeiro. Além dos valores já mencionados, a produção foi distribuída por oito anos de desenvolvimento, sendo antes aparentemente um projeto da UnlikelyMonsters, incubadora que já teria colocado centenas de milhões de dólares em financiamento, conforme apontado por Subeg Dhaliwal, escritor do Lords of Gaming. Ele descobriu registros de marca no United States Patent and Trademark Office, indicando que a PeopleKnot, Inc. (antiga UnlikelyMonsters) havia iniciado o projeto.
Outro dado compartilhado é o número de desenvolvedores envolvidos: a página MobyGames lista 1.972 pessoas creditadas, número que supera em muito o real quadro de funcionários que a Firewalk Studios tinha, estimado em 150. A matemática de Dhaliwal reúne as duas levas de US$ 200 milhões que teriam sido oferecidas pela Sony, assim como o investimento supostamente garantido pela UnlikelyMonsters. Como mais de 10x a quantidade de devs teriam trabalhado no game, o orçamento poderia ser até maior que isso.
De toda forma, as descobertas de Dhaliwal não apenas validam as informações de Moriarty, mas também levantam questões sobre como foi a gestão durante o desenvolvimento do hero shooter. Estima-se que o jogo tenha vendido menos de 25.000 cópias - e ao contrário de alguns casos proeminentes do gênero, o jogo não era gratuito - seu preço estava na casa dos R$ 200 no Brasil, para se ter noção.
A parte mais tragicômica nessa história é que a própria Sony havia chegado a dizer que o jogo ainda retornaria ao ar com base no feedback obtido. Talvez ser possivelmente o maior fracasso na história da marca tenha sido um feedback verdadeiro demais.
Por: Riptor
Fonte: O Vício; MeuPlayStation; Critical Hits
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